Capitulo 27

1K 129 153
                                        

TWITTER: @dani_savre






Feliz Natal?

Nós estávamos na casa de mamãe e papai, porque havíamos combinado de passar um ano com a família de Carina, outro ano com a minha, e essa era a nossa vez.

Claro, já havíamos passado na casa dos pais de Carina e combinado que almoçaríamos lá. Era cedo, mas boa parte de sua família já havia chegado para ajudar com os preparativos da ceia e babaram na barriga de Carina e se derramaram no "como ela está crescida!" para a coisinha.

Inclusive, uma de suas tias já arranjou um marido para a coitada que não gostou nem um pouco do melequentinho oferecido a ela. Carina diz que ela simplesmente o estranhou, porque costumavam brincar juntos quando eram menores, mas já devia fazer muito tempo para seu pequeno universo infantil ou ele simplesmente se tornou o que todos os meninos (menos o nosso filho) são: chato pra caralho.

E foda-se. Nossa cria não tinha idade para arranjar namoradinhos. Era uma vegetariana prodígio muito inteligente e de gênio forte.

Sim, ela ainda se negava a comer carne. Quero ver se iria se negar a comer a ceia.

-Dona Kathie, posso fazer a salada? - perguntou Carina, a barrigudinha da casa.

-Nada disso. Fique quieta, você já saracoteou demais indo e vindo da casa de seus pais logo após uma viagem exaustiva.

-Eu estou bem - garantiu - só quero ajudar e reforçar a salada com umas folhas que mandei Maya comprar, porque Cake não está comendo carne e precisa de mais nutrientes.

Minha mãe se virou para ela com as mãos na cintura.

-Como ela não está comendo carne? Por isso está tão magrinha!

-Vou dizer o mesmo que sempre digo aos meus pais: ela está perfeitamente saudável de acordo com seu pediatra, mas Maya e eu vamos retornar no início do ano para ver as recomendações dos médicos para balancear a dieta dela.

Carina era rigorosa, falou firme e forte com mamãe, que pareceu gostar, mas não tanto.

-Na minha época não fazíamos as vontades das crianças - falou - elas comiam o que mandássemos ou apanhavam.

-Mama, o jeito que criamos Cake é visivelmente diferente do modo que vocês nos criaram - me intrometi - estamos fazendo o que achamos correto. Carina, deixa que eu faço a salada, você está cansada de estar em pé a tanto tempo que eu sei.

Minha mãe e Carina me encararam e senti que as duas queriam me bater, mas me mantive firme.

Carina suspirou, dando-se por vencida e passando por mim em direção ao sofá, onde encontrou Stephanie para babar sobre ela.

Me aproximei de mamãe, que me passou uma tigela e cedeu espaço na bancada.

-Francamente, vocês realmente acham que estão fazendo o certo em fazer as vontades dela? - perguntou mamãe com um resmungo.

Queria admitir que não sabíamos o que estávamos fazendo, mas esse era o tipo de coisa que não podíamos falar para ninguém.

-Mama, pode ser difícil para você aceitar, mas uma criança de seis anos e meio pode ter princípios e temos que respeita-los e guiar ela para que não se perca no meio do caminho - falei - acreditamos nela e se ela acha que comer carne é errado e não concorda com nossos argumentos contrários, temos que compreendê-la.

-Hm... - ela fez - já entendi. Ela é daquelas crianças que questionam demais e são teimosas.

Suspirei.

With All My Soul Onde histórias criam vida. Descubra agora