Mentira

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Capítulo 24

Almoço entre família, vi dona Zélia muito séria e calada. Parecia estar preocupada, talvez um pouco decepcionada.

Priscilla sentou ao lado do Josh, ficou cochichando algo, enquanto ele sorria.
Felipe olhava para mim com olhar de quem estava irritado com aquela palhaçada. Nora sentou a mesa ao lado de dona Zélia, e começamos a comer.

- Que aconchegante essa casa!
Exclamou Priscila quebrando o silêncio.

- Estou pensando em vendê-la. Disse dona Zélia dando de ombros.

- Acho que a mamãe ficaria triste se vendesse vó! Falou Josh olhando sério para avó.

- O que acha que devo fazer Felipe?

- O que achar melhor vovó. Estarei te apoiando no que quiser fazer.

- Eu acho que poderiam vir mais aqui, aproveitar o ar do Campo. Faria muito bem a senhora dona Zélia! Disse Priscila tentando conquistar simpatia.

Dona Zélia se virou para mim. E perguntou com um sorriso.

- E você Helena, o que acha?

- Antes de responder dona Zélia. Posso te fazer uma perguntar?

- Sim...Claro!

- Porque está pensando em vender essa casa? Ela me olhou pensativa.

- Guardo lembranças do Oscar, meu único amor. Nós dois passamos muitos anos felizes nessa casa. Costumo ficar triste quando olho cada parte dessa casa. Os últimos dias dele aqui, me fez não querer voltar.
Lágrimas nos olhos de dona Zélia fez com ela que se levantasse.
- Me desculpem, estou cansada, vou deitar. Dizendo isso saiu, deixando todos tristes com sua comoção.

- Porque fez ela tocar nesse assunto? Não pensou que ela ficaria triste? Josh falou me acusando, depois saiu atrás da vó.

Um sorriso vitorioso brotou nos lábios da traiçoeira.

- Tudo bem...disse Felipe tocando minha mão. Sei que não foi intencional. Pode terminar o almoço, vou ver como ela está. Vai ficar tudo bem.

Nora me olhou com pesar. E a biscate, sorria devorando sua salada, como se nada tivesse acontecido.

- Obrigada pelo almoço Nora, vou para o quarto. Disse me levantando da mesa.

- Helena... você não comeu nada!

- Não se preocupe Nora, não estou com fome.

Sair para o quarto triste, por ter feito dona Zélia chorar. Mas não foi de propósito, nunca faria uma senhora tão doce chorar.
Será que ela ficou magoada comigo?

Entrei no quarto, sentei um pouco, pensando em tudo que estava mechendo com minha cabeça. Felipe, Selena, Priscilla, agora dona Zélia.
O que mais pode acontecer comigo?

Preocupada, liguei para meus irmãos, graças a Deus estava tudo bem com eles. Estavam felizes, fazendo piadas e as brincadeiras de sempre. Tentei parecer normal, mas eles notaram algo estranho em minha voz, ficaram fazendo perguntas. Eu logo desliguei para tentar despistar.

Estava com um projeto de trabalho atrasado, resolvi adiantar, seria uma boa fuga para minhas preocupações.

Trabalhando no perfil de alguns vendedores, Felipe entrou no quarto.

- Como ela está? Perguntei aflita.

- Ela quer conversar com você, nem quis tomar seu remédio antes.

Fechei o notebook. E fui conversar com ela.

Quando entrei no quarto, ela estava sentada na cama, com algumas fotos nas mãos.
Fiquei parada observando quando ela me olhou e disse.

- Vem aqui, quero te mostrar algumas lembranças. Numa caixa, ela pegou fotos do casamento dela, de viagens feitas com o marido, momentos felizes em varios lugares. Enquanto mostrava e contava histórias, ela sorria, meu coração foi se acalmando ao vê-la tão animada.

- Eu o amava muito, Oscar foi o grande amor da minha vida.
Com ele aprendi que o amor não precisa doer, ele só precisa existir.
Os anos passaram e tudo que ficou foram lembranças, momentos e histórias para contar.
Sua pergunta me fez lembrar que dentro dessas casa, vivi momentos incríveis com meu Oscar. Eu quero que o Felipe viva  o que eu vivi nessa casa.
O Josh, é outra história, ele vai demorar a descobrir seu verdadeiro caminho. Algumas pessoas tem que ser lapidada para seguir enfrente.
Acho que sua pergunta me revelou a minha resposta. Resolvi que não vou vender.

- Que bom dona Zélia! Tive medo de ter te magoado, com minha pergunta.

- Não foi sua culpa, meu anjo!
A culpa foi das lembranças.

Depois disso, ficamos conversando durante um tempo, até dona Zélia ficar sonolenta.

Voltei ao quarto para tomar um banho. Felipe não estava. Antes de entrar no banheiro, escutei um barulho estranho do lado de fora. Olhei pela vidraça, Priscilla estava arrastando sua mala, para fora da casa. Abrir a porta do quarto tentando descobrir o que estava acontecendo. Josh correu até ela, tentando tirar a mala de suas mãos.
Eu me afastei e tentei ficar escondida atrás de uma parede.

- Eleþ me paga Josh! Gritou indignada.

- Esquece meu irmão, ele é um babaca. Caiu direitinho na lábia dessa dissimulada. Achei que o Felipe era o mais inteligente da família, mas me enganei.
Agora para de bobeira e volta para dentro da casa. Está anoitecendo, é perigoso dirigir nessa estrada á noite.

- Eu volto, se me prometer que vai me ajudar a desmascarar a Helena.

- Eu já falei que vou te ajudar! Mas quero que cumpra nosso trato.

- Tudo bem... combinado.

Enquanto voltavam para casa, corrir para o quarto, fechei a porta, pensando no que falaram.

Eles tem um trato? Que trato é esse?

- Oi Helena! O que aconteceu? Olhei para frente, Felipe estava sem camisa, parado na porta do banheiro.

- Não foi nada... Só estava aqui... pensando.

- Pensando no porquê está correndo dentro da casa? Parece ter visto um fantasma!

- Antes fosse! Disse baixo.

- O que disse?

- Nada! Estou cansada, só isso!

- Tudo bem...mas não me convenceu. Vou tomar um banho e conversamos melhor.
Entrou no banheiro, eu me joguei na cama."Nossa tem horas que eu queria desaparecer, e voltar para minha vida monótona de antes".

Fiquei parada olhando para o teto, durante o tempo que o Felipe levou para tomar banho.

Ele saiu de toalha, foi até o armário, deixou a toalha na cadeira ao lado, e sem nenhuma vergonha do meu olhar curioso. Começou a se vestir sua cueca vagarosamente.
Fiquei olhando cada detalhe do seu corpo, não conseguia parar de olhar, parecia hipnotizada.
Terminou de vestir a cueca, passou perfume e me olhou com um sorriso safado.

- Está satisfeita?

- Oi? O quê? Disse tentando disfarçar meu olhar de admiração. Sentei na cama morrendo de vergonha.

- Posso ficar nu novamente, se quiser. É só pedir...

Sem resposta, fiquei olhando pra ele, com o coração disparado, praticamente mil batidas por segundo.

Ele ficou me olhando e caminhou devagar em minha direção.

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