Capitulo 25

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Eu estava acordada há horas. Era madrugada e Carina estava visivelmente tendo sonhos vívidos e intensos que a fazia se mexer constantemente.

Como sua barriga estava grande em suas vinte e cinco semanas, ou pouco mais de seis meses, recomendei a ela que dormisse com vários travesseiros para que se sentisse confortável, o que diminuiu muito meu espaço na cama.

Além disso ela parecia que estava com o triplo de cabelos, e isso estou contando só os da cabeça, que se espalhavam por todo seu travesseiro e ainda tomava o meu e eu tinha que ter o cuidado de não deitar em cima para não prende-los quando Carina fosse se virar.

E falando em demais cabelos, tínhamos a sorte de Carina não se incomodar com pelos no corpo e não se sentir feia com eles, porque estava ficando mais difícil para ela se virar para se depilar com a mesma frequência de antes e seus pelinhos pelo corpo estavam mais grossos e mais escuros.

Vamos deixar claro que eu também não me incomodo com algo tão natural quanto isso, principalmente porque não estamos falando de mim mesma. Não, estamos falando sobre Carina e como é bom que ela não se incomode.

Tenho certeza que ela irá parir um ursinho de pelúcia.

Voltando ao fato de que eu estava acordada, nunca imaginei que a gestação de outra pessoa fosse mexer tanto com meu sono.

Eu a observava dormir. Seu cenho se franzia e amaciava, suas sobrancelhas ondulavam, sua boca se pressionava em linha reta ou fazia biquinho. Ela suspirava, seu corpo tremia ligeiramente, suas pernas ensaiavam mudar de posição.

Me perguntei se ela não estava sonhando com bebês, porque eu tinha muitos sonhos como esses quando estava grávida.

Algumas vezes tinha pesadelos sobre Carina desistir ou nunca ter existido e eu ter que cuidar de cinco bebês de uma vez sozinha.

Às vezes eu me encontrava no sonho rodeada de bebês, todos chorando enquanto eu não sabia o que fazer.

Mais para o fim da gravidez, comecei a temer o parto e tive muitos sonhos dolorosos em que o bebê me partia ao meio ou eu empurrava e empurrava e não conseguia parir, ou mesmo que eu estava sozinha quando minha bolsa estourava e ficava sem saber o que fazer, só sentindo dor.

Bom, eu entendo de sonhos intensos com gravidez e mesmo que saibamos que tudo estava certo, a mente engana os sentidos quando dormimos e nossos medos ganham forma.

Eu ficava ali, olhando Carina, meio sem saber o que fazer. Ela não gostava de dormir agarrada e por vezes tinha sonhos agitados que a faziam chutar, bater ou empurrar, mas, poxa, eu queria ajuda-la!

Não, não havia nada de dormir de conchinha, agarradinho e essas coisas em nosso casamento.

Às vezes eu procurava por Carina na cama e acabava a abraçando quando estava dormindo, mas ela se mexia e me chamava, então dizia:

-Maya, você está me sufocando.

Ela de fato sonhava que eu estava sufocando ela de alguma forma.

Pra não dizer demais, haviam noites em que eu conseguia me agarrar nela.

Suspirei, vendo Carina se remexer mais uma vez. Eu não conseguiria dormir desse jeito.

Tirei o travesseiro onde sua barriga repousava e a puxei para perto, o travesseiro que estava entre suas pernas escorregando para longe quando uma delas pousou sobre mim, sua cabeça repousando sobre meu ombro - fazendo seus cabelos me sufocarem enquanto não conseguia tira-los de meu rosto - e sua barriga se apoiar sobre mim, um leve movimento se fazendo sentir contra meu corpo.

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