Dose número 27

216 31 5
                                    

Somos 5 K!!! Eu estou tão feliz pelos comentários e votos de vocês, sério, que demais! Obrigada, obrigada e obrigada! Bom, o capítulo de hoje é bem grandinho, então decidi dividí-lo em duas partes que serão publicadas uma seguida da outra. Espero que vocês gostem! Beijão ❤️

E ahhhh não se esqueçam de comentar e votar pra eu saber o que vocês estão achando ❤️
     

Rio de Janeiro city era um sonho. Foi quase como uma miragem no meio deserto, depois de passar as 3 horas mais caóticas da minha vida.
Penélope partiu dessa para melhor e após 30 telefonemas histéricos, ela foi parar numa oficina pra lá do fim do mundo, onde judas perdeu as botas.
A única que tinha peças disponíveis e que cabiam no meu bolso.
Felizmente Jurandir, o dono da oficina, me garantiu que ela ficaria novinha em folha até o último dia da Bienal.

Terminamos a viagem com um uber e partimos em direção aos hotéis. Marcos e Armane seguiram viagem para um luxuoso complexo no centro enquanto eu, Ayla e Carmem decidimos dividir um quarto com 3 camas, em uma pequena pousada perto do evento.

Obviamente, ninguém ficou pra contar história.

Minha doce amiga baladeira foi logo contrabandeando seu corpo para o hotel do namorado e Carmem acabou sumindo da minha vista depois de confessar o arrependimento de estar dividindo o quarto com nós duas.

— Sabe o que é Isabela? Eu não gosto de você — disse ela, sentada em sua cama, horas atrás enquanto desdobrava o seu cubo mágico. — Mas o seu café é bom. Então acho que podemos chegar em um consenso, pelo menos até o fim da Bienal.

E foi assim que ela sumiu. Pelo resto do dia.
No meio da tarde, trancada a sete chaves em um cubículo de 30 metros quadrados, comecei a delirar.
Tentei meditar.
Tentei jogar ping pong — o único passatempo no hall de entrada do prédio — sem sucesso.
Instalei e desinstalei o Tinder só para tentar desencalhar e perceber dois minutos depois de que eu estava cometendo a maior loucura da minha vida.
E naveguei pelos 10 canais da televisão. Todos sobre bovinos, sem exceção.

Seria aquela a minha primeira noite no Rio e nesse cenário catastrófico, a única pessoa que eu conhecia era o recepcionista do prédio, Seu João, um homem barrigudo e com um bigode tão grande, que eu poderia facilmente esconder o meu carro entre os pelos.

Ergui os olhos para o espelho e ajeitei a peruca rosa. Já se passavam das quatro da tarde quando decidi levar a Cinderela para conhecer a cidade e encher a cara no primeiro bar que eu encontrasse. Eu estava carente, sozinha e tudo o que eu queria era beber até ser capaz de esquecer meu nome, meus medos e o Marcos.

— Uma tequila, por favor — pedi ao dono do minúsculo bar.

Ele arqueou uma das sobrancelhas enquanto dava uma rápida conferida no meu visual extravagante. Que se dane. E daí que eu estava usando botas em pleno verão? E daí que meu figurino parecia ter saído de um bordel? Poxa, eu era uma escritora exótica. Exótica e mal amada, que acabou com o próprio relacionamento, por pura burrice.

O pequeno botequim erguido bem no meio do centro de São Paulo, atraiu meu corpo como um imã embora eu tenha gastado 5 preciosos minutos da minha vida admirando a fachada do lado de fora. Movida às minhas preocupações, deixei-me levar pela trilha sonora que vinha de dentro, uma mistura melancólica e nostálgica, combo perfeito para quem estava sofrendo por amor. Não havia muitas mesas e mesmo assim o local estava cheio. Alguns homens estavam curvados sob a sinuca enquanto outros dividiam seu tempo em busca de bebidas e mulheres, que facilmente sentavam-se ao seu redor para acompanhá-los.

Virei o copo de uma só vez, sentindo o líquido quente descer feito o fogo e flamejar cada centímetro da minha garganta. Qualquer bebida que fosse capaz de cortar a minha conexão com a realidade era bem vinda e acredito que meus sentidos foram rapidamente perturbados quando escutei uma voz bem familiar ecoar atrás de mim.

Amor em doses de tequila Onde histórias criam vida. Descubra agora