Capitulo 11

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Bom, eu tinha que voltar para a empresa, então, assim que saímos da escola de mãos dadas a avisei:

-Vou levar você para casa e vai ficar com a mama. Quando eu voltar vamos ter uma conversa sobre o que aconteceu.

Ela paralisou onde estava.

-Não, mamãe! - choramingou - a mama vai ficar brava e me deixar de castigo.

Franzi o cenho para ela.

-Desde quando você fica de castigo, garota? Está maluca?

-Vocês disseram que as crianças ficam de castigo quando fazem o que não devem mesmo sabendo que não devem fazer e eu fiz - justificou.

Suspirei e a instiguei a voltar a andar.

-Você fez por uma razão, não porque é desobediente. Vamos conversar sobre isso mais tarde.

-Mas eu não quero que a mama saiba - insistiu - ela vai ficar triste comigo.

-Não vai não - a tranquilizei - aliás, foi você quem disse para ligar para mim? Você sabe que sua mãe ainda está em casa uma hora dessas.

-Eu achei que podia te convencer a não falar com a mama - a espertinha confessou - não quero a mama triste.

-Ué... e eu posso ficar triste? - perguntei.

-Está triste comigo? - ela perguntou, me olhando.

Tive que segura-la quando tropeçou e quase caiu por me olhar.

-Não. E a mama também não vai ficar triste contigo - garanti.

-Mas a mama chora o tempo todo! Eu não quero ela chorando de novo...

-Mas ela vai chorar - a avisei - não por estar triste com você, mas porque ela está sensível e porque é muito triste que aquelas crianças estejam mexendo com você.

-Ah, puxa... - suspirou, fazendo bico.

Nos aproximamos de casa e ela parou novamente.

-Não pode me levar com você? - perguntou, abrindo seu melhor sorriso banguela.

Eu ri.

-Você fica uma graça sem esse dente - comentei e ela fechou a cara.

-Por favor, mamãe - pediu - eu nunca fui no seu trabalho.

Um arrepio me subiu a coluna.

-Nem vai - a cortei - é perigoso para crianças. Vamos. Olha lá, é a mama chegando da ioga. Ela deve estar bem tranquila.

A instiguei que andasse novamente em direção a Carina, que destrancava a porta. Ela caminhou com um longo bico na boca.

Carina entrou na casa e minutos depois entramos também.

-Amor! - chamei e ela apareceu vindo do quarto com uma expressão confusa.

-Hey... o que as duas estão fazendo aqui? - perguntou.

Me virei para o pinguinho de gente desdentado.

-Vá guardar suas coisas no quarto - mandei.

-Está bem... - murmurou, desanimada.

Esperei que se afastasse para chamar Carina para perto.

-Me ligaram da escola - expliquei em voz baixa quando se aproximou - ela estava correndo e subiu em uma mesa, pulou e caiu junto com o dente dela. O importante é como isso aconteceu: estava fugindo de umas crianças que mexeram com ela.

Carina arregalou os olhos e levou as mãos a boca.

-Como assim, Maya? Tipo, ela tem seis anos! Nessa idade só sabem chamar uns aos outros de boboca e comer terra.

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