Prólogo.

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Montese, Itália, 14 de abril de 1945.

Apesar da grande superioridade numérica, o avanço aliado pelo norte não ocorria conforme o planejado. Aproveitando-se do terreno difícil e escarpado, pequenas formações defensivas alemães conseguiam deter as forças adversárias muito maiores. A artilharia alemã, reconhecidamente uma das melhores da guerra, desempenhava muito bem seu papel de atrasar o avanço das tropas aliadas.

E foi nesse contexto que ocorreu o ataque à cidade de Montese, localizada ao sul das cidades de Bolonha e Modena. A conquista dessa cidade era de vital importância para que finalmente os aliados pudessem avançar pelo Vale do Rio Pó, zona geográfica mais plana, que favoreceria os ataques rápidos com blindados.

A missão foi entregue à 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, famosa Força Expedicionária Brasileira, que chegava para o conflito após a gloriosa vitória em Monte Castello, em fevereiro daquele mesmo ano. Montese ficava no topo de uma região formada por montanhas repletas de bosques e de difícil acesso, local ideal para a instalação de posições defensivas que permitiam aos alemães observarem de cima o deslocamento dos soldados brasileiros pelas encostas e vales.

Às 9:00 da manhã, dois pelotões brasileiros de infantaria avançaram contra algumas posições alemães no caminho de acesso para à cidade. Tal investida resultou em forte resistência nazista, culminando na morte do comandante do 2° batalhão e de dezenas de brasileiros. Ao meio dia, avançou a principal força brasileira composta por três batalhões completos de infantaria pertencentes ao 11° Regimento. Pelo meio, seguiu o terceiro batalhão, com o primeiro e o segundo responsáveis por cobrir os flancos direito e esquerdo.

Camuflados no bosque ao pé da colina que os levaria a Montese, os soldados trajados com o fardamento cinza de tom esverdeado carregavam no braço o símbolo da FEB: uma cobra fumando cachimbo em destaque sobre o fundo amarelo.

Faltava pouco para o ataque e os olhos dos brasileiros não desgrudavam nem por um segundo do comandante durante as recomendações.

– O único dia fácil foi ontem, senhores. - o homem de sessenta anos iniciou seu discurso transitando em frente à tropa. – Estamos às portas de mais uma batalha que nos levará a glória e esta será das mais complicadas. Há pouco chegaram notícias sobre os homens que avançaram sobre os alemães. Tivemos baixas consideráveis, mas a missão foi cumprida.

A notícia fora um ânimo a mais para os guerreiros.

– Vamos subir essas colinas e tomaremos a cidade. Estamos perto, a Linha Gótica cairá e não recuaremos por nada. O que fizemos em Monte Castello é um exemplo de quem nós somos e do que somos capazes. - Marcos, o comandante, prosseguiu. – Corram abaixados, não parem por nada e terão chance contra os atiradores.

Todas as recomendações foram assimiladas e os bravos combatentes receberam cinco minutos para suas preces. Um deles se deslocou até o jipe para completar seu cantil. Aquela altura, não havia mais mistério. Tudo que tinham que fazer era eliminar outra zona de resistência nazista e abrir caminho rumo à vitória.

– Rodrigues! - outro soldado se aproximou com seu rifle nas costas.

Ele vira fechando o cantil. Fita o amigo sorridente que deixa a carabina de lado e abre os braços. Os dois trocam um rápido abraço.

– Boa sorte para nós, meu amigo. - Martins sorriu.

– Boa. - Rodrigues mostrou os dentes ainda sujos da última refeição ao sorrir de volta.

Há dez meses batalhando na Europa, os soldados da FEB desenvolveram um forte sentimento de amizade e camaradagem. Rodrigues e Martins eram o exemplo mais fiel das relações surgidas no front.

Zumbis: O Começo do Fim (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora