As coisas estavam indo de vento em popa, o clima de romance estava instaurado. Depois que tivemos a nossa primeira vez, Davi estava um pouco mais ousado, ainda tinha alguns receios, mas eu procurava deixa-lo seguro de que as coisas melhorariam com o tempo, ao que ele complementou dizendo que com prática também!
Sorria lembrando daquele jeito bobo de menino apaixonada que ele tinha, seus olhares atentos em cada movimento do meu corpo, a atenção por fazer tudo o que me agradava, deixava tudo ainda melhor. Como nem todas as coisas são contos de fada, eu logo voltei ao trabalho e guardava em mim uma tensão que não cabia no meu peito porque ainda esbarraria com o Rocco pelos corredores do hospital. Dito e feito!
No primeiro dia seguinte à minha volta, eu estava escalado para o turno diurno e quando cheguei ao hospital não vi o Rocco. Voltei à minha rotina de atendimentos e estava tranquilo no laboratório pegando alguns resultados de exames quando ele veio conversar comigo.
— Antônio! — Disse atraindo minha atenção. — Você parece ótimo! Como foi de férias?
— Bom dia, doutor Rocco! — Disse vendo ele torcer o rosto. — As férias foram maravilhosas, consegui descansar e ainda matei a saudade dos meus pais.
— Fico feliz em saber disso! — Respondeu meio sem jeito.
Após perceber que ele não diria mais nada e nem que sairia do caminho para que eu passasse, considerei que eu não tinha nada contra ele, apesar das duras palavras que me dirigiu, então achei melhor ser amigável e deixar aquela história no passado. Assim, perguntei:
— E como foram as coisas por aqui? Muito trabalho?
— O de sempre, você sabe! Por aqui nunca estamos com trabalho suficiente. — Disse sorrindo.
— Falando nisso, deixa eu ir andando... muitas coisas precisam de minha intenção.
— Claro, desculpe! Não quis atrapalhar. — Disse abrindo espaço para que eu passasse.
— Com licença, doutor! — Disse vendo ele torcer o rosto novamente.
O dia passou sem maiores detalhes, eu continuei meu trabalho, mas percebia que o Rocco de vez em quando aparecia pela minha sala querendo conversar ou simplesmente o pegava me olhando, quase como se estivesse estudando meus movimentos. Sendo a pessoa discreta que eu sou, achei melhor não dar atenção e fingir demência. Fiz um pequeno intervalo para dar uma respirada e estava distraído no cafezinho quando recebi uma mensagem do Davi.
— Oi, lindo! Como estão as coisas aí no trabalho? — Sorri automaticamente.
— Por aqui tudo bem, Davi... e por aí?
— "Por aqui tudo bem, Davi... e por aí" mimimi. — Disse enviando uma figurinha me fazendo gargalhar instantaneamente.
— O que foi? — Respondi.
— Vou te dar mais uma chance, ok?! Oi, >>LINDO<<! Como estão as coisas aí no trabalho? — Aí sim eu ri e rolei os olhos em seguida.
— Bom dia, lindo! Por aqui as coisas estão caminhando... e por aí!
— Agora sim! Ah, a rotina de sempre...
Enquanto conversávamos sobre eventuais encontros furtivos, eu sorria bobo olhando para a tela até que uma voz me distraiu.
— Humm... quem será que ta causando esse riso todo?
— Cris?! Que saudade. — A respondi com um forte abraço.
— Também estava com saudades! Como foram as férias?
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Rota de Fuga.
RomanceAntônio, um jovem enfermeiro desiludido pelo amor é pego de surpresa pelo convite de um de seus pacientes para uma festa de aniversário. Numa sequência de acasos de ironias do destino, o rapaz vai percebendo que sua vida, antes muito bem planejada...