Um jovem príncipe apaixona-se profundamente por uma plebéia, filha da empregada do castelo. Seu romance se torna quase impossível quando descobrem que ele está predestinado à casar com a princesa de um continente próximo para fazer uma aliança comer...
Acordei com o queixo doendo e a cabeça latejando. Ouvi o cortar das ondas assim que abri os olhos. Havia sangue secando no canto de meus lábios, os quais ardiam como fogo. Meus pulsos estavam presos com correntes enferrujadas, e eu mal pude me mexer. Todo o meu corpo doía.
Mesmo com dificuldade, abri totalmente a visão, e meu coração foi para a garganta quando eu percebi que não encontrava-me nem um pouco perto de casa.
Era um lugar escuro, embora a luz do sol o iluminasse fracamente. Suas paredes eram de madeira, e as grades que me prediam eram de ferro. Um ferro impenetrável. Existiam pequenas salas ao longo do corredor, igualmente a qual eu ocupava, mas, diferentemente da "minha", estavam vazias.
O silêncio que predominava o local fez meus ouvidos sangrarem em agonia.
E com isso, minha mente clareou rapidamente, e minhas pernas tremeram.
Era uma prisão. Uma prisão num navio.
Recuei até minhas costas se chocarem com a parede. Nunca senti tanto medo como agora, nem no dia em que pensei perder Mi-suk. Eu sequer parecia um príncipe herdeiro. Vergonhoso.
De repente, ouvi passos. Passos lentos e determinados, vindo em direção de minha cela, além de uma lâmina riscando o chão de madeira. Uma espada. Meu corpo enfraqueceu e minha garganta se bloqueou.
Isso deveria ser um pesadelo, mas não. Era real. Infelizmente, era real. . .
Logo os passos se tornaram mais altos e mais próximos, e o suor escorreu frio por minhas costas machucadas. Porém o medo tranformou-se em ódio quando meus olhos pairaram naquelas ondas loiras.
Linyah MacGyver. . .
— Ora, ora, ora — provocou em sua língua nativa. Meu estômago revirou. Eu quis vomitar. — Achei que teria de te acordar com água gelada, alteza.
— Onde eu estou, MacGyver?! — bravejei, embora minha voz estivesse rouca.
Ela riu fraco, não tirando os olhos de mim.
— Bem-vindo ao meu inferno.
Um arrepio corroeu minha coluna. Engoli em seco.
— Será um prazer explorar toda a riqueza do seu reino, Hyunnie.
Fechei o punho, sentindo meu sangue ferver. Se essas correntes não me prendessem, eu com certeza enforcaria essa princesa. Desgraçada.
— O que vai fazer? — perguntei relutante, com medo da resposta.
Outra risada soou em meus ouvidos.
— Fique tranquilo, príncipe — respondeu, apoiando os braços na grade. — Dozza se tornará pó de uma forma rápida e indolor, não precisa se preocupar tanto — riu novamente.
Cerrei os dentes, e em um movimento rápido, levantei-me, partindo em direção à ocidental. O barulho alto das correntes tomou a cela, e eu não consegui me mover. Linyah sequer recuou.
— Segure sua raiva, querido.
A encarei com desdém, sentindo minha respiração falhar.
— Vai precisar dessa valentia quando ver sua namoradinha e o irmão dela morrerem.
Arregalei os olhos. Meu coração parou e minhas pernas enfraqueceram. Eu quase caí de joelhos.
— Deixe-os em paz, MacGyver. . .
A Loira riu entre os dentes enquanto se afastava das grades de metal, mas não tirando os olhos de mim.
— Pobre príncipe — começou. — Sem amor, sem pais, sem amigos. . .
Minha raiva transformou-se em desespero. Meus dedos tremeram, e uma lágrima escorreu por minha bochecha ferida.
— Sem sua coroa.
O barulho das ondas tomou o ambiente quando a princesa sumiu nas sombras daquele calabouço. Ouvir o sussurro do mar, agora, seria a única coisa boa que aconteceria comigo antes de morrer.
Não tenho mais Mi-suk em meus braços. Não tenho mais Felix ao meu lado. Não tenho mais o meu povo. Não tenho mais nada a não ser dor, tristeza, raiva, sofrimento.
Só então entendi o porquê daquele sonho. Minhas roupas não são mais de príncipe. Sou um prisioneiro. Um herdeiro capturado, o qual não poderá proteger seu súditos do perigo.
Sinto-me como uma criança perdida. Não tenho mais saídas senão a morte.
Estou acabado, assim como toda a felicidade que possuía.
Mas ainda não acabou.
Dozza voltará a ser minha, e o povo tornará a sorrir novamente.
Pois eu vou me levantar. Dozzilianos vão se levantar.
Azul como a safira, e vermelhos como a aurora.
A coroa é minha.
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