21

52 5 0
                                    

Acho que está acontecendo um terremeto.
Sinto meu corpo ser movimentado a todos os lados sob a escuridão dos meus olhos fechados, então os abro.

- Emma... - A voz de Bradley surge, suave
em sussuro nos meus ouvidos.

A claridade me espanta e pisco meus olhos algumas vezes.

Sonolenta, endireito meu corpo na poltrona do avião. Devo ter adormecido em um estalo de dedos, sequer me lembro quando.

- Já estamos perto de pousar. - Contou, me analisando contorcer o pescoço de um lado para o outro. - Você caiu no sono e resolvi não te acordar.

- Obrigado por isso... - Meu agradecimento sai entre-dentes enquanto
espreguiçando - Não consegui dormir direito essa noite.

Ele franze as sobrancelhas, com um olhar de pena ou apreensão direcionados a mim.
Talvez temesse que estragasse tudo com meu cansaço e preocupação excessiva.

- Estou bem, relaxa... - Bufo, me virando para encarar o movimento no avião.

Está tudo tão calmo. Os outros passageiros devem ter pego no sono, como eu.
Não há o insuportavel barulho de choro ou gritos de crianças. Até mesmo a briga de pais de sempre. Devo ter pego o voô dos sonhos.

Collins se remexe na poltrona, ficando corcunda para observar o visual através da janela estreita.

- Vamos pousar daqui em média vinte minutos. - Informou sem me encarar -
Já estamos em cima de Key West. - Ele bateu com o indicador duas vezes no vidro da janela, fazendo pequenos estralos.

- Posso ver? - Questino. Bradley acena se reenconstando na poltrona. O encaro surpresa, imaginei que trocariamos de lugar. Solto um suspiro. Sem problema.

Me debruço por cima da sua poltrona e assisto o espetáculo que é essa bela vista.
Tudo parece pequeno, como uma pilha de peças montada ao jogo LEGO. Contudo, a ilha é maravilhosa. O contrário de Miami, o dia aqui está radiante. Com o sol refletindo nos mares cristalinos ao redor de Key West. O lugar mais conhecido como o Caribe dos Estados Unidos.

- Seu cabelo é loiro? - Sua voz surge calma porém com um notavél tom impressionado.

Consigo imaginar seu cenho franzido, encarando a raiz pouco loira do meu cabelo. Molho meus lábios elevando meus olhos aos ares, prendendo um riso.
Encaro seu rosto. Sorrio observando a curiosidade em seus olhos, observando das raizes até as pontas do meu cabelo.

Me sinto desconfortavél na posição que estou, com que um braço apoiado no encosto de braço da sua poltrona e outro na minha. Se qualquer aeromoça me ver assim, levarei uma bronca.

- Sabe se você não percebeu, não há ninguém ruivo na minha familia. - Conto com uma pitada de irônia me sentando novamente no meu assento. Seus olhos me seguem como um gato perseguindo um ponto de luz.

Ele estala a língua desgrudando o foco de mim para janela.

- Não fiz as contas. - Admitiu fingindo estar chateado e acabo rindo, logo ele também.

Fico feliz por nunca deixarmos as coisas ficarem estranhas.

Meu celular vibra e o pego no bolso traseiro da minha calça. Adam perguntou se eu havia chegado, como resposta, envio um foto sorrindo fazendo um sinal de "V" com mão. George e minha mãe também perguntaram a mesma coisas.

Estava prestes a desligar o celular quando Darla - que eu não falava há um tempo - confirmou presença na festa.

Acabamos colocando o papo em dia.
Parece que ela começou a namorar um cara, mas tudo desceu pelo ralo mais rápido do que ela esperava.

Segredos de um verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora