Capítulo 24

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No dia seguinte acordei com uma saudade de casa, dos meus pais, dos meus "pacientes" do interior e até das amigas de minha mãe, mas estava feliz e satisfeito por estar em casa. Permaneci deitado por algum tempo e fiquei pensando que eu precisava cuidar da casa, afinal a geladeira tinha que ser limpa e o resto da casa também. Talvez desse uma passada no mercado para reabastecer os armários, ou talvez fosse melhor sair para uma corrida ao invés disso. Isso, é claro, sem mencionar que eu precisava devolver o carro à locadora.

Optei pela corrida porque os dias no sítio me fizerem ganhar alguns quilinhos a mais e eu precisava reestabelecer minha rotina de exercícios. Levantei, tomei banho, coloquei uma roupa confortável, calcei os tênis e fui. Cheguei ao parque, velho conhecido, aspirei o ar daquele ambiente, o sol tímido, mas marcando presença, seria um dia agradável.

Pelo período de 50 minutos me exercitei intercalando entre caminhadas e corridas, afinal meu corpo já não estava mais com o mesmo condicionamento. Quando achei que já estava bom por um dia me sentei em um dos bancos do parque e fiquei vendo algumas crianças brincando. Uma delas em especial me chamou a atenção: um menino dando pulos de alegria acompanhava seu pai até à beira do lago, onde colocaram um pequeno barquinho de madeira.

Lembrei do meu pai e do Artur em um passado não tão distante, sorri satisfeito com o gosto que essa memória tinha para mim. Isso me levou direto à lembrando de que hoje jantaria com o Davi, mas eu estava tentando ao máximo não criar nenhum tipo de ansiedade em torno desse pequeno encontro. Não sabia como eu me comportaria frente a frente com ele em um ambiente que, apesar de conhecido, ainda era estranho.

Antes de voltar para casa, passei na locadora, aguardei a vistoria no veículo e então parti. No caminho, porém, decidi tomar café na mesma padaria de sempre. O cheiro dos pães frescos, dos bolos, o próprio cheiro de café me deixava tão extasiado e, principalmente, com fome. Pedi um suco de laranja e um croissant para tirar meu desjejum, quer dizer, já não era assim tão cedo para esse tipo de refeição, mas eu ainda estava de férias mesmo.

Voltei para casa, cuidei do que precisava, mas, por pura preguiça, adiei minha ida ao supermercado para o outro dia já que eu não precisaria fazer nenhuma refeição em casa naquele dia. Estava ouvindo uma música e tirando poeira de cima do armário da sala quando meu celular notificou o recebimento de uma mensagem.

Bom dia! Dormiu bem? — Sorri lendo e respondi de imediato.

Bom dia, Davi! Dormi sim, e você? — Não demorou muito e a resposta chegou.

Bem também, obrigado! Dia cheio hoje, preciso ir ao banco resolver algumas questões, talvez passe no supermercado e o Artur vai pra casa dos avós mais tarde.

Nossa! Cansei só de ler...

Bobo! É assim mesmo, a rotina não é fácil. Já você, tá de férias né?! Descansando bastante...

É, posso dizer que sim! Mas nunca parado... — Disse enviando uma foto da faxina para ele.

Então é isso... boa sorte com sua faxina! Depois nos falamos melhor.

Pois é! Boa sorte no banco.

Encerramos a troca de mensagens e ele não mencionou nada sobre o jantar, me causado estranheza e até certa ansiedade. Droga! Eu não queria ficar ansioso com aquele encontro, mas ele não estava ajudando em nada. Será que ele esqueceu?! Não é possível, ainda ontem estava me intimando a comparecer no tal jantar.

Passei alguns momentos do meu dia limpando a casa e verificando o celular para ver se ele tinha mandando alguma mensagem, mas nada! Nada de mensagem sobre o que talvez estivesse fazendo ou perguntando o que eu estava fazendo e o dia foi passando bem devagar, a passos bem lentos. Decidi que não mandaria mensagem também! Estava sendo infantil e bobo ter todas essas reações.

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