Capitulo 36

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Stephanie foi nos buscar no hospital dois dias depois, quando Carina recebeu autorização para ir pra casa. A pestinha número um também veio e foi complicado dosar sua animação enquanto queria pular em cima da gente.

Foi o caminho todo soltando risinhos no banco de trás e quando perguntávamos ela dizia que era porque o bebê era muito engraçadinho, o que para mim era um ponto positivo para o relacionamento dos dois. Se ela quisesse fantasiar ele de palhaço, eu deixaria.

Mas ela não gostava de palhaços, então eu não tinha com o que me preocupar.

Stephanie, que entregou o carro para que eu fosse na direção, estava no banco de trás com a pestinha e ria, concordando com a criaturinha.

Como um bebê de três dias poderia ser tão engraçado quando ele só dorme, come e faz cocô eu não sei, mas esperava descobrir para me sentir mais feliz do que cansada.

Carina disse algo sobre esses dias no hospital serem moleza para o que enfrentaríamos e eu gostaria de dizer que ela estava errada, mas os primeiros dias em casa foram realmente assustadores.

Eu gostava de deixar Carina descansar, principalmente porque ela estava meio para baixo e com moleza, além de todas as dores que vinham do pós parto e eu bem sabia, porque digo logo: parir não é fácil e se recuperar também não. Seu humor também estava bem instável, o que associo ser pela situação desordenada de seus hormônios na busca de seu corpo para voltar ao normal.

Apesar de estar constantemente a beira do choro, era só colocar o pequeno Bear em seu colo que Carina abria um sorriso, além de ser animada pelas piadinhas criadas por nossa filha mais velha.

Pela milésima vez naquele dia, Teddy chorou, o que certamente acordaria Carina, que virava a noite observando ele em seu curto sono e só conseguia dormir de dia, quando confiava que eu estaria ali por ela para vigiar se ele ainda estava respirando, o que de fato eu fazia.

-Ai, de novo? - se queixou a praguinha maior, com quem eu brincava no quarto de brinquedos.

-Sim, querida. Eles choram mesmo o tempo todo - disse a ela.

Segundos depois, o choro parou, indicando que Carina havia dado peito a ele.

-Viu, ele só estava com fome - falei a menina, que assentiu.

-Poxa, então ele está sempre com fome. Vai ficar gordinho de tanto comer - comentou, me fazendo rir.

-Vai sim - concordei.

Bocejei, já que não estava dormindo direito com o monte de fraldas pra trocar e o choro constante para mamar. Estava exausta!

Confesso que às vezes me perguntava de onde tiramos a ideia de que seria bom termos outro filho.

Digo, ele era lindo e fofinho e tudo mais. Eu o amava. Mas era estressante e exaustivo e quando você pensa que vai ter alguma recompensa por viver literalmente com a mão na merda e sem dormir, percebe que até seus lindos sorrisinhos são mecânicos. Puro reflexo.

Só em pensar na quantidade de horas de sono perdidas, bocejei novamente, sentindo o corpo doído de sono e cansado.

-Está com sono, mamãe? - perguntou Cake.

-Muito - admiti - mas a gente tem que cuidar do Bear, então quando ele acorda, nós acordamos também. Faz parte.

-Ele é chato - disse a pestinha.

-Igual a você quando tinha a idade dele. Eu não estava com vocês ainda, mas a mama tinha que cuidar de você sozinha o tempo todo.

Ela fez bico.

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