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A garota loira se movimentou pelo banheiro e aproximou-se de uma mochila, azul como o mar, caída no chão e a abriu  retirando um lenço que ela usa para enxugar seu rosto. Escondo minhas mãos, trêmulas e suadas,
atrás das minhas costas.

— Você... está precisando de ajuda? — A minha voz soa como um apito de treinador. quando está sem a pequena bolinha, totalmente esganiçada.

— Eu não quero atrapalhar. — Disse e rápida como uma bala ela tentou passar por mim e fugir do banheiro. Um sentimento desconhecido me impulsionou para faz impedi-la. Quando seguro seu braço a garota, afinal ela aparenta ser bem mais jovem que o meu irmão, me encarou com os olhos arregalados.

— Eu não sou um monstro universitário. Pode confiar em mim! — A demonstração de sinceridade no meu tom de voz parece funcionar quando sua expressão amedrontada muda.

— A faculdade. Como posso saber se ela é para mim? Merda. Eu não tenho coragem, não vou ser aceita.

O sentimento de confusão fazem meus olhos cerrarem quase automaticamente.

Ninguém entra na faculdade com o pensamento de que tem que ser aceito pelas outras pessoas, pelo contrário, seus pensamentos estão em como irão se sobresair em relação as outras pessoas.
O pensamento e a necessidade de ser aceito está mais ligado ao Ensino Médio.

Na maioria das vezes o único tipo de crise que encontramos no banheiro da faculdade é a das pessoas que estão com dúvidas se estão no curso certo e, felizmente nunca fiz parte desse grupo.

— Mas você não precisa ser aceita. Na realidade, ninguém é aceito de verdade pelas outras pessoas. — O rosto da jovem se contorce desconfortavél em relação as minhas palavras.

— Isso deveria me confortar?

— Escute, você sempre vai se deparar com pessoas que não aceitam alguma parte de você, a questão é que, você é quem deve aceitar ou eles?

— Eu?

— Exatamente! — vocifero —
Achei que tivesse deixado isso claro na minha frase motivacional, porém, não sou muito boa com essas coisas. Se você me conhecesse, saberia que, na realidade sou eu que sempre está do seu lado da conversa, pedindo conselhos.

A sua pequena risada faz com que meu coração fique mais leve.

— Agora, por que está pensando isso?

— As pessoas não sabem cochichar por aqui. — Ela deu ombros.

— Seja bem-vinda ao Campus de Atlanta, onde a boca das pessoas parecem com mega-fones gigantes. As pessoas daqui são bem fofoqueiras. Sou a Emma. — Estendo a mão para a garota que não demora muito para me cumprimentar.

— Meu nome é Alessandra. — Sorriu fraco.

O momento de apresentações é totalmente interrompido quando uma mulher entra no banheiro, em movimentos desesperadores.
Como se acabasse de correr uma maratona.
Ela grita "licença, licença"
adentrando uma das cabines.

Nos encaramos em choque. O silêncio foi quebrado com um estrondo de flatulências na cabine. Os olhos azuis de Alessandra se arregalaram para mim. Coloquei a mão sobre a minha boca para impedir que uma risada saisse e ela também, sinalizei rápidamente para que saissemos do banheiro. Os sons eram quase como trovoadas.

— Caramba, achei que eu estivesse em uma má situação. — Comentou entre risos.

— Viu? — Enfasei estirando as sobrancelhas — Aliás, quantos anos você tem mesmo?

— Vou completar dezoito em setembro.

A minha boca se abriu.

— Certo... Pode falar a verdade. — Minha voz não poderia soar mais desacreditada. — Alessandra me encara confusa. —
É sério? — Ela confirmou balançando o rosto. — Desculpa, é que, não reque você não pareça jovem, é que... Aqui é a faculdade, então.

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⏰ Última atualização: Sep 13, 2022 ⏰

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