T3 C2: Em Frente.

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01:07 AM.

Os faróis iluminam alguns metros à frente facilitando um pouco a visão de Fred. A mini-van se desloca pela estrada vazia dominada pela escuridão numa velocidade segura, na casa dos 60 km/h. Com exceção de Samuel, todos ainda permanecem acordados. No banco do carona, Lance observa a paisagem que se resume às árvores que cercam a pista sendo deixadas para trás. Poucas palavras foram trocadas desde o começo da viagem.

— Estou me sentindo mal por irmos embora nesse momento. - Cesar desabafa.

— Que momento? - Bruna o fita com curiosidade.

— Não sei bem, mas é como se estivéssemos abandonando João e a família dele. Ainda estão baqueados depois do que aconteceu e ele salvou nossas vidas no hotel. - explica.

— Ele entende o porquê de vocês precisarem ir. - Lance diz minimizando.

— Ele parecia aliviado em nos ver partindo. - Nataly comenta, com uma expressão confusa.

Lance suspira antes de responder.

— Ele só não queria ter a responsabilidade de garantir o bem-estar de vocês depois do que aconteceu no hotel. É muita responsabilidade até para nós que já lidavamos com isso antes. - fala encarando os que estão nos bancos traseiros pelo espelho.

— E ele provou que não tem condições de fazer isso. - Eduardo murmura.

— Eduardo! - Fred o adverte sem tirar os olhos da estrada.

— Isso é sobre seu pai? - Lance pergunta virando parte do corpo para fitar o rapaz.

— Ele só morreu porque João levou o irmão de volta para o hotel mesmo depois do meu pai tê-lo expulsado. - Eduardo diz com convicção.

— Ele fez o que qualquer um na situação dele faria. - Bruna rebate.

— Acha isso mesmo ele tendo matado seu pai também? - Eduardo encara Bruna com um olhar carregado de incredulidade.

— A culpa do que aconteceu com meu pai e com o seu não é do João. Você está querendo eleger um culpado pelo motivo da sua dor, mas só está sendo um babaca. - Bruna fala firmemente surpreendendo todos com a resposta e um clima pesado se instala no interior do veículo.

———

Ignorando o pedido de Luciane para que descansasse um pouco, João emenda outro turno na vigia. Os cabelos castanhos que a cada dia crescem mais alguns centímetros balançam com o vento gélido da madrugada. A mão direita se mantém sobre o coldre com a arma. Os dedos batucam no cabo da Magnum e o ranger das dobradiças da porta o faz dar espaço para a saída de Bruce. O militar para ao lado dele e esquadrinha o campo antes de falar:

— Seu turno acabou há dez minutos.

— Eu cubro o seu. Pode descansar.

— Você quem deveria estar fazendo isso.

— Estou bem. - João o olha rapidamente. — Por incrível que pareça.

— Agora está, mas se não descansar, mais cedo ou mais tarde vai ruir. - Bruce diz, sério.

— Consegue descansar com sua família estando por aí? - João o encara.

— Não. - o militar nega seguido por uma pausa breve. — Mas tento permanecer firme para encontrá-los.

— Como consegue?

Zumbis: O Começo do Fim (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora