35

44 3 0
                                    

A ponta dos meus dedos deslizam pelo couro sintético da bola, por pouco consigo tocá-la mas a ação rápida dos meus pés em contração da areia seca me faz deslizar, caindo de bunda na areia.

O círculo de plástico faz um barulho molhado e abafado quando cai ao meu lado.

Um grito alto, em meio ao vento escandaloso, direto da voz famíliar de Clare acompanhado dos ruídos de comemoração de Lucky e George. No canto dos meus olhos, vejo os três se abraçarem.

Em um gesto vago, ou nem tanto assim por que eu realmnte adoraria ganhar, derrubo um monte de grãos de areia ao meu lado.

Sinto uma sombra pairar perto de mim. Ergo o rosto, a mão de Adam é a primeira coisa que vejo, estendida na minha direção, os olhos castanhos pairando sobre mim de maneira acolhedora. Detrás dele, Bradley faz o gesto breve de esconder sua mãos atrás das costas, sem parar por lá e deslizar no cabelo loiro.

Olho para mão de Adam, piscando os olhos atônita, pensando se imaginei ou não aquilo. Parece que Bradley veio me ajudar a levantar, mas hesitou depois de Adam estar um passo a sua frente. Seguro a mão do meu noivo para ficar de pé.

- A próxima partida é nossa. - Sorriu com um ar confiante, balanço o meu rosto para concordar.

- Emma, acho você acabou perdendo a prática. - Clare diz desfilando por mim, parando ao lado de Bradley.

- É, acho que sim. - Comento me sentindo ainda um pouco perdida. - Quer dar um mergulho? - Digo apertando um pouco a mão de Adam.

Seus olhos varrem o mar, como se estivesse pronto para criar um ótima tese sobre ele, como o bom advogado que é. Posso visualiza-lo dentro de um tribunal com esse semblante. Seus lábios se apertam, em conjunto com um movimento rápido para negar.

- Desculpe, o mar ta muito movimentado.

- Tudo bem. - Fico na ponta dos pés e desfiro um selinho na sua boca, um sorriso pinta em seus lábios quando me afasto.

De soslaio, consigo ver Clare se afastar, novamente indo para água com companhia.

- Então parece que temos alguém para olhar nossas coisas. - Anunciou George com uma voz locutor de radio, surgindo do nada detrás do meu noivo e agarrando minha mão.

- George! - Protesto com a puxada violenta que ele me dá.

- Boa vigia, senhor policial. - Brincou há alguns passos de Adam, que rebateu imediatamente. Lucky prosseguiu andando na frente.

- É bom me tratar com respeito mesmo, playboyzinho, não seria legal se o seu celular novo sumisse. - Ameaçou comicamente, o que fez meu irmão dar um falso sorriso amarelo.

Andamos em direção ao mar, George continua segurando meu braço, imagino que queira conversar. Assim que a água fria toca nossos pés, estamos sozinhos, há metros dos outros, meu irmão começa a falar.

- Vocês dois foram até o final? - Sua pergunta é clara e sem rodêios. É sobre eu e Bradley. Evito responder no mesmo patamar que ele, apenas murmuro um som gutural de boca fechada, em positivo. - E por que está agindo desse jeito? Pensei que nunca conseguisse guardar um segredo tão imoral desses, muito menos desse jeito, tão...

- Frio? - Digo fazendo semelhança com o mar que nos emana. George evita responder, mas sei que concorda.

- Você vai contar?

- Não... não mais. - Digo e as palavras são libertadoras, porquê finalmente estou aceitando. - Meu casamento não pode acabar por um erro bobo.

- Atração não é coisa boba.

Segredos de um verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora