Dose número 29

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Estamos chegando na reta finaaaaaaaal e eu tô ansiosíssima pra desembolar tudo pra vocês. Os capítulos seguintes serão um pouquinho maiores, então peço a compreensão de vocês, beleza? Um beijão e não se esqueçam de votar e comentar pra eu saber o que estão achando ❤️.

Deveria ser um crime de Estado acordar cedo.
Estiquei os braços contra o lençol e abri os olhos lentamente, enquanto sentia a maciez da cama me abraçar.  O teto branco foi a primeira coisa que vi, antes de ser invadida por uma avalanche de memórias que só se comprovaram verdadeiras assim que olhei para o lado.
CARAMBA!
Encarei o meu chefe embasbacada — dormindo feito um anjo — me perguntando de onde saiu tudo aquilo. Marcos não era de se jogar fora, principalmente nos dias em que ele estava de bom humor. Mas eu nunca imaginei que por trás de toda aquela fúria devastadora de carreiras existia um homem tão…tão…puta merda!

Ele se virou, trocando de posição, deixando o peitoral definido à mostra e eu fiquei ali, com os olhos arregalados imaginando quando foi que ganhei na loteria. Tempo suficiente para me lembrar de que minha aparência deveria estar tudo menos decente.

Escorreguei meu corpo para fora dos lençóis e alcancei a primeira peça perdida no chão — uma camisa social — antes de me trancar no banheiro.
A noite anterior foi perfeita, de uma forma que eu nunca imaginei que poderia ser. Apesar de sentir meu corpo dolorido, eu ainda conseguia sentir seus beijos e seu hálito quente sob minha pele. Marcos teve a audácia — graças a Deus — de me tornar viva novamente. Havia desejo, entrega e paixão em cada toque e em cada carícia revivendo em mim sensações que eu mal me lembrava que existiam. Poucas vezes me senti tão desejada como na noite passada e sua vontade louca em me agradar, acabou me tornando refém do seu amor. Não havia espaço para dúvidas. Ele queria o meu sim, queria que eu me entregasse, de corpo e alma, por livre e espontânea vontade, para que na manhã seguinte nada fosse capaz de me fazer mudar de ideia.

Vesti a roupa com facilidade e encarei meu reflexo no espelho: Fios de cabelo fora do lugar, ondas frisadas e uma maquiagem totalmente borrada se tornaram o meu pior pesadelo depois de horas vivendo no paraíso. Minha aparência catastrófica transformou aquela sensação gostosa que eu sentia em meu estômago num mar de desespero.

Porque Deus? Porque eu não posso acordar como a Gisele Bündchen?

Juntei os fios em um coque, totalmente bagunçado, e empurrei meu rosto contra a água corrente, tirando toda aquela maquiagem. Meus pensamentos acabaram sendo conduzidos para a programação do dia — especificamente para a bienal — e de como eu faria para passar as próximas 13 horas em um evento, fingindo ser duas pessoas diferentes. Marcos ainda não sabia da verdade e isso era o que ainda mais me preocupava.   

Nesta situação lastimável ainda tinha o meu livro, que poderia ser tão criticado a ponto de afundar a editora de vez. Eu estava nervosa, encurralada e com um pé na fila dos desempregados. Um pé não, uma perna inteira.

Enfiei a cabeça para fora da porta, conferindo se ele ainda estava dormindo e me dirigi até a cozinha, ansiosa para comer a primeira coisa que eu encontrasse. Eu estava faminta e depois de navegar os olhos pela geladeira abastecida do meu chefe, acabei decidindo fazer um bolo. Não sei porque raios isso me acalmava, mesmo sabendo que no final meu humor estaria ainda pior do que quando comecei. Isso porque as minhas duas últimas tentativas foram um completo desastre. Na primeira, não tinha forma. Então, no ápice da minha burrice tentei assar a massa numa panela e o resultado foi um fogão totalmente inundado pela maldita mistura sabor abacaxi. Na segunda tentativa, eu tinha tanta certeza de que daria certo, que até comprei uma barra de chocolate para fazer a cobertura. Mas o danado do bolo partiu ao meio, minutos depois de tê-lo tirado do forno.  Fiquei com raiva e nunca mais tentei.

Amor em doses de tequila Onde histórias criam vida. Descubra agora