Retração

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Capítulo 11

A senhora chegou angustiada, nervosa, Felipe se levantou rapidamente pegando uma cadeira para ela.

- O que aconteceu vó?

Escutei ele perguntar a senhora, que tremia muito, então me dispus a para pegar uma água para ela.
Sair da sala enquanto Felipe tentava acalmá-la.
Voltei com a água entregando o copo, ela me olhou.

- Obrigada minha filha. Disse bondosamente.

Bebeu a água, enquanto Felipe acariciava seu ombro.

- Está mais calma vó? O que aconteceu?

- Josh, brigou novamente com seu pai, derrubou ele da escada. Os paramédicos levaram ele para o hospital.

- Porque não me ligou?

- Preferir vir te falar pessoalmente.

- O que meu pai fazia em nossa casa?

Ele chegou de viajem e resolveu aparecer de surpresa.
Josh ficou nervoso, gritou com ele, não sei o que aconteceu direito. Eu só escutei os gritos, fui até eles, encontrando seu pai machucado.

- Onde Josh está?

- Não sei, ele saiu de carro, estou preocupada, meu filho. Ele não estava bem quando saiu. Temo ele fazer alguma loucura!

Felipe preocupado, pegou o telefone e ligou. Nervoso dava para ver, que não conseguia falar.

- A senhora está mais calma? Perguntei tocando a mãozinha gelada da senhora. Ela me olhou com tristeza.

- Estou muito triste, depois da morte da Violet, essa família ficou destruída, tudo era tão diferente quando ela era viva.
Jorge foi embora, e os meninos ficaram desamparados. Josh não consegue ficar bem. Tenho medo do Felipe não aguentar tanta pressão.

- Fique calma, tudo ficará bem.

- Assim espero. Não entendo porque Jorge voltou. Ele tem uma nova família, não procurou os meninos por anos, e agora aparece assim do nada. Não sei o que ele quer.

- Tudo vai se resolver, deve ser só um mal entendido. Disse tentando acalmá-la.

- O menino Josh, sempre fica muito nervoso. Felipe sempre fica preocupado dele fazer algo. Ele tem um humor muito instável, não aceitou a morte da mãe e o sumisso do pai. Tenho muito medo dessa família desmoronar ainda mais.

- Vamos para casa vó. Vou tentando falar com ele no caminho.

- Estou preocupada, meus nervos não estão bons meu filho, minha enfermeira está de férias, não quero te preocupar, ou atrapalhar sua vida meu menino.

Vou arrumar uma substituta, mas hoje posso cuidar da senhora.

- E como vai procurar o Josh? Não quero atrapalhar, você é o mais prejudicado em toda essa situação.

- Não se preocupe, vamos dar um jeito. Disse Felipe carinhosamente abraçando a velhinha.

- Eu posso ficar com a senhora. Gostaria de poder ajudar, se o Felipe não se opor.

Ele me olhou por alguns segundos, e disse.

- Então vamos. Tenho que deixa-las em casa, e procurar pelo Josh.

Saímos da empresa, entramos no carro. Dentro do carro Felipe tentava falar com o Josh. Eu fiquei pensando se o pai deles estava bem. O Felipe não estava nem um pouco preocupado com o pai. A sua única preocupação era o Josh. Nessa situação me lembrei do incidente no resort. Então comecei entender, porque ele estava tão nervoso. Ele se sentia responsável pelo Josh. Essa responsabilidade deixava ele inconstante e nervoso. Reparei que durante todo o percurso ele estava muito nervoso. Seu olhar preocupado, me fez sentir pena. Tanta responsabilidade por um irmão, que não sabia dar valor a nada.

Chegamos numa casa enorme, parecia ser construída há anos, mas muito bem conservada.
Assim que entramos, sentir um ar aconchegante. Algumas fotos na parede de uma família feliz. Móveis antingos, tapetes, e lustres. Parecia um lugar onde vivia uma família feliz. Muito diferente do lugar onde cresci.
Mas toda família tem problemas, cada uma com suas peculiaridades. Pelo tamanho da casa, imaginei que ter crescido com tanto luxo faria do Felipe um menino mimado, assim como o Josh. Mas não era o caso. Josh parecia ser totalmente diferente.

Helena? Está tudo bem?
Perguntou Felipe com olhar preocupado.

Está...está sim. Respondi deixando meus pensamentos de lado.

Vou levar minha vó para o quarto,  gostaria que pedisse a Nora para preparar para ela um almoço mais leve hoje. A cozinha fica depois dessa porta ao lado da sala.

Ok. Vou procurar não se preocupe.

Sair, atravessando pela sala, cheguei na cozinha. Uma mulher de meia idade picava alguns legumes.

- Nora?

- Sim...respondeu parando de picar.

Oi tudo bem ? Sou Helena, amiga do Felipe. Vim ajudar a vó dele, até encontrar alguém para substituir a enfermeira. Ele pediu para que prepare uma refeição  mais leve, para avó hoje. Acho que uma sopa seria uma boa dica.

Ela está bem? Fiquei preocupada,  saiu apavorada sem dizer a ninguém onde ia.

Sim, só está um pouco nervosa, mas vai ficar tudo bem.

Os remédios dela estão na cômoda do quarto, ela esqueceu de tomar pela manhã. Os horários e o receituário estão juntos, na pasta ao lado da maleta de remédios. Se precisar de alguma coisa é só me pedir. Disse Nora com um sorriso tranquilizador.

Obrigada Nora.

Desculpe, a senhorita vai almoçar aqui? Gostaria de algo que goste, para que eu possa preparar também?

Não se preocupe, almoço o que todos forem almoçar.
Sair da cozinha, procurando o quarto encontrei uma outra mulher.

Sabe onde fica o quarto da senhora...não sei o nome, só sei que é avó do Felipe.
Está procurando o quarto de dona Zélia?
Sim... acho que sim.

E o que quer com ela? Ela saiu... quem deixou você entrar?
Estou com Felipe. Vim cuidar da vó dele.
Ah... a nova enfermeira? Achei que era uma das piriguetes do Josh. Só fiquei intrigada por estar tão bem vestida. A maioria anda por aqui, praticamente com as roupas de baixo.

Vem vou levá-la ao quarto da dona Zélia.
Sem esperar explicações a mulher seguiu na frente. Andando pelos corredores, chegamos no quarto. Ela estava deitada, e o Felipe já tinha saído. Passamos um dia agradável, mas preocupadas com Josh. Tentei ligar para o Daniel também não conseguir.
Selena disse que ele tinha saído cedo, e não tinha voltado para empresa.

Era tarde da noite, eu deixei a dona Zélia descansar e fui para a sala esperar pelo Felipe. Sem notícias, esperei trabalhando um pouco no meu computador, acabei adormecendo.
Acordei sendo carregada nos braços pelo Felipe. Sem jeito de pedir que me colocasse no chão. Fingir continuar dormindo. Nunca fui carregada nos braços por nenhum homem. Nem me lembrava de ser carregada na infância, seria uma ação inimaginável, acontecer comigo na vida adulta.

Deitou-me devagar, depois tirou meus sapatos com delicadeza. Pegou um lençol e cobriu meu corpo. Fiquei de olhos fechados, esperando ouvir seus passos se afastarem. Mas estava demorando, não escutei ele sair.



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