Vinte e quatro

106 15 34
                                    


Liu Qingge não consegue parar de tremer enquanto fala. Não é suposto que ele entregue as 77 seitas ou que inicie uma guerra entre os dois mundos, mas também não é justo que ele não possa escolher a si mesmo. O que ele aprendeu estando com esse povo é que algumas vezes ele podia priorizar o que ele queria.

E o que ele queria? Proteger Luo Binghe, estar por perto de seu único amigo e morrer no mesmo lugar em que deseja passar o resto da vida, ensinando os filhos de Luo Binghe a cultivar.

- Quando me fizeram casar com você, era uma missão para espionar e levar embora Shen Qingqiu. - Liu Qingge respira fundo. - Eu estava tão comprometido com minha comida que nem ouvi direito todas as coisas que eles falaram, nunca espionei também. Nada para além de uma única carta, em que eu falava sobre o primeiro marido.

Nesse ponto, Liu Qingge fica completando envergonhando sobre o que escreveu de Shen Qingqiu. Era verdade, ainda assim.

— Mn. - Luo Binghe parece interessado. — E a carta que eu encontrei recentemente?

— Eu também posso explicar. Sua majestade deve ter lido, eu nunca mencionei qualquer coisa ali que possa ser considerado traição. - Liu Qingge é o tipo de pessoa super cuidadosa, ele nunca iria deixar uma informação sair.

Talvez seja porque ele passou a desconfiar das seitas justas depois que chegou ali.

Afinal, o povo da montanha do inferno nunca deixou suas casas para ir fazer bagunça nas seitas justas. Ninguém dali foi fazer guerra, queimar casas, abusar das pessoas. São apenas seres tentando viver suas vidas de um modo diferente daquele que é exigido pelas 77 seitas.

— Como um servo de sua majestade, estava me esforçando para impedir que uma guerra desnecessária se forme. - Dá para sentir a sinceridade. — Tenho estudado sobre a história do seu povo e eu escrevi as cartas, eu quis que eles soubessem que mestre shen e eu, estamos seguros e queremos continuar aqui porque é um bom lugar para se viver. Falei do seu povo com respeito e amor, porque eu quero protegê-los.

No princípio, Luo Binghe só estava tentando descobrir uma maneira de defender seu segundo marido, ele temia que fossem verdadeiras e temia que Liu Qingge estivesse se preparando para deixá-lo.

Porém, quando seu marido não mentiu, nem escondeu coisas, isso o deixou aliviado e com medo.

Aliviado porque Liu Qingge estava escolhendo ele, quis beijar ele, disse toda a verdade e ainda está murmurando sobre aceitar qualquer castigo que Luo Binghe imponha.

Com medo, pois seu grande mestre espadachim é um pequeno idiota que facilmente se incrimina. Com medo porque isso significa que Liu Qingge pretende partir.

Óbvio, isso é apenas um suposição. E ele não gosta de supor sobre as pessoas que ama.

— Sua punição depende de você, responda minha pergunta e eu vou decidir.

— Pergunte.

— Você vai me deixar?

Liu Qingge não pensa sobre isso, a palavra "nunca" lhe escapa rapidamente, alto o suficiente para fazer Shen Qingqiu se revirar na cama, murmurando em meio ao susto.

— Sua majestade. - Ele começa, assim que Shen Qingqiu parece ter voltado a dormir, mas chamar assim ao falar dos seus sentimentos não parece certo. — Luo Binghe, todos os meus sentimentos por você são verdadeiros. Eu o amo, não pretendo te deixar até minha morte e ainda assim, quero ser enterrado no mesmo solo. A extensão do meu amor por você é... Não consigo dimensionar.

— Mn, gege me ama muito, não é? - Ele acaricia a bochecha do seu marido.

— Com toda minha alma, meu lugar é com sua majestade até o dia da minha morte. - Liu Qingge se sente um pouco menos desconfortável com Luo Binghe o chamando de "gege". — No entanto, não existe apenas eu como espião, acredito que há mais pessoas. Eu só conheço a pessoa para quem dou as cartas.

Haitang Onde histórias criam vida. Descubra agora