Quinze

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Liu Qingge ainda não pode acreditar que Shen Qingqiu foi ferido. Ele imaginou vários desfechos para aquela noite e nenhum envolvia que ele ficasse, após vestido normalmente, esperando do lado de fora do quarto de Luo Binghe.

Os médicos estão lá dentro, trabalhando enquanto Shen Qingqiu contesta que eles precisam chegar na tribo Wen antes de algum servo infiltrado. Entre exclamações de dor e xingamentos que Liu Qingge não ousa repetir, ele continua discursando para Luo Binghe que é importante que eles controlem a narrativa.

Liu Qingge o escuta dizendo que eles não poderiam perder o apoio da tribo Wen, ainda mais com a aproximação do cerco dos justos. Nessa parte, Liu Qingge se afasta, mudando-se para o outro corredor.

Quando ele esteve entre as seitas justas, não ouviu falar de um cerco ou de qualquer plano para derrubar o imperador demônio. Ele apenas ouviu sobre resgatarem Shen Qingqiu.

Será que Shen Qingqiu apenas está se antecipando? Ou é Liu Qingge que não consegue enxergar por trás das intenções alheias?

Ele não sabe o que pensar sobre isso.

No entanto, sua lealdade sempre esteve com as seitas justas, por isso ele prefere não ouvir dos assuntos da seita demoníaca.

Os guardas não falam com ele e ninguém o impede de se sentar no corredor, assumindo um pose de meditação enquanto reflete tudo que ele sabe até agora.

Primeiro, as 77 seitas possuem um espião muito mal informado sobre Shen Qingqiu. Segundo, o mestre Shen é muito protetor em relação ao rei demônio e extremamente inteligente quando se trata de proteger a pessoa que ama. Terceiro, as 77 seitas não atacariam esses povos inocentes, mesmo que eles sejam demônios.

Elas fariam isso?

E se ele estiver contribuindo para um massacre?

Bem, ele prefere pensar que a previsão de Shen Qingqiu sobre um cerco das 77 seitas está totalmente errada. É só um momento de desespero.

Aqueles homens eram pessoas justas, eles não iriam contra um povo pacífico apenas por não viverem do mesmo modo que eles.

De qualquer forma, mesmo que ele tenha fé nisso, não consegue deixar de pensar que Shen Qingqiu tinha razão sobre a dama Wen. Então, ele deve ter razão sobre isso. Ao menos, ele deve acreditar que está certo sobre isso.

Liu Qingge fica pensando em política mais do que sente que deveria e sua cabeça dói com a mistura de preocupações. Seu grande amigo pode morrer? Mesmo sendo um mestre com cultivo alto, será que ele vai ter problemas em se curar? E Luo Binghe vai odiá-lo por ser a pessoa que o estava "distraindo"? E se Luo Binghe perder o apoio dos Wen? E se a seita demoníaca for cercada? Como Liu Qingge pode ajudar seu amigo e a pessoa que ele está apaixonado?

Em algum ponto, pensar se torna tão exaustivo que seu cérebro desliga e Liu Qingge adormece no corredor.

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— Meu senhor, o imperador consorte pede que o segundo marido Liu vá vê-lo. – É a voz de uma serva que acorda Liu Qingge.

Está amanhecendo, o vento frio entra pela janela mas só bate no seu rosto. Há um cobertor grosso em cima dele e suas roupas foram retiradas. Ele mantém os olhos fechados sem saber como chegou ali.

A pessoa ao seu lado deve ser Luo Binghe. Ele espera que seja Luo Binghe e não algum louco que tentou abusar dele.

Somente a ideia já o deixa paralisado de terror, suas mãos suam frio e ele treme.

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