[19] Surpresa dolorosa.

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3 dias depois...
( 19/11/1451 )

Foram necessários três dias para a coragem de Hyunjin ressurgir e chamar Mi-suk até o jardim para contar-lhe o que era preciso. Depois de muita insistência de Felix, o príncipe finalmente estava pronto para dar a notícia de que tudo poderia ir por água a baixo.

Ou talvez, isso era o
que eles pensavam.

— Mi-suk — chamou-a enquanto estavam sentados a beira do lago.

— Sim?

— Eu... — arfou. — Eu preciso te contar algo antes que seja tarde e você fique surpresa demais para enfrentá-lo tranquilamente...

Uma expressão de espanto surgiu no rosto da garota. As palavras de Hwang a assustaram, porém também despertaram curiosidade em seu coração. Ela queria ouvir logo qual seria a notícia.

— Diga, Hyun — pediu.

Ele respirou fundo, procurando a coragem que o levou até lá.

— Você sabe que eu serei rei daqui há alguns anos, não é?

— E como sei... — ela sorriu triste.

— Pois é. Digamos que... esses anos foram adiantados e eu terei a coroa antes dos vinte e cinco — a mais nova arregalou os olhos. — A idade máxima é vinte e três. Não assumirei depois disso.

Ah... — lamentou. — Mas isso não é o que você quer, Hyune! Não respeitam seus desejos? Você é o príncipe!

O moreno suspirou.

— Você sabe que... — sua voz já estava ficando chorosa. — Não existe rei sem rainha, não é?

O coração da Lee acelerava.

— O que quer dizer? — balbuciou.

Ele suspirou novamente, tentando, ao máximo, segurar o choro. O mesmo não encontrava palavras corretas para dar a notícia à mulher que amava, ficando em silêncio por alguns segundos e agoniando-a por completo.

— Fale, Hyunjin! — implorou.

Meu pai arranjou uma esposa para mim!

De repente, o dia pareceu mais escuro. Os pássaros pararam de cantar e o vento parou de soprar. O sol escondeu-se atrás das nuvens, triste por aquele amor sincero que não duraria por muito tempo. Até as flores se fecharam. O mundo lamentou junto ao casal, sentindo a dor que existia no coração de ambos.

Mi-suk, assim como a natureza, deixou o silêncio prevalecer em sua garganta. Seus olhos encheram-se de lágrimas, porém ela não queria deixá-las sair, já que o príncipe ficaria ainda mais deprimido se visse o amor da sua vida em prantos.

Coitada da garotinha,
ficou totalmente paralisada ao
ouvir o que o outro pronunciou.

Ele, diferentemente dela, permitiu que a dor tomasse conta de si, sentindo lágrimas quentes descerem sob sua bochecha. Hwang chorava silenciosamente – pois, como príncipe, foi acostumado a reagir assim –, vendo suas mãos trêmulas e percebendo o quão forte seu coração batia.

Coitado do garotinho,
ficou totalmente nervoso ao saber
o que esperava-lhe futuramente.

— Hyunjin... — chamou-o, falando com dificuldade. — Vem .

Então ela abriu os braços, indicando que queria, mais do que tudo, envolver o seu único amor em um abraço forte enquanto ainda podia. E assim ele fez, entregando-se a tristeza e apoiando-se sob os ombros da garota, dando liberdade às lágrimas em seus olhos e deixando a roupa da menina encharcada. A Lee, tentando tranquilizá-lo, o abraçava forte e acariciava suas costas. Sim, Mi-suk também chorava, porém Hwang nem percebia, já que a garota parecia calma demais para estar em prantos.

— Quando ela chega? — indagou.

— Em dois meses...

Mi-suk apertou mais o príncipe, sentindo uma infeliz dor no peito após saber cada vez mais do que lhe estava destinado: separar-se de seu amado e ser obrigada a vê-lo casar com outra. Era pior que tortura.

Lee respirou fundo.

— Tudo bem — suspirou por fim. — Nós vamos ficar bem.

— Mas, estrelinha... — a mais nova interrompeu-o.

— Enquanto a futura rainha não chega em Dozza, iremos aproveitar a companhia um do outro, sim? — ela tentava acalmá-lo. — Viveremos como se existisse apenas nós dois no mundo. Faremos bom proveito da paz que ainda nos resta. Seremos felizes. Só eu e você.

— Mi-suk... — choramingou o príncipe.

— Estes dois meses serão nossos únicos momentos despreocupados até ela chegar, não é? Nós vamos ficar bem, eu sei que vamos...

— Por que você está aceitando isso tão facilmente?

— Porque não há o que fazer, Hyun — respondeu. — É melhor aceitar do que ficar sofrendo, não acha?

Concordando, o maior escondeu o rosto na curvatura do pescoço da jovem que o abraçava, envolvendo fortemente as costas macias dela com os braços e sentindo seu delicioso perfume doce entrar em suas narinas. O herdeiro, mesmo com dificuldade, fez como a menina: aceitou o futuro que o esperava sem reclamar.

Eles não tinham escolha, precisavam aprender a lidar com as situações que viriam acompanhados a chegada da princesa selecionada. Precisavam lidar com os turbulentos problemas juntos, independentemente do que possa acontecer, era necessário terem a companhia um do outro a todo momento. Juntos eram mais fortes.

Juntos enfrentariam qualquer coisa que viesse para atrapalhar a paz que tinham. Podiam tudo, até aguentar as perturbações que a monarca faria para com os dois.

Claro, eles aceitaram o destino que estava próximo, porém não iam deixar de lutar pelo seu amor e pela justiça.

Esse amor que
era capaz de vencer
qualquer coisa até uma princesa indesejada e as ordens do rei.

Eu vou te amar — sussurrou o príncipe para ela —, mesmo que me proíbam, eu te amarei mais todos os dias até morrer.

Mi-suk respirou fundo enquanto uma lágrima descia em sua bochecha.

Você é o amor da minha vida, príncipe Hyunjin — disse. — E eu farei de tudo para te ver feliz. Farei de tudo.

{...}

E o resto dos dias continuaram assim: repetitivos, entediantes, curtos demais. Sempre parecia a mesma coisa. Até que apenas faltavam semanas para a chegada dos nobres europeus, resultando num grande tumulto no castelo. Preparativos e mais preparativos. Todos pareciam felizes, com altas expectativas e animação, menos os três: Hyunjin, Felix e Mi-suk, os únicos que não queriam aquilo tudo.

Os dias continuavam passando e a angústia em seus corações também aumentava. A paz estava acabando. Não só entre eles, mas em todo o continente. Tudo estava, lentamente, indo por água a baixo.

𝑻𝒉𝒆 𝑶𝒖𝒓 𝑷𝒓𝒐𝒎𝒊𝒔𝒆 | 𝗛𝘄𝗮𝗻𝗴 𝗛𝘆𝘂𝗻𝗷𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora