Minha semana foi inteira concentrada em tentar desvendar o mistério da máscara, principalmente quem me encontraria e porquê. Descobri que STy era uma boate que inauguraria no sábado em Incheon, arredores de Seoul. Pensei muitas vezes em não ir ao encontro, com receio de encarar alguém que eu não pudesse controlar, mas algo me dizia que devia enfrentar o desconhecido, pelo menos dessa vez.
Decidida a passar desapercebida durante a multidão que se formaria para a inauguração, escolhi uma cor comum, resgatei um dos meus poucos vestidos curtos de manga comprida do armário, uma meia calça e botas complementaram meu look. Pedi para que Sewu me levasse até o local por volta das onze e meia do sábado e me aguardasse no carro. Pretendia observar tudo, desvendar o mistério, qualquer que fosse, descobrir quem tinha descoberto meu endereço e fazia joguinhos comigo e depois sair.
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Obviamente um dia de inauguração não facilitaria as coisas para mim, a fila era gigantesca pelo lado de fora, pessoas querendo comprar ingressos para a casa moderna de três andares. Mas não eram poucas pessoas, o quarteirão inteiro se aglomerava no frio esperando a mínima possibilidade de entrar, todos mascarados. Aparentemente este era um traje que a boate exigia.
Com minhas tatuagens devidamente cobertas seria mais fácil passar irreconhecível. Me dirigi à atendente da entrada, ouvindo uma série de reclamações na fila, enquanto eu prendia a máscara sob a cabeça. Seu segurança se apresentou mas Sewu também se postou ao meu lado.
— Eu acho que tenho um convite. - falei, prendendo com força máscara sob o rosto.
— Nome? - ela nem levantou o olhar, observando sua prancheta.
— Park Yun-Hee. - respondi calmamente.
— Ah, finalmente. - ela chamou outra atendente, sussurrando algo que não pude ouvir.
— A senhorita queira me acompanhar, por favor. - a moça mascarada guiou-me para dentro, pela porta lateral, Sewu ficou do lado de fora sob meu comando.
O coro de reclamação da fila foi uníssono, quando me levaram para a porta lateral. Nós subimos dois lances de escada, atravessando a multidão, ela me deixou em uma sala V.I.P., passando por uma porta no terceiro andar, com vista para a boate inteira. Todas as pessoas usavam máscaras nos olhos e algumas ainda cobriam a boca. O local era gigantesco e tinha um estilo gótico/dark aprazível até. A decoração moderna contrastava com os pole dances presos sob o teto no palco principal, os dançarinos estavam seminus, performando, sem pudor. A música coreana alternava com de outras nacionalidades.
Um segundo palco no andar do meio, se movia com pessoas em cima. O chão era todo espelhado, com luzes que mudavam de cor conforme as pessoas dançavam. A modernidade gritava nesta parte da Coreia. Aguardei por alguns minutos na sala fechada, tentando pescar qualquer dica de quem teria me convidado, mas ninguém apareceu. Arrependida de ter me posto em risco, porém, ainda curiosa, resolvi por mim mesma descobrir quem seria meu anfitrião. Saí na busca de pistas, mas o mar de pessoas dançando era imenso.
