Quando ele disse que tomou uma decisão muitas coisas passaram pela minha cabeça, algumas boas, mas a maioria tinha a ver com cenários onde eu acabava triste e solitário, então me soltei imediatamente do abraço dele.
— Esse suspense todo deveria ser útil pra que mesmo? — perguntei meio irritado.
— Você precisava ver sua cara agora! — disse gargalhando. — Não é nada demais, quer dizer, pra mim é sim bastante coisa. Sei que estamos realmente namorando, mas acho que pode ser mais sério que isso! É uma idéia mais a longo prazo, mas acho que já podemos começar a, pelo menos pensar.
— Ok, senhor engraçadinho, dá pra ir direto ao ponto?
— Amor, somos adultos, independentes, sei que você acha que é cedo, mas, você quer casar comigo?
— O-o que? Como assim casar? — perguntei cético.
— Casar, uai, viver juntos, essas coisas.
Realmente isso não estava nos meus planos, tivemos uma longa conversa sobre não apressar as coisas, então minha cabeça estava se movimentando com pressa, tudo começou a girar, prendi minha respiração sem querer, não sabia o que fazer e fui despertado com ele me sacudindo.
— Meu Deus, Antônio, respira! — disse preocupado. Puxei o ar com força e comecei a tossir. — Nossa, era só dizer não! — falou meio desapontado.
— O que?! — dei um soco no braço dele. — Não fala besteira! Olha, é claro que é um passo importante, precisamos pensar muito bem, planejar, muda muito a rotina de cada um.
— E? Você não quer? Não é pra amanhã, eu sei disso, mas acho que a gente já pode amadurecer a ideia.
— Davi, tem certeza que esse é o melhor momento pra gente falar disso?
— E quer momento melhor?! Esses dias me fizeram perceber que se a gente não tomar cuidado pode perder uma história linda, sei lá.
— Tem certeza que você não ta falando isso por causa da nossa briga recente?
— Claro que não! Não era pra parecer isso. Falei sobre o assunto porque estávamos falando sobre comprometimento e eu quero dar esse passo de compromisso com você. Isso começa comigo te apresentando aos avós do Artur, que, de uma forma ou de outra, são tudo o que eu tenho de família.
Pude notar um certo pesar nas suas palavras, então eu o abracei, beijei e fiz questão de demonstrar que eu estava ali. Se ele queria provas do meu compromisso com ele de alguma forma, então eu estava disposto a lançar mão do que ele quisesse, mas, claro, com consciência.
— Eu quero sim! Quero muito. — ele me abraçou forte. — Mas é devagar, tudo bem?
— Claro! Só de saber que você quer fico melhor.
— Ótimo, agora me leva pra jantar, to morrendo de fome!
Rimos, nos beijamos mais um pouco, então fomos, finalmente, para a mesa que ele tinha reservado para nós. A essa altura o restaurante já não estava tão cheio, então deu para aproveitarmos bem a companhia um do outro, conversar como há muito tempo não fazíamos e aquela sombra de tristeza que me rondava foi, enfim, dissipada.
— Eu achei que não viveria isso de novo tão cedo, confessou.
— Tive tanto medo, mas aprendi com meu erro, Davi, sei que não foi fácil e nada do que eu disser vai mudar o que passou ou amenizar.
— Ei! — ele me interrompeu. — Nada disso importa mais! Agora você sabe que eu gosto de fazer parte da sua vida e isso inclui saber dos seus planos e ser incluído neles. Mas só de saber que você e eu assumimos um compromisso e que você aprendeu sua lição, fico mais confiante sobre nosso futuro.
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Rota de Fuga.
RomanceAntônio, um jovem enfermeiro desiludido pelo amor é pego de surpresa pelo convite de um de seus pacientes para uma festa de aniversário. Numa sequência de acasos de ironias do destino, o rapaz vai percebendo que sua vida, antes muito bem planejada...