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Abro a porta. Contudo, minhas pernas logo travam e fico parada entre a porta e a guarnição, paralisada observando a decoração.

O lugar é literalmente um salão.
Com papeis de parede bege com detalhes dourados, como o teto. O chão de ceramica, tão polido que eu poderia me encarar como um espelho. Mesas escanteadas, fartas de comidas e bebidas. Minha mãe se superou.

De relance, apenas consigo ver meus pais dançando em baixo do mediano lustre no meio do salão. Medio, era isso que ele era em relação ao que pisca no saguão de casa.

- Emma. - Uma voz chama meu nome.

Me encolho, quase fechando os olhos. Com medo de que um pequeno movimento seja o bastante para a pessoa sentir o cheiro do cigarro.

Eu deveria andar com um pequeno perfume. Devia. Não mais. Eu não vou ser a porra da tia fumante que sempre baforeja na cara dos sobrinhos.

Sinto um cutucão na minha costela. Me viro no mesmo momento, como um vulcão pronto para entrar em erupção. Entretanto, toda minha chama se encolhe quando sou recebida por olhos azuis, como o atlântico.

- Bradley? - Indago, estranhando sua presença. Sei que eu não deveria me surpreender mais ao vê-lo.

Afinal, ele se impregnou na nossa familia.
E provavelmente será assim até o final do verão.

Seus olhos me varrem com um olhar tão intenso que quase me encolhi.

- Você está muito linda... - Minha respiração para por um segundo, mas sorrio com o elogio.

Não tenho o costume receber elogios de outros homens. Brinco com o tecido entre meus dedos.

Meu vestido é branco, coberto de flores vermelhas, com uma calda longa - O contrário da frente que vai até meus joelhos - que vai ao tornozelo das minhas botas pretas.

- Você também está... - Paro de falar observando o seu corpo.

Estou solteira. Isso é que repito pra mim.
Poderia flertar com Bradley, elogia-lo da cabeça aos pés e mandar Adam ir a merda.
Mas nada sequer sai.
O que estou pensando? Ainda tenho toda minha paixão por Adam e a esperança de que iremos voltar.

Bradley há poucos segundos foi o motivo de Adam desconfiar de mim. Agora, cogito a idéia de flertar com ele. Isso só mostraria que Adam estav certou. Ou não. No fim das contas, eu não estaria pensando isso se ele não tivesse terminado comigo.

Todavia, isso sugaria todo meu profissionalismo.

- Essa hesitação foi positiva ou negativa?- Ele pergunta com uma risada aconchegante que me tira do meu transe. Então me permito observa-lo.

O terno azul destaca perfeitamemte a gravata vermelha em seu pescosço.
Terno sempre foi o meu fraco e Adam odeia terno.

- Você está otimo, senhor Collins. - Digo sorrindo de canto, mantendo um tom e formal para que eu não perca minha postura.

Ele solta uma risada e revejo minhas palavras, procurando o que eu disse de tão engraçado.

- Ai estão vocês... - Me viro quando escuto a voz conhecida de George. Ele cumprimenta Bradley com um olhar e passa os olhos por mim rapidamente. - venham. - Ele gesticula para que nós aproximassemos.

Tento manter no minimo um metro de distância para que meu irmão fareje o cheiro do cigarro, como um cachorro.

Ele nota minha distância e me encara confuso, mas não diz nada.

Segredos de um verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora