Trinta e Um

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Otávio.

Cinco anos se passaram desde a última vez que tive contato com Manuela, procuro evitar vê-la. Eu me sinto o homem mais burro desse mundo. Eu tinha tudo que alguém poderia sonhar em ter.
Eu tinha uma mulher linda ao meu lado, tinha um família incrível, hoje a família diminui, somos só eu e nossos filhos, que já estão com oito anos de idade.

Eu não sei como eu pude ser tão babaca com Manuela, ela jamais deveria ter escutado o que escutou de mim. Eu estava um pouco alterado, bêbado, mas, isso não justifica meus atos, minhas traições.

Eu me culpo todos os dias, por ter deixado ela tão triste. Manuela não é a mesma, a última vez que a vi, há cinco anos, ela estava super magra, com enormes olheiras e fumando, ela nunca foi disso... Eu sinto uma culpa enorme por todo o mal que eu fiz ela passar.

Nossos filhos sempre falam que a mãe deles está triste. Kemily me contou que perguntou pra sua mãe por que ela não arrumava um namorado, ela respondeu que sofreu a maior desilusão do único homem que amou. O preço que eu pago é bem alto, por ter feito tão mal a ela. Eu não consigo amar outra mulher, ela é a mulher da minha vida.
Quando eu a tive, desperdicei a chance de ser feliz e fazê-la feliz.

Eu não sei se conseguiria ver ela novamente, são cinco anos sem vê-la, a dor da saudade é tanta, que se eu pudesse, iria correndo vê-la.
Tenho evitado vê-la, pra não deixá-la desconfortável, eu sentia isso, quando ia buscar Kemily e Kauê quando tinham três anos. Desde então, Marina vai buscá-lo e levá-los.

No closet, tem umas peças que ela adorava usar pra dormir, as lingeries pretas que ela usava pra me agradar, tudo ainda tem seu cheiro, não consigo me desfazer de nada que seja dela.

Posso estar fazendo uma burrada grande, mas eu não aguento mais, eu preciso vê-la. Depois de tantos anos, eu quero vê-la, sentir sua pele, preciso do seu abraço. Eu não me conformo, essa dor não passa.

- Pai, onde vai? - Kauê olha pra mim.

- Vou conversar com sua mãe. - saio rapidamente de casa.

Pego o primeiro carro que vejo na garagem e saio disparado.

Cinco anos e essa mulher não sai da minha mente, não consigo esquecer, por mais que eu tente, eu preciso lutar pelo seu amor.
Alguns minutos, chego em seu prédio. Estou parado em frente a porta do seu apartamento, tomando coragem pra tocar a campainha.

Sem pensar, toco a campainha. Vejo a porta sendo aberta e lá está ela...

- Otávio? O que aconteceu com meus filhos? Onde eles... - interrompo sua próxima pergunta abraçando ela.

Ela não me corresponde.

- O que você está fazendo? - ela tenta me empurrar. - Me solta.

Saio do abraço, vejo seus enormes cabelos soltos, ela não está tão mal quanto da última vez.

- O que deu em você? Você está louco? Perdeu os sentidos? - ela me olha com nojo.

- Eu não aguentei, eu tô morrendo de saudades de você. Manu, por favor. - sento no sofá e peço pra que ela me acompanhe.

- Cadê os meus filhos?

- Eles estão em casa, com Marina. Manu, agora me escuta.

- Eu não quero te ouvir, Otávio.

Seguro sua mão, ela é tão delicada e macia.

- Manu, eu não consigo te esquecer, por mais que eu tente, você está sempre nos meus pensamentos... Eu passei esses anos todos tentando te esquecer, eu não consigo. Você é a mulher da minha vida.

Sinto sua mão tremer.

- Eu não posso pensar na possibilidade de voltar com você, não mais. Otávio, você me falou coisas horríveis, das quais eu nunca ouvi. - ela retira sua mão. - Otávio, você me traiu, você me humilhou.

- Você acha que eu esqueci? Como eu poderia esquecer?

- Você ainda jogou a culpa em mim, eu não podia me arrumar como uma princesa, pois tinha dois bebês pra cuidar. No aniversário de um ano dos gêmeos, eu queria comemorar, estava entusiasmada, você falou tantas coisas ruins, que eu nem lembrei de comemorar o aniversário dos meus filhos.

- Nossos filhos, Manuela.

- Meus, foi você quem disse isso.

- Manuela, eu não quero brigar... - seguro sua mão que está trêmula.

- Você, foi o pior erro da minha vida, se eu soubesse que você estragaria minha vida, eu nunca teria pisado naquela casa, nunca teria me envolvido com você, eu fui a idiota que acreditou em você.

Solto sua mão e coloco minhas mãos sobre o rosto, não consigo evitar as lágrimas, suas palavras tem um peso tão grande sobre mim.

- Você praticamente me expulsou da sua casa, me traiu... E quando eu tentava chegar perto de você, tentava acender as nossas chamas, você sempre dava uma desculpa. Estava cansado, tinha trabalhado muito, mas na verdade, você estava me traindo, pois não tinha mais tesão em mim.

Escuto tudo sem interromper e sem querer me defender. Olho em seus olhos e vejo que essa não é a mesma Manuela que eu conheci.

- Foi um erro eu ter vindo te procurar depois de tudo que eu te fiz passar, me perdoe por tudo, Manuela, eu prometo não vir mais te procurar. - essas malditas lágrimas...

Levanto do sofá e caminho até a porta.

- Otávio...

Olho pra trás e vejo tudo embaçado, mas vejo Manu parada me olhando.

- Eu posso ser a pior pessoa do mundo pra você, mas eu jamais te deixaria sair assim, senta um pouco, vou pegar uma água pra você.

Sento no sofá e abaixo a cabeça, como eu pude destruir essa mulher maravilhosa? Levo minhas mãos ao rosto, não consigo parar de chorar, o peso que eu carrego é muito grande.
Ela me entrega um copo com água, eu tomo um gole e coloco sob a mesa de centro.

- Está se sentindo melhor? - continuo de cabeça baixa, eu não tenho cara pra olhar pra ela novamente.

- Obrigado pela água. - levanto do sofá e caminho até a porta.

Ela me segue.

- Manuela, espero que um dia você possa me perdoar, eu vou te esperar, mesmo que passe dias, meses ou anos... Manu... - coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. - Eu te amo muito, me perdoa por ter acabado com sua vida. - saio do seu apartamento.

Chego em casa destruído, totalmente acabado por dentro.

- Pai, você está bem? - Kemily me abraça. - Você está igual a mamãe, chorando.

- Estou bem, meu amor. Papai vai subir, Marina deve estar na cozinha, quando quiserem ir embora falem com ela, está bem? Papai vai descansar.

Passo na cozinha e vejo Marina lá, pego uma garrafa de whisky e subo pro meu quarto.

A governantaOnde histórias criam vida. Descubra agora