T4 C1: Uma Ponta de Esperança.

51 7 6
                                    

08:46 PM.

O jovem de pé no portão do colégio interno Hilleska contempla o breu que domina a estradinha de cascalho que começa na avenida, a cerca de trezentos metros. A brisa fria da noite balança os fios dos cabelos castanhos que escapam da touca e ele esfrega as mãos umas nas outras a fim de aquecer-se um pouco.

Sua atenção é desviada para os faróis que surgem na avenida. Retira a luneta que pegara de um rifle sem munição e usa para observar a aproximação dos veículos, quatro no total. O primeiro é o hummer e ele estranha o fato de haver outros automóveis o seguindo. Continua espiando e não nota nenhum sinal de anormalidade, o que o leva a abrir o portão quando o veículo militar para em frente a ele.

O rapaz devolve a luneta ao bolso traseiro do jeans rasgado e destranca o portão de grades liberando a entrada dos carros que param em fila no pátio. Os passageiros desembarcam, ele analisa cada um e foca na jovem grávida por alguns segundos.

Os recém chegados também o observam, o taco de beisabal amarrado a uma das alças do cinto por uma corda não passa batido. Depois de mais alguns segundos analisando o rapaz, João conclui que não é o filho de Bruce, pois os dois não apresentam nenhuma semelhança.

— Onde Lucca está? - Bruce pergunta.

— Deitado lá dentro. Disse estar com dor de cabeça. - o vigia diz. — Gente nova, é?

— Amigos que conheci quando estava na estrada. - o tenente responde secamente e João percebe.

— Olá, pessoal! - ele acena para todos do grupo. — Me chamo Vincent.

— Prazer, Vincent. - Luciane sorri retribuindo o aceno.

— Vamos entrar. - Bruce fala atraindo a atenção de todos. — Conversaremos melhor lá dentro.

Todos assentem e antes de entrar observam a fachada com o letreiro apagado exibindo o nome do internato. Ao cruzarem a porta principal se deparam com o enorme salão contendo algumas mesas espalhadas e poltronas. O local é precariamente iluminado por uma lâmpada de emergência presa na parede dos fundos.

— Vou acionar os geradores e ligar as luzes. - Bruce diz indo na direção do corredor.

— A eletricidade funciona? - Nataly questiona, surpresa.

— Enquanto tiver combustível nos geradores, sim. - Bruce fala antes de sumir na escuridão.

— A gente só costuma ligar as luzes internas para evitar chamar atenção de pessoas e dos mortos, mas desligamos quando vamos dormir para economizar. - Vincent explica.

Caminhando pelo corredor, Bruce esbarra com o filho. Ainda sonolento, o garoto esfrega os olhos e encara o pai.

— Escutei vozes. - fala.

— Trouxe gente nova.

— Quem? - Lucca indaga, cético.

— Pessoas que conheci enquanto procurava você. São gente boa. - Bruce tranquiliza.

O jovem assente e segue em frente enquanto o pai vai para a sala das máquinas. Lucca se torna alvo dos olhares de todos assim que põe os pés no salão e ao olhar para ele não há dúvidas de que é o filho de Bruce. A semelhança entre os dois deixa evidente. O rosto fino, os olhos meio rasgados e até mesmo o andar entregam o parentesco. A única diferença notória entre os dois é o tom de pele que é um pouco mais claro que o do pai.

— Boa noite. - Lucca cumprimenta a todos.

— Boa noite. - o grupo responde em uníssono.

As luzes se acendem deixando todos mais visíveis. Lucca, assim como Vincent no primeiro momento, tem a atenção voltada para Molly, surpreso por saber que uma criança nascerá em meio ao caos que estão vivendo. Os dois se apresentam, bem como João e os outros. Bruce logo retorna e eles puxam cadeiras e se acomodam formando um semicírculo no meio do salão.

Zumbis: O Começo do Fim (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora