Capítulo Dezoito

50 5 2
                                    

Sou acordada com batidas na porta, olho no relógio da parede e vejo que são 21:45h, eu e minha facilidade em dormir.
Abro a porta e vejo Otávio parado sobre ela.

- Preparei um jantar pra gente. Desculpa te acordar.

- Hm... - sento na cama. - Onde você foi mais cedo?

- Fui esfriar a cabeça, passear em um parque, cheguei mais cedo, vim aqui e você estava dormindo. Comprei pizza pra gente. - ele sorrir sem jeito. - Eu não sei cozinhar.

- Tudo bem. - levanto da cama e vou com ele até a cozinha.

Comemos algumas fatias de pizza enquanto conversávamos.

- Vamos dormir? - ele levanta do banquinho.

- Boa noite, te vejo amanhã. - beijo sua bochecha e saio da cozinha.

Eu não quero continuar me apegando tanto ao Otávio, nós não temos absolutamente nada. Vou me afastar aos poucos, o que a gente tem não é sério, qualquer momento ele pode me dá um chute na bunda.

Deito em minha cama e fecho os olhos, penso em ligar para o meu pai, pego o celular e então ligo.

- Pai, boa noite! Como você está? Estou com tanta saudades.

- Boa noite, Manuela! Eu não posso falar agora, tchau.

Ele desliga o celular, me deixando triste. Meu pai é a única pessoa que eu tenho aqui na terra, quase toda vez que ligo é assim, "não posso falar agora", "retorno a ligação depois" e nada. Ele só pensa nos novos filhos dele com sua nova esposa. Eu me sinto um lixo, sinto que sou rejeitada.

Em meio as lágrimas, adormeço.

Acordo e olho no relógio, vejo que são 06:02h. Levanto da cama, tomo um banho, visto meu uniforme e a sapatilha. Saio do quarto e vou para a cozinha, Marina está aqui.

- Marina, bom dia! Que saudades. - abraço ela.

- Também senti sua falta. - ela me dá um abraço forte.

Ajudo Marina a levar as coisas para a mesa da sala de estar e volto para a cozinha, tomo meu café da manhã e após o café, lavo as louças para ajudar Marina.

- E vocês, como estão? - Marina pega um pano de prato e vai enxugando as louças.

- Vocês quem? - me faço de desentendida.

- Você e o Otávio, vocês estão bem?

- É, Marina, ontem eu pensei um pouco e acho que estou me envolvendo muito rápido com ele, tenho medo de me machucar, sabe? Nós não temos nada sério, até por que nós estamos nos conhecendo. É confuso, tenho a impressão de que nos conhecemos a muito tempo. Eu lembro que eu assitia uma moça que falou algo parecido com que eu vou te falar: não é tempo e sim conexão.

- Tenha calma, Manu! Tudo no seu tempo.

- É, você acha que eu não sei? Mas eu tenho medo.

- Você gosta dele, certo?

- Gosto, mas... Eu tenho medo de quebrar a cara.

- Mas o que? Você vai perder a chance de ser feliz? Se estar com ele te faz bem, continue. Se tem medo, converse com ele sobre isso.

- Você está certa, eu estava pensando em me afastar, pra não me machucar.

- Isso seria injusto com ele.

- Eu vou acorda-lo! - subo até o andar superior.

Entro em seu quarto e vejo umas roupas espalhadas pelo chão. Olho tudo com calma e vejo o que ninguém gostaria de ver, o Otávio estava com outra mulher em sua cama, ela tinha os cabelos loiros e sua roupa estava no chão. Saio de fininho do quarto.

Sinto como tivesse levado um tiro, ele jamais gostou de mim, apenas me usou para se satisfazer.

Desço as escadas correndo, passo por Marina que está sem entender nada. Corro pro meu quarto, arrumo minhas malas o mais rápido possível, separo a quantia em dinheiro que vinha juntando pra entregar pra Marina.

Lágrimas molham o uniforme, que eu estou a tirar. Visto uma roupa qualquer e saio do quarto puxando minhas malas.

- Marina, entrega essa quantia ao Otávio e fala que não me viu.

- Manu, o que aconteceu?

Saio sem dá explicação e logo estou na frente da mansão, as lágrimas insistem em cair. Pego um táxi e volto pra minha antiga casa, a casa que eu morava antes de entrar nessa cilada.

Entro em casa e jogo minhas malas nos cantos, me jogo na cama, tentando acreditar no que aconteceu. Eu fui muito otária, em acreditar no Otávio.

Algumas semanas depois...

Estou me sentindo melhor, arrumei um novo emprego como garçonete de uma lanchonete. Eu não vou me culpar pelo erro dos outros, coloquei isso na minha cabeça e estou vivendo bem.

Otávio me liga todos os dias, eu nunca atendi, nunca deixei ele me contar suas desculpas. Continuo juntando dinheiro o máximo que posso, quero quitar essa dívida e me desvincular totalmente ao Otávio.

Esquento uma pizza no microondas, como a primeira fatia e já me embrulha o estômago. Vômito a fatia de pizza, não tem sido fácil, eu devo ter pego uma intoxicação alimentar ou algo do tipo, estou sempre enjoada e vomitando.

Hoje eu tenho uma consulta com um médico, ele vai me falar qual meu problema. Eu não aguento mais acordar enjoada, comer e botar pra fora, isso é um saco.

Meu celular toca e eu vejo no visor, Otávio. Ele realmente não desiste... Se ele soubesse o quanto me machucou...
Deito no sofá e acabo pegando no sono.

Acordo e olho a hora no relógio, 02:23h da madrugada. Preciso dormir, mais tarde tenho consulta e logo após trabalho.

A governantaOnde histórias criam vida. Descubra agora