Corte de Estrelas e Penas

Capítulo 43

Paramos no meio do caminho, andamos pela floresta, isso nos fez demorar um pouco mais, tinha acabado de escurecer quando chegamos na Corte Primaveril, ninguém estava na mansão, todos estavam comemorando o que parecia um festival, deixamos nossas coisas e seguimos todos, tinha uma fogueira gigantesca e muitos feericos, muitas fêmeas, todos eles pareciam que seguiam em uma grande fila e uma caverna, tinha música.

Comecei a dançar, os machos me observavam, os bocós ficaram em círculo em minha volta se certificando de ninguém chegaria perto de mim, meus cabelos iam de um lado para o outro, eles riam e assobiavam com os meus movimentos, eu ria junto, Mezk nos mostrou alguns passos que ele pensava que seriam incríveis, mas não sei se poderiam concordar, isso apenas me vez rir mais ainda.

- Pensei que só chegariam amanhã.- uma voz grave, eu sabia, sabia quem era, estava de costas para ele, tirei o meu sorriso do rosto e respirei fundo, eu conseguiria fazer isso, me virei e os olhos verdes de Tamlin ficaram surpresos com o que viram.

- Você... você é... igual a ela.- sua expressão era de quem tinha visto um defunto.- Me desculpem- ele saiu sem dizer mais nada, parecia estar com pressa. Eu sabia a quem ele se referia, meu pai me disse também a mim, que eu era parecida com minha tia. A minha tia que Tamlin havia entregado a morte. Precisava respirar, segui e meu irmão disse:

- Lyah, aonde vai?

Caim pegou no braço dele e falou calmo.

- Ela precisa de um tempo, Nyx.

Estava mais longe de toda aquela multidão, mas tambores soaram e ficavam mais fortes, olhava para as estrelas pálidas no céu que nem se comparavam com as de minha casa, sentia falta delas. Observei todas aquelas pessoas alegres em direção a caverna, fui procurar o que tanto alegrava elas, me distanciei e cheguei mais perto dos tambores e da porta da caverna, um jovem macho de cabelos claros e longos como os de Tamlin e olhos azuis, marcas em seu corpo azuis também, talvez ele seria o filho do Grão-senhor. E no meio de toda aquela multidão, de todo aquele movimento, ele se virou e me encarou apoiada em uma árvore, parecia um animal, totalmente indiscreto, ele veio em minha direção, não me movi, não estava com medo, ele me disse quando já estava próximo até demais:

- Quem é você? É você, quero você.- ele respirou fundo e olhou para baixou, era inevitável não ver o volume rígido sobre sua roupa, eu não sabia o fazer, me lembrei de Pierre me tocando, paralisei, não conseguia me mover, não consegui nem mesmo gritar por Caim em minha mente.

O macho apoiou a outra mão ao lado da minha cabeça na árvore, se aproximou mais do meu pescoço, eu não consegui fazer nada, ele beijou fervorosamente o meu pescoço, colocou a mão no meu vestido e rasgou, o som a seda se partindo e uma mordida no meu pescoço me fizeram acordar, meu peito queimava, eu o empurrei pelo pescoço, minhas mãos queimavam, pareciam fogo, eu gritei, gritei de raiva com ele na minha mão, estava difícil para ele respirar, os meninos apareceram, olhei para eles assustados com o que viam, apertei mais forte o pescoço do macho e então o soltei quando vi o que estava por volta do meu corpo, uma escuridão como o meu pai havia me mostrado uma vez e sombras iguais... iguais as de tio Az, minhas mãos com garras e... fogo, nada se passava pela minha cabeça, todo parecia perdido, olhei para ele no chão, estava vivo, mas seu pescoço queimado com a marca da minha mão, uma lágrima escorreu pelo meu rosto, não com pena dele, mas de não saber o que estava acontecendo comigo, em toda aquela escuridão e sombras, meu corpo brilhava, me desequilíbriei, Caim tirou o seu casaco e me cobriu antes de me pegar no colo.

Nyx escancarou as portas e Caim me  colocou sentada em um cadeira, Mezk pediu um água a uma senhora com pele madeirada, no castelo.

- O que está acontecendo comigo?