Capítulo 8

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No final de semana Rocco me convidou para sairmos novamente, mas dessa vez ele queria algo mais intimista. Nas palavras dele, precisávamos nos conhecer melhor porque eu era uma companhia interessante e agradável e ele não queria perder a oportunidade de me conhecer. Fiquei feliz com aquelas palavras e ao mesmo tempo já estava querendo rotular o tipo de relação que eu tinha com o Rocco, sendo que este seria apenas nosso segundo encontro. Será que eu estava exagerando com isso tudo?! Sei lá, ser analítico demais as vezes mais atrapalha que ajuda.

Logo no sábado de manhã ele me enviou uma mensagem fazendo o convite, ao qual eu aceitei de pronto, sem pensar muito porque estava mesmo querendo conhecer uma pessoa nova, mesmo que fosse apenas para uma amizade.

— Claro, Rocco! Qual é o plano? — Perguntei em resposta à mensagem que ele me enviou.

— Ah, pensei da gente assistir um filme e depois ver o que rola...

— Parece uma boa ideia! Nos encontramos no shopping, então?!

— Não mesmo! Eu busco você aí na porta da sua casa. — Respondeu de pronto.

— Rocco, eu não sou uma princesa que precisa de uma carruagem! — Levei na esportiva.

— E quem disse que é isso?! É caminho uai.

— Então ok! Se você diz, nos encontramos mais tarde. Pode ser?

— Sim! Te busco por volta das 18h30. Ok?!

— Fechado!

— Vou lavar a moto agora...

— Imagino a cena! Kkkkk — Respondi sorrindo.

— Nem precisa! Te mando uma foto.

— Oferecido!

As mensagens se encerraram por ali. De repente comecei a lembrar do Davi, dos momentos engraçados que passamos juntos quando fui almoçar no restaurante dele outro dia. Aliás, uma grande surpresa, já que eu não tinha como imaginar que ele era um empresário promissor. Mas também o que eu queria, não é mesmo!? Não tínhamos qualquer vínculo efetivo que justificasse eu saber mais do que o necessário sobre ele.

De repente me bateu uma bad e uma necessidade imensa de esquecer essa história tomou conta de mim. Além disso, não podia permitir que esse mood atrapalhasse o encontro que eu teria mais tarde, se é que eu poderia chamar dessa forma. Espantei essa onda de negatividade da minha mente e fui cuidar dos meus afazeres, desde separar as roupas para lavar, conferir a correspondência e, minha parte favorita, eu precisava ir ao supermercado, o que eu preferia fazer logo pela manhã para, pelo menos, pegar alguns produtos mais frescos.

A cidade exalava uma energia limpa, jovial, com pessoas correndo pelas calçadas, outras passeando com seus cães, de mãos dadas com seus parceiros ou filhos e isso era resultado de um dia de sol. Quer dizer, normalmente aos sábados costuma estar frio, mas com essa loucura do tempo, já não dava mais para confiar na previsão dos órgãos de meteorologia. Meu quarteirão, especificamente, era ladeado de outros três totalmente revitalizados com belos cafés, livrarias, pequenas lojas de flores, aquela padaria que eu mais gostava, espaços públicos para lazer, numa tentativa da prefeitura local de atrair uma população mais nova para a região.

Em razão disso, era comum vermos muitos jovens para lá e para cá, mas alguns idosos também viviam por ali. Li em algum lugar que aquela parte da cidade costumava ser o polo industrial, mas que com o passar do tempo foi perdendo espaço para outros empreendimentos destinados mais ao centro do estado. De todo modo, algumas industrias ainda lutavam pelo seu espaço por ali e isso também era um dos motivos pelos quais havia investimento para atrair uma população mais nova, que pudesse contribuir com a retomada do crescimento do lugar.

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