Corte de Estrelas e Penas

Capítulo 7

Nuala me acordou para o café da manhã, fez umas tranças na lateral do meu cabelo e eu escolhi um vestido preto de cetim que tinha um sobra de tecido no peito que fazia um decote lindo, gosto das outras cores, mas o preto tem o meu coração.

Desci e estavam todos na mesa e o menino também com um olho roxo e deixaram especialmente um lugar do lado dele para mim. Eu me sentei e meu pai disse:

- Agora que todos chegaram, esse é o Caim, o filho mais novo de Myrian e Drakon. Drakon me pediu que ele ficasse conosco enquanto ele e Myrian resolviam assuntos pendentes do seu povo e ontem pedi para Nyx e Mezk o buscarem, ele ficará por quanto tempo precisar e espero que todos tratem bem.- olhando para mim. - Ontem a noite tivemos um pequeno mal entendido, mas já está tudo resolvido.

Tio Az levantou a sobrancelha para mim e tio Cassin deu uma risada. Caim falou:

- Muito obrigado por me acolherem, não quero incomodar vocês.

Ele foi o primeiro a sair da mesa e tio Cassian já tinha segurado por muito tempo o que queria falar:

- Você fez isso com ele?

Eu assenti com a cabeça e meu tio deu risada:

- O moleque é praticamente um anjo e você bateu nele.

- É o que? - Eu falei assutada

Meu pai deu um sorriso e tio Az respondeu:

- O povo deles são como os illyrianos só que não são machistas e ao invés de asas de morcego, como você mesma nos chama, ele tem penas nas asas deles.

Meu pai continuou:
- Não sei você sabe mas Drakon é um anjo se podemos dizer assim e Myrian é uma illyriana. Caim é um mestiço, como eu, e por ter dois povos poderosos no seu sangue, ele se torna um alvo. Myrian e Drakon me pediram para mantê-lo seguro por um tempo aqui.

- Mas então ele tem asas de anjo ou de morcego? - perguntei e tio Az respondeu

- Não sabemos ainda ele não abriu as suas asas para nós ainda, as asas são algo muito particular.

A conversa acabou e cada um foi para os seus afazeres. Eu passei no Cydh, o nosso curandeiro, sempre ficava na nossa casa e quando eu não tinha nada para fazer, ia conversar com ele. Ele me ensinou muitas coisas sobre primeiros socorros, plantas medicinais e às vezes quando me machucava, ele me ajudava sem ninguém saber. Eu pedi para ele:

- Bom dia Cydh, como está?

- Bom dia Lyah, tudo bem comigo, quer aprender algo novo hoje?

- Hoje queria que o senhor me desse alguma coisa para machucado roxo.

- Onde você se meteu dessa vez, menina? - Nós demos uma risada.

- Não é para mim, é que eu sem querer posso ter dado um soco na cara do nosso convidado.

- Eu tenho esse bálsamo, é só passar no machucado. - ele riu e deu para mim

- Obrigada meu salvador.

Eu fui para o Caim e bati na porta dele com vergonha do que eu tinha feito. Ele abriu a porta e estava só de calça, eu olhei para aquela barriga musculosa, uma cicatriz no seu peito direito e no peito esquerdo tinha uma tatuagem que ia até o pescoço, como a do meu pai e dos meus tios. Ele me olhou assutado e disse:

- Eu posso por a minha camiseta ou você vai me bater de novo?

- Pode, dessa vez eu não vou te bater... dessa vez.

Ele deu um sorriso e apontou com a para que eu entrasse. Me sentei na cama dele e depois que ele voltou com a camisa, eu disse:

- Para me redimir peguei esse bálsamo para você. - estendi na direção dele.

- Eu só vou te desculpar se você passar em mim. - ele deu um sorriso malicioso.

- Então senta aí - eu apontei para cama por iria ficar muito difícil de fazer isso com ele de pé.

Eu peguei um pouco de pomada nos dedos e passei onde tinha ficado roxo. Caim olhava para mim enquanto eu passava o dedo na sua têmpora. E ele falou:

- Para uma humana, até que é bem forte.

Como ele ousava falar assim de mim na minha casa e eu disse:

- Eu vou levar isso como um elogio, para não bater na sua cara de novo.

Ele pegou a minha mão e disse:
- Foi um elogio.

- Já terminei de passar a pomada no bebê. - Ele sorriu e eu fui para o meu quarto.

Aquele menino me irritava só de olhar o rosto perfeito de anjo, não me arrependo de ter batido na cara dele.