Capítulo 44
Ficamos alguns minutos em silêncio, até um dos médicos vir falar com o Felipe.
- Gostaria de falar com você sobre sua vó.
Felipe levantou, antes de soltar minha mão, apertei, como se desse a entender, estou aqui com você e tudo vai ficar bem...
Seus olhos apreensivos mostram que ele entendeu meu recado, depois disso, sumiu no corredor com o médico.
Minutos depois, Josh passou rapidamente, na mesma direção onde o Felipe foi com o médico.
Sem saber o que fazer, fui até a recepção para descobrir o que estava acontecendo.Uma das enfermeira anotava algo em um bloco do hospital, resolvi perguntar a ela sobre dona Zélia.
- Você poderia me informar o estado de saúde de uma senhora, ela sofreu um AVC...
O nome dela é Zélia, sou namorada do neto dela e gostaria de saber notícias.- Infelizmente, não tenho informações de pacientes nesse momento.
Disse deixando a caneta e saindo rapidamente.- Com quem posso pegar informações?
Perguntei a outra enfermeira que mal parou para me dar atenção.
O hospital estava muito agitado.Nesse mesmo momento, vi o Josh passar desesperado, seguindo o corredor para a saída. Ele parecia estar chorando.
Imaginei que algo ruim aconteceu. Fiquei mais incomodada ainda. Passei minutos de agonia até o Felipe aparecer.Ele me olhou vindo em minha direção de braços abertos. Eu o abracei, ele começou a chorar.
- Ela se foi...ela nos deixou... minha vó morreu, Helena.
Um flash passou por minha memória, mostrando o sorriso simpático, o jeito carinhoso, a companhia bondosa e agradável. Era inacreditável que ela esteja morta. Difícil aceitar que a morte levaria dona Zélia tão repentinamente.
Felipe suspirava, derramando lágrimas em total desalento.
Quando perdi alguém que amava, eu sofri muito, entendo que a dor do Felipe se compara a minha.
Eu pensei no quanto somos fracos diante da morte.- Serei seu apoio, estarei aqui para o que precisar...
Fiquei entre seus braços, até Felipe se acalmar, depois desabafou.
- Eu não pude dizer a ela...
Tudo que gostaria de ter dito...
Principalmente o quanto eu a amava.
Eu poderia ter feito mais, ter dado mais atenção. Não é justo Helena!- Ela sabia do seu amor Felipe... Não sinta culpa.
Foi tudo que conseguir dizer.Ele suspirou e se afastou,
limpando os olhos.- Preciso ir para casa.
Você pode vir comigo?- Sim, claro!
Entramos no carro, enquanto dirigia percebi suas mãos tremendo.
- Quer que eu dirija?
Ele apertou minha mão e disse.
- Vai ficar tudo bem...não vai?- Vai sim meu amor, vai ficar tudo bem.
Chegamos na casa, o Felipe encontrou Maria chorando sentada na escada.
Ela se levantou limpando as lágrimas no avental.
- O Josh disse que dona Zélia morreu... e verdade Felipe?
- Sim...infelizmente sim...
- Sei o quanto gostava dela, mas preciso que me ajude.
Temos que avisar a todos os amigos e familiares.
Quero que prepare tudo para recebê-los.- Você pode fazer isso por mim?
- Sim...posso sim...Seu Felipe.
- Obrigado Maria.
Saímos para o escritório.
Ele pegou uma agenda e começou a fazer ligações.- Vou ajudar Maria, enquanto fala com todos que precisa.
Disse num gesto com a boca e mãos, para não interromper o momento terrível de dar péssimas notícias.Na cozinha, Maria estava inconsolável. Parecia perdida sentada a mesa chorando sem sessar.
- Calma Maria... vai ficar tudo bem...
Ela apertou minha mão de cabeça baixa, suspirou encheu o peito de ar.- Felipe precisa da gente... precisamos ajudar!
Disse levantando pegando um caderno para fazer anotações.
Fui até o quarto da dona Zélia.
Tudo bem organizado, com seu tricô por acabar sobre a cadeira, perto da janela.
Lembrei das conversas que tivemos, dos momentos breves mas muito divertidos.- Foi bom te conhecer dona Zélia... pensei pegando seu tricô. Percebi que era um casaco de bebê.
O que me surpreendeu profundamente.Maria entrou, vendo o pequeno casaco em minhas mãos.
- Ela passava horas fazendo roupas de bebê. Dizia que seu bisneto ficaria lindo em cada peça. Algumas ela doava, mas algumas ela guardava.
Abriu um baú cheio de roupas.
-Ela sonhava que um dia Felipe teria um filho para usar tudo isso.
Tudo estava arrumado com tanto cuidado, que não toquei em nada.
Maria pegou alguns documentos e saiu. Eu continuei no quarto por algum tempo. Depois sair para ajudar o Felipe.
No velório, familiares desconhecidos apareceram para prestar condolências. Irmãos do pai e da mãe do Felipe, primos e amigos.
Josh ficou isolado, parecia angustiado e triste.
Nunca vi ele tão sério, foi embora do enterro sem cumprimentar ninguém.
Depois de toda tristeza e cansaço. Nos despedimos dos familiares, amigos e fomos descansar.
Depois de um banho, ele deitou, eu deitei abracada a ele. Ficamos assim, quietinhos, abraçados até adormecer.A partir desse dia, ficamos grudados , fazíamos tudo juntos, depois de alguns dias preferir dormir na minha casa novamente.
Minhas consciência sobre as coisas do trabalho começaram a me incomodar.
Precisava contar a ele sobre a Priscila .Sair de casa com esse propósito em mente, quando cheguei na empresa o detetive estava na sala dele.
- Helena como vai?
- Estou bem.
Me cumprimentou o detetive com simpatia.
- Vocês se conhecem?
- Sim. Helena entrou em contato comigo, para denunciar a fralde, depois que conversarmos, comecei a investigação.
Felipe me olhou por alguns segundos e suspirou, voltando a olhar para o detetive.
- E o que encontrou detetive?
- Temos indícios que esta empresa está à venda.
Você assinou algum documento ou contrato?- Não! Eu nunca tive intenção de vender nada!
- Foi o que pensei... sua funcionária Priscila, está negociando a venda com um de seus concorrentes.
- Ex funcionária!
Felipe exclamou, sentando indignado atrás de sua mesa.- Entendo...
Disse o detetive pegando o celular.- O senhor assinou esse documento?
O Felipe olhou, pensou, depois de olhar minuciosamente, falou.
- Tenho certeza que essa assinatura não é minha, é uma falsificação ridícula!
Como ela pode?- Vamos tomar as devidas providências... não se preocupe. Ela vai ser presa por vários indícios de fraude.
Precisamos do seu depoimento, preciso também que me acompanhe até a delegacia.Eu vou resolver isso, não se preocupe...
Disse quando chegamos na empresa.
A vida estava voltando ao normal.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Destino.
RomantikHelena conviveu com pais cruéis e insensíveis, mesmo muito pequena, ela era responsável por cuidar da casa e dos irmãos. Não teve tempo para brincar ou se divertir. Ela cresceu sem acreditar no amor, buscou superar sua carência pessoal, aprimorou-s...