Capitulo 21

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A segunda feira chegou depois que a pestinha quase não dormiu de ansiedade e animação. Queria até dormir vestida.

Quando o dia finalmente chegou, não deu trabalho para que se enfiasse em seu uniforme novinho, que consistia em uma saia preta e uma camiseta branca ou azul com o brasão da escola, dessa vez ela ia com a branca e combinava com sapatilhas e meião.

Antes de sair, a parei enquanto Carina pegava as chaves.

-Tenho algo para você - disse, me abaixando para ficar a sua altura.

Ela arregalou os olhos e sorriu.

-E o que é?

Puxei a caixinha que  Vic me entregou sexta feira e a abri, revelando um colar dourado com um pingente de uma pedrinha vermelha em formato de coração.

Carina surgiu bem na hora e parou ao ver a cena, nos observando.

Ela comeria meus rins antes de me matar, certamente.

-Que bonito, mamãe! - a criaturinha falou, tocando a ponta dos dedos na pedrinha vermelha.

Estendi os braços e prendi o colar em seu pescoço.

-É chamada berilo, mas alguns chamam de esmeralda vermelha, uma pedrinha que a mamãe procura quando está no trabalho e que é muito difícil de encontrar, o que faz dela muito rara, por isso, eu quero que você guarde ela debaixo na blusa, bem pertinho do coração - expliquei, guardando a joia dentro de sua roupa - é para te dar sorte e te proteger. E é para te lembrar de que eu sempre vou estar contigo e que você é a coisa mais preciosa que a mama e eu temos. Você me deu a honra de ser sua mãe e eu estou te dando meu coração.

Ela prestava muita atenção em minhas palavras, mas não sei se tinha consciência da dimensão do que eu dizia. Ainda assim, sorriu e me abraçou.

-Obrigada, mamãe - falou.

-Não conte e não mostre para ninguém, está bem? - pedi.

-Sim.

-É nosso segredinho - segurei suas mãos e as beijei.

-Está bem, eu vou guardar bem direitinho - prometeu.

-Tenho certeza que sim.

-Vá pegar sua mochila - mandou Carina e a praguinha saiu correndo - só para confirmar que eu não estou ficando louca e alucinando: você deu uma pedra super preciosa para uma criança de seis anos carregar no pescoço?

-Sim, isso mesmo - falei, me levantando para olha-la nos olhos.

-Em primeiro lugar, como arranjou isso? - perguntou, uma mão na cintura.

-Pedi a Vic que arranjasse - contei, me aproximando, a abraçando pela cintura do lado livre e beijando seu rosto - não foi difícil. Ela foi até uma das nossas áreas de lapidação e pediu em meu nome que uma fosse manipulada nesse formato.

-É precioso demais para ficar com ela assim - disse Carina, um tanto perdida - você acha que não sei? Eu já pesquisei sobre e são raríssimas! Bem mais que diamantes ou... É perigoso, Maya!

-Está tudo bem se ela não disser nada. Mesmo se ela mostrar, pode parecer que é só bijuteria, afinal, quem daria uma joia preciosa para uma criança de seis anos? Só louco! - sorri para ela, que me encarou.

A coisinha surgiu novamente com a mochila vermelha.

-Estou pronta - disse.

-Então vamos - disse Carina - dê um beijo na mamãe.

A menina veio e me abraçou.

-Tchau, mamãe.

-Boa aula, pestinha - beijei o topo de sua cabeça - guarde nosso segredo.

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