- Você está vendo? - o médico aponta pra tela.
- Não consigo ver quase nada.
Ele passa um pouco mais daquele gel gelado na minha barriguinha.
- Vou te mostrar, com calma. - ele aponta novamente pra tela. - Um, dois!
Eu arregalo os olhos, dois bebês?
- São gêmeos, parabéns em dobro! - ele sorrir.
- E o sexo, dá pra saber hoje também? - pergunto ansiosa.
- Eu consigo ver... Um menino e... - ele dá uma pausa, que me deixa louca.
- Ah, doutor, por favor! - filmo tudo com o celular.
- E uma menina. - meu coração acelera. - Você quer ouvir os batimentos?
- Claro! - sorrio.
O barulho mais lindo que já ouvi em minha vida ecoa pelo consultório médico. São dois batimentos, meus bebês. Me emociono ao lembrar de Otávio falando desde o começo que nós teríamos gêmeos...
O médico limpa minha barriga e eu levanto da maca.
- Agora, vamos te uma conversa séria. - ele senta na cadeira e começa anotar algumas coisas em um papel.
Observo tudo sentada na cadeira a sua frente.
- Você precisa ganhar peso, os bebês estão magrinhos.
- Tudo bem.
- Você precisa tomar essas vitaminas. - ele me entrega o papel, são vários remédios que eu preciso comprar
Saio do consultório com algumas imagens da ultra e sigo para o hospital que Otávio está internado.
Não demora muito e chego logo lá, pego um elevador e logo estou em seu andar, entro em seu quarto e vejo ele dormindo.- Amor, você acertou, são dois!
Começo reproduzir o vídeo que filmei desde o início da ultra.
- Você ouviu os batimentos dos nossos filhos? Nosso Kauê Henrique e Kemily Eloá. - beijo seu rosto. - Eu gostaria tanto que você estivesse comigo nesse momento.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto.
Alguns meses depois...
Entro no quarto hospitalar e sinto seu cheiro, ele continua em coma. Esses meses que passaram, foram muito difíceis, eu precisava muito do seu apoio.
Estou no 9° mês da gestação e ele ainda continua em coma. A cada dia minha esperança vai sumindo, mas eu não vou desistir dele, nunca.
Otávio não deu nenhum sinal esses meses todos, durmo todas as noites aqui no hospital, só saio pra demorar quando vou fazer alguma ultra ou algum exame.Toda noite durmo numa poltrona super desconfortável, eu quero estar aqui quando ele acordar.
Caminho até próximo a cama e seguro sua mão.- Otávio, por favor, acorda. Nossos filhos estão tão perto de vir ao mundo, eu preciso tanto de você ao meu lado, eu preciso de você, eles precisam de você.
Sinto um leve aperto na minha mão.
- Amor, eu não aguento mais te ver assim... - lágrimas começam escorrer pelo meu rosto.
Deito minha cabeça em seu abdômen.
- Eu tô tão cansada, eu só queria te ter aqui comigo, você me dá forças...
- Eu tô aqui. - sua voz sai fraca e falha.
- Você acordou... - beijo seu rosto.
- Estou com sede.
Corro até o bebedouro e pego um copo com água, entrego e ele toma.
- Como é bom te ver acordado!
Abraço ele. Coloco minhas mãos em seu rosto e me aproximo para beija-lo. Ele vira o rosto, não entendo o motivo.
- Cadê a Carol? Ela deveria estar aqui.
Engulo seco ao ouvir isso.
- Otávio, não tenho notícias dela faz meses.
Ele escuta calado, ele mal me olha. Seu olhar é um olhar frio, esse não é o meu Otávio.
- Olha, amor. - coloco sua mão sobre minha barriga. - Logo, logo eles vão vir ao mundo.
Ele retira sua mão da minha barriga.
- Quem é você? - ele me olha confuso.
Ele não me reconhece, não lembra de mim. Saio do quarto e vou chamar o médico.
Entro no quarto com o médico que não estranha esse acontecimento.- É temporário, a memória vai voltar, talvez ainda hoje. Ele precisa descansar, reparar as energias.
- Entendo. - me sento na poltrona.
O médico sai do quarto e logo uma enfermeira entra no quarto com uma bandeja com um pratinho de sopa e uma maçã.
- Você quer ajuda? - pergunto pegando a bandeja com a enfermeira.
- Não preciso de você, se puder me deixar sozinho. Aproveita e leva toda essa decoração cafona que está no meu quarto.
Recolho todas as decorações que eu fiz no dia do meu aniversário e as imagens da ultra que estava em alguns porta retratos espalhados pelo quarto.
Marina entra no quarto e eu vejo seu sorrindo se abrindo ao ver Otávio acordado.
- Meu menino! - ela joga a bolsa no chão e corre para abraça-lo.
- Marina!
Pego algumas coisas que eu trouxe pra cá e coloco tudo em uma mala, junto com a decoração.
- Manu, onde você vai? - ela pergunta ao me ver com a mala.
- Ele não me quer aqui, não lembra de mim.
Deixo uma lágrima escapar.
- Otávio, como você pôde fazer isso com a mãe dos seus filhos?
Ele olha pra minha barriga.
- Manuela! - seu sorriso abre e seus olhos brilham.
A memória dele voltou assim? Do nada? Ou ele está se fazendo de louco? Me aproximo aos poucos.
- Vem cá, amor. Eu estava brincando, sua bobona. - ele sorrir, tirando assim um peso da minha consciência.
- Isso não teve graça. - bato em sua mão.
- Teve sim, eu me controlei muito pra não rir. - ele gargalha alto. - Deixa eu passar mão nos meus filhos.
Ele passa a mão sobre minha barriga.
- Eu te falei que seriam dois, não é? - ele me olha nos olhos.
- É, você falou. - sorrio.
- Agora vem aqui, me dá um beijo. Tira essa sopa daqui, por favor. - coloco a bandeja na mesinha e beijo ele. - Eu tô doido pra te pegar de quatro. - ele fala baixinho em meu ouvido.
- Otávio....
- Ué, eu passei um tempão sem te sentir, é normal eu sentir tanto desejo. - ele sorrir.
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A governanta
Fanfiction+16 | Este livro contém conteúdo pesado, palavras de baixo calão. | HOT Manuela Lanutti é uma jovem de 24 anos que precisa enfrentar um novo desafio em sua vida, trabalhar como governanta pra quitar uma dívida que sua mãe antes de partir. Para quita...