Capítulo 26
Ele ficou calado, eu me levantei e fui tomar um banho. Quando sair, ele entrou no banheiro, sem dizer mais nada. Troquei de roupa e sair do quarto, indo até a varanda da casa. Dona Zélia estava sentada, com seu rolo de linha, tricotando algo com muita habilidade.
- Oi! Como está se sentindo dona Zélia?
- Estou bem. O ar puro faz bem aos meus pulmões.
- Verdade... essa vista é magnífica! Renova nosso espírito, e esse silêncio remete tranquilidade. Suspirei e apoiei minhas costas na parede.
A casa era rodeada por pequenas montanhas, sem floresta, apenas algumas árvores grandes, desenhavam o lugar. Como estava anoitecendo, a lua clareada as copas das árvores, me fazendo lembrar uma pintura.
- Quando compraram aqui já existiam essas árvores dona Zélia?
Não. A maioria nós plantamos.
Ficou lindo! Me lembra um quadro que vi, em uma galeria.
- Viu um quadro com essa paisagem?
- Sim... o quadro parece uma copia fiel pintada a mão. Eu gosto de arte, só não tenho dinheiro para investir, nesse tipo de bem.
- Inacreditável! Dona Zélia disse assustada, soltando seu rolo de linha, com os olhos arregalados para mim.
- O que foi dona Zélia? Está se sentindo bem?
- Violet pintou um quadro dessa paisagem, quando ainda era adolescente. Algum tempo depois, resolveu vender. Quando se arrependeu, não conseguiu comprá-la de volta. Esse quadro, foi sua única pintura. Depois ficou sem tempo para se dedicar ao seu hobby. Mas posso te dizer que ela tinha o dom, conseguiu passar para a tela a descrição perfeita desse lugar.
- Verdade. Essa pintura é mesmo linda! Na hora que vi o desenho fiquei imaginando... como seria estar naquele lugar! E agora realmente estou aqui. Que coincidência!
- Não acredito em coincidência, acredito que tudo acontece por uma razão. O Jorge procurou esse quadro por anos. Quando Violet adoeceu ele queria dar de presente a ela, mas nunca o encontrou.
Ela sempre falava muito desse quadro para os meninos. Mas eles nunca conseguiram ver a tal pintura.- Sobre o que estão falando? Perguntou Felipe vendo a comoção da avó.
Ele chegou perfumado parando atrás de mim, fez todo meu corpo se arrepiar quando ouvi sua voz. Fiquei olhando para ele sem conseguir dominar minhas reações. Tentei disfarçar. Não sei como ele tem esse poder de me fazer sentir tanta coisa diferente.
- Felipe, a Helena viu o quadro que sua mãe pintou.
- Como sabe desse quadro?
- Eu não sei se é o da sua mãe, mas vi uma paisagem idêntica na galeria do centro.
Podemos tirar uma foto e pedir o Daniel para ter certeza. Talvez ele consiga comprar para você.- Essa ideia é perfeita! Nossa! O quadro de nossa mãe! O Josh nem vai acreditar!
Felipe parecia um menino cheio de felicidade. Nunca vi tanta alegria em seu rosto. Abraçou avó, pegou o celular e ligou para o Daniel.
Depois de conversar com ele disse apreensivo.- Agora é aguardar o Daniel verificar se é a nossa pintura. Se for mesmo a obra de nossa mãe, vou ser eternamente grato a você. Andou até mim, e me deu um abraço imprevisível, acompanhado de um selinho demorado. Depois ficou me olhando nos olhos. Esse clima de olhares, foi quebrado pela voz da estridente da Priscila.
- Porque tanta felicidade? O que aconteceu?
- A Helena...
Dona Zélia tentou contar, mas foi interrompida pela Priscila exasperada.- Ela não pode estar grávida! Eu não permito!
- Como assim grávida? Quem falou de gravidez? Nossa conversa não tem nada haver com isso! E só pra você saber, você não tem poder de permitir nada! Felipe respondeu, com muita raiva no olhar.
- A Nora pediu para avisar que o jantar está pronto! Josh chegou avisando.
- Estou um pouco indisposta Dona Zélia, não vou jantar. Boa noite a todos. Disse isso, e sair da varanda sob olhares curiosos.
Entrei no quarto e fui me vesti para dormir. Peguei o celular para mexer e acabei adormecendo, enquanto via alguns vídeos.
Acordei o Felipe não estava no quarto. Peguei o celular, olhei as horas, estava de madrugada. Vestir um roupão e sair do quarto para descobrir o que aconteceu.
Passei na porta do quarto do Josh, tudo em silêncio. Andei até a cozinha, peguei um copo de água, enquanto bebia, notei faróis do lado de fora da casa. Parecia alguém chegando. Coloquei o copo na pia, e fui ver quem era. Felipe estava chegando com uma embagem grande nas mãos.- O que é isso? Perguntei curiosa.
- Graças a você conseguir uma enorme surpresa para minha família.
- Você foi na cidade?
- Sim, eu não conseguiria dormir, até ter certeza que esse quadro seria meu.
Estava certa, ele tem a assinatura de nossa mãe.
Estou muito feliz! Mas também estou cansado, vou tomar um banho.- Tudo bem.
Seguir ele até o quarto. Assim que entrou, colocou o quadro num canto perto da janela, e começou a se despir normalmente, falando.- Cheguei na cidade, o Daniel estava negociando com o dono da galeria. Por sorte, o quadro ainda não tinha sido vendido. Conseguir entrar na negociação, e fiz uma proposta. O mais incrível, é que conheço o dono da galeria.
Enquanto ele contava sua história, eu reparava o seu corpo, sem conseguir me concentrar no que ele falava. Depois de estar totalmente despido, ele entrou no banheiro. Sua ação era como se fossemos íntimos, a ponto de trocar de roupa agindo normalmente. Acho estranho, mais muito excitante. Percebo que sua atitude é genuina. O pior que que a minha, é totalmente imoral. Eu não consigo parar de me excitar em sua presença.
Nossa intimidade nesse quarto, está me deixando louca. Parecemos um casal, mas não sinto a mesma sintonia. Transamos duas vezes, mas não somos namorados de verdade.Sentei na cama, pensativa e intrigada com a liberdade entre nós.
Não demorou muito, ele saiu do banheiro e se deitou, vestindo apenas uma cueca.Deitado, olhando o teto, falou pensativo.
- Estou intusiasmado, acho que não vou conseguir dormir. Você acordou agora? Perguntou se virando para mim.
- Sim.
- Quando sair você estava dormindo, não quis te acordar.
- Não tem problema. Repondir deitando na cama, puxando o lençol contra meu corpo. Ainda estava incomodada com sua presença ao meu lado na cama. Nunca passei a noite com nenhum homem.
- O que foi? Essa expressão é nova!
- Novamente preocupado com minha expressão?
- Quero te conhecer melhor.
- Não é nada, só estou preocupada.
- Com a Priscila? Ela te perturbou novamente?
- Não! Não é isso!Pra dizer a verdade... eu não estou a vontade com nossa intimidade. Não divido a cama com nenhum homem.
- Eu também não costumo passar a noite com mulheres.
Mas não sinto que você é uma mulher qualquer...- Você está praticamente nu Felipe! Poderia pelo menos vestir uma roupa!
- Isso te incomoda?
- Sim...não consigo dormir com você assim ao meu lado.
- Quer dizer que agora te incomodo... Eu não entendo o que você quer!
- Felipe, é sério! Temos que parar de agir assim. Não estou preparada para tudo isso.
- Não entendi...não está pronta pra me ver nu, mas está pronta pra transar comigo? O que você quer Helena? Você quer espaço? Eu te dou espaço! Vou procurar outro lugar para dormir, sem te incomodar.
- Colocou um short e uma camiseta rapidamente, e saiu batendo a porta com raiva.
Deve ter acordado a casa inteira com essa demonstração de raiva. Será que exagerei? Eu só disse o que estava sentindo!

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Destino.
RomanceHelena conviveu com pais cruéis e insensíveis, mesmo muito pequena, ela era responsável por cuidar da casa e dos irmãos. Não teve tempo para brincar ou se divertir. Ela cresceu sem acreditar no amor, buscou superar sua carência pessoal, aprimorou-s...