With All My Soul

Capitulo 24

twitter: @dani_savre

Boa leitura

A essa altura do campeonato eu já havia observado que os desejos de Carina consistiam em coisas estranhas, geralmente salgadas ou apimentadas - sendo que as apimentadas tínhamos que lidar com cuidado porque aumentava sua azia - mais alguns pedidos doces após o almoço.

Sorte que ela era uma cozinheira de mão cheia e quase sempre podia fazer seus próprios produtos de desejos, o que não tornou incomum que eu acorde às três da madrugada e encontre Carina na cozinha preparando alguma espécie de massa com fígado, manga, maracujá e queijo ou comendo uma melancia com pimenta.

Sorte, mas também tinha que ser tratado com cuidado, é o fato dela ser dona de uma rede de cafeteria e ter a disposição todo doce que despertava seu desejo, que a deixava inspirada para criar receitas novas realmente deliciosas - algumas -, mas precisava ser contido para não gerar algo grave, como uma diabetes gestacional ou mesmo a sensação de culpa pelo exagero.

Logo, ela comia pouquinho, mas o bastante para matar sua vontade.

Hoje, por exemplo, ela cismou que precisava ir na Cookies comer um docinho que ela não tinha como preparar em casa e, portanto, estávamos na rua pouco depois do horário do almoço.

-Tudo bem, Cake - ela disse - se você quiser pode escolher apenas um docinho como a mama e nada a mais.

-Mas eu posso ir desenhar? - perguntou.

Carina tinha montado uma área infantil há pouco tempo e estava sendo um sucesso para pais que iam com suas crias agitadas e só queriam tomar um café e comer algo em paz.

-Pode - autorizou.

Entramos na loja, que estava relativamente cheia para um horário tão próximo do almoço em um fim de semana. Procuramos um lugar e nos sentamos, sendo atendidas por uma Lucy que fechou a cara imediatamente aos nos ver.

-O que querem? - perguntou.

Carina franziu o cenho para ela.

-Por que está trabalhando hoje? - perguntou.

Lucy revirou os olhos.

-Não que seja da sua conta, mas a Sophia me vendeu o dia dela porque precisava ir a uma consulta.

-Hm... - fez Carina, em seguida fizemos nossos pedidos.

-Vou brincar - avisou a pestinha já escorregando do banco e correndo para o canto com mesinha e brinquedos.

Segurei a mão de Carina sobre a mesa e ela me olhou, sorrindo docemente.

-Você é linda - soprei para ela, que corou e baixou o rosto por um momento - ei. Psiu. Princesa.

Ela começou a rir, evitando me olhar.

-Ei, gatinha, olhe pra mim - continuei e seu riso aumentou - ei, rapazinho, quem é essa boneca que está contigo?

Ela me encarou, vermelha de tanto rir.

-Com quem você está falando?

-Com esse moleque aí dentro - disse, apontando pra sua barriga.

Carina olhou para baixo e acariciou a barriga.

-Maya, você já parou para pensar que pode muito bem ser uma menina?

-Mas não vai ser - bati o pé.

Ela riu.

-Por que tem tanta certeza?

Me estiquei sobre a mesa e segurei seu queixo, o apertando.

-Você tem o queixo redondinho. Quer dizer que vai ter menino - disse em tom vitorioso.