Capítulo 20

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Quando acordei no outro dia, o sol entrava pela fresta da janela e, como eu já disse antes, não gosto da sensação da luz no meu rosto logo cedo, então fui obrigado a despertar. Sentei por um breve momento na cama, fiquei pensando no dia, lembrei do voluntariado e já desci as escadas procurando por minha mãe. Tínhamos muito trabalho a fazer no posto e eu mal podia esperar para começar.

— Bom dia, mãe! — A encontrei de avental na cozinha.

— Bom dia, mocinho! Melhorou? Dormiu bem?

— Dormi sim! — Respondi bocejando antes de depositar um beijo no topo de sua cabeça.

— Muito bem! Óh, ontem eu falei com as meninas sobre o posto e hoje é capaz de terem umas duas ou três pra ajudar a gente a limpar.

— Que boa notícia, mãe! Mas como você noticiou isso assim? Lembra que eu não sou médico e que eu não posso fazer nada que seja atividade típica de um médico, ok?!

— Mas deixe de ser bobo, rapaz! É claro que eu tomei cuidado. As meninas já estão espertas com isso também! Ai meu filho, conseguimos trazer uma banda pro evento. Vai ser uma coisa tão linda!

— Vocês estão empolgadas mesmo né?! — Perguntei bobo com aquela excitação toda.

— Sim, tudo pra ajudar as pessoas mais carentes.

— Faz muito bem, mãe!

— Mas, me conta, qual é o plano?

— Bem, primeiro preciso saber o que tem no posto que eu posso aproveitar, remédios, suprimentos e essas coisas. Depois a gente vê o que faz!

— Tá certo! Então toma café, fiz um bolinho de milho pra você. Depois a gente desce pra se encontrar na cidade com o pessoal.

Realmente o grupo de amigas da minha mãe mobilizou um número considerável de pessoas e conseguimos rapidamente limpar todo o ambiente destinado ao posto, o que era um alívio já que eu não queria passar muito tempo no meio daquela poeira com medo de mais uma crise alérgica. De fato, mesmo com toda aquela ajuda a faxina durou em torno de 7 horas, o que acabou consumindo todo o nosso dia, mas, felizmente, tudo o que precisava ser ajustado acabou acontecendo para que, no outro dia, as coisas estivessem funcionando.

Eu só lamentava que o meu trabalho como voluntário ali naquela região fosse durar tão pouco, já que eu tinha apenas mais algum dia de férias, porém é o que fazemos em favor do próximo que importa. Em casa, minha mãe nos preparou uma maravilhosa janta que serviu para reforçar a necessidade que eu tinha de estar próximo aos meus pais novamente, já que sentia falta das coisas mais simples como o tempero que minha mãe usava ao cozinhar.

Após o jantar, fiquei na varanda apreciando aquele lindo céu quando meu celular vibrou com uma chamada de vídeo. A princípio eu estranhei, mas não até ver de quem era aquela ligação, então atendi imediatamente.

— Ei, boa noite! Atrapalho? — Perguntou envergonhado.

— Ei Davi, boa noite! Não atrapalha. — Respondi sorrindo bobo. — A que devo a honra?

— Ah, não tive mais notícias suas, então achei melhor quebrar um pouco a etiqueta e ligar logo.

— E existe uma etiqueta pra ligações? — Perguntei divertido.

— Deve ter alguma regra, certeza! — Respondeu espantando o ar à sua frente.

— Bem, hoje meu dia foi um pouco complicado... limpamos o lugar que servirá de posto de saúde pelo menos pelos próximos dias.

— Como assim? Você não ta de férias?

— Pois é. Acabei me voluntariando para ser enfermeiro aqui na comunidade, porque eles têm algumas demandas simples, mas não tem quem faça.

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