Legacy • Jung Kook

Fuck you, Grammy

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— Mas era muito louca... ela pulava o portão pra vê a gente ensaiar e quando o pai dela chegava saía correndo...

Nós quatro ríamos sem parar, completamente bêbados no quarto de Jin. Hoseok estava esticado no chão, o mais velho sentado em uma cadeira, enquanto eu apoiava os pés sobre ele, a mão enfaixada estava imóvel em cima de uma almofada. Yoongi estava sentado ao meu lado na cama, recostado no protetor de parede, todo relaxado. Nós relembrávamos as histórias do debut e da nossa convivência anos atrás, quando eu ainda trabalhava na empresa.

— Eu acho que a gente devia parar de beber... - Hoseok levantou-se, enchendo nossos copos de whisky barato, nós caímos na gargalhada outra vez.

— Pra quê? Nossa querida Yun vai esconder qualquer escândalo no dia seguinte...

— Epa, lembrem que eu ainda não assumi nada. - falei cambaleante, entornando mais um copo.

Argh. O whisky era muito ruim, realmente.

— Não é triste estar em Las Vegas sem as meninas? - Jin suspirou, deixando a bad vim com tudo.

— É. - os outros dois concordaram, o que fez todos olharem para Yoongi, mas ele nem se importou e continuou bebendo, eu podia jurar que ele estava odiando.

— Me pergunto o que será que a maknae está fazendo... - Hoseok lembrou que não éramos só nós ali, os mais novos também estavam espalhados. 

Peguei meu celular e acompanhei o relatório da equipe, dizendo que Jimin e Taehyung tinham ido para os respectivos quartos e Jung Kook, isolado pelo COVID, continuava no mesmo lugar. Namjoon ainda passeava por Vegas com os amigos americanos, mas seu segurança estava com ele. Recostei minha cabeça no ombro de Yoongi, sentindo um pouco do cansaço da viagem, eu tinha vindo junto de Hoseok, que só pode partir da Coreia dois dias antes da premiação porquê também tinha testado positivo.

— Mas Yun... - Jin fazia massagem no meu pé, achando os pontos de tensão com a mão boa.

— Han? Ai Jin...

— Você vai mesmo deixar a ONG?

— Vou me afastar por enquanto, mas eu tenho outra sócia... até eu ver como faço para deixar o cargo de novo. - me doía o coração deixar a ONG, era minha vida.

— O quê, o quê? Duvido seu pai deixar você sair de novo. - Hoseok tinha levantado, tentando achar o equilíbrio.

— Tudo pode acontecer. - apesar de ter aceitado ajudá-los, não tinha mesmo intensão de ficar na HYBE muito tempo.

— Por mim, você podia ficar para sempre. - Yoongi passou a mão em minha cabeça e pressionou a ponta do meu nariz. Sua mão quente quase me fez espirrar.

— Ah, Yo, eu não quero essa vida de idol. Eu vivi o suficiente disso para não querer. - fui sincera.

— Ah, eu vou dormir, depois do prêmio, a gente pode sair pra ver Vegas, aposto que a americana aí, sabe de vários lugares legais.

— Eu sei, mas eu volto para a Coreia na segunda, preciso repassar a ONG.

— Ah, nossa... não vamos nem reunir a HL. - Jin reclamou de ombros e nós quatro rimos feito abestados novamente. HL era o nome do nosso quinteto de juventude, que incluía Namjoon.

— Éramos muito idiotas nessa época. - lembrei.

— Excluíamos os meninos, com medo deles contarem tudo pro PD... haha. - Yoongi ria meio culposo.

— Vocês lembram que o Jimin ficava na porta, enquanto a gente saía para beber? - recordei com nostalgia.

— Nossa, ele passava a noite em pé esperando a gente voltar, enquanto Taehyung e Jung Kook roncavam. Bom, vai ter muito tempo para gente reunir a HL na Coreia... boa noite, princesa das trevas. - Hoseok estendeu-me a mão e nosso aperto saiu mais torto que de costume.

Levantei da cama, calçando as botas de couro, arrumando os seios dentro do top tomara-que-caia, a vantagem de estar na América era a liberdade, podia andar com minhas tatuagens à mostra e minhas roupas justas e coladas.

— Você ainda luta? - Yoongi olhava meus músculos com a cabeça curvada, admirando eu vestir o casaco.

— Sempre que posso.

— Ah, ah o mais novo também luta boxe, como você ficou musculosa. - Jin apertou meu bíceps.

— É, andei vendo uns vídeos dele nas redes, mas ainda tem muito caminho para chegar no meu nível. E você, devia comer para ter músculos. - dei um beijo em sua testa, enquanto caminhava para puxar Yoongi. Ele fazia pressão contra, mas eu era bem mais forte.

— Uow. - o levantei rapidamente, mesmo um pouco bêbada e ele se admirou.

— Deixa ele no quarto dele... - Jin se despediu, fechando a porta atrás de nós. Yoongi caminhava com a garrafa de whisky na mão e o braço sob meu ombro. Sewu estava à porta, esperando nós dois.

— Yoongi... - o chamei, quando ele tentava pegar o celular e pôr na fechadura. Nunca vi aquele cabelo tão grande.

— Han?

— Você tá chateado... o que foi? É o prêmio?

— Foda-se o prêmio. O que eu queria, eu perdi. - como de costume, localizei as câmeras dos corredores e me certifiquei que só nós estávamos ali com o segurança. Ele parecia miserável, como se tivesse perdido uma parte de si, imaginei o esforço que não era sair da Coreia, submetendo-se aquilo tudo sem quem ele realmente queria.

— Se omma tivesse aqui, ela diria que nunca é tarde pra consertar seus erros e ser feliz... - eu falei, o empurrando para dentro do quarto.

— Você acha que eu...?

— Você tem que tentar. - fechei a porta antes que ele resolvesse aprofundar os sentimentos. Nós dois tínhamos que descansar, Sewu me via, aguardando o comando. Seguimos até o elevador, e logo estávamos no meu andar. O segurança seguia em minha frente, à caminho do meu quarto. Eu estava toda dolorida da viagem, só pensava em tomar banho, me trocar e dormir, dois dias depois eu já teria outro voo longo que atravessava o planeta para voltar à Coreia. 

Enquanto andava pelo corredor do meu andar, eu via Las Vegas brilhar pelas grandes janelas do hotel, mesmo na madrugada a cidade nunca dormia. Lembrei-me de alguns anos antes quando estive ali pela primeira vez em um final de semana com duas ou três amigas do internato, elas tinham passado a noite com homens desconhecidos, e eu tinha voltado para o hostel, sozinha, e vazia.

De repente, um frio percorreu minha espinha, enquanto eu passava pelo final do corredor em direção ao quarto, tinha mais alguém ali, parado, próximo à uma das janelas. Não estávamos sozinhos.

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