T4 C13: Caminhos Cruzados.

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— Eu espero que vocês estejam bem aí fora, em segurança. A situação aqui ficou feia rápido demais. Os mortos chegaram atraídos por sinalizadores e cercaram o colégio antes mesmo que pudéssemos tentar escapar... Estamos resistindo e tentaremos sair. É um plano arriscado, mas é o único que temos. Estou tentando manter a calma para poder pensar com clareza. Sua mãe está aflita, embora tente esconder. Deve ser algo de família...

O rádio montado sobre a mesa do diretor é encarado pelos olhos esperançosos de Lucio. Ele aguarda por qualquer manifestação de João e murcha na cadeira ao concluir depois de quase um minuto completo que nada virá. A luz verde pisca indicando haver sinal no canal de transmissão e Lucio pega o microfone novamente. Mesmo sabendo que não terá retorno, continua como forma de desabafo.

— Tudo o que eu tenho é fé em Deus que iremos conseguir nos livrar dessa situação. Além da fé, tudo o que restou são sua mãe, você e Isaac, além dos amigos que fizemos. Desde a semana passada tenho sentido uma angústia e ela vem crescendo durante esses dias, provavelmente por conta de todo o cenário. Penso em como seu avô lidou com a guerra, as histórias que ele contava de tudo o que viveu durante aqueles meses e busco forças nisso para passar por esses dias sombrios. Espero que vocês estejam bem, em um local seguro. Nos vemos em breve, garoto.

Lucio abaixa a cabeça e a sustenta com a mão direita apoiada sobre a mesa. Respira fundo e solta todo o ar dos pulmões. Repousa no encosto da cadeira e abre a gaveta à direita de onde tira o porta retratos com a foto do homem, a mulher e a bebê recém nascida. Encara a fotografia por um tempo. O reflexo da lua entrando pela janela às suas costas fica em destaque no vidro que protege a imagem.

Deixa a moldura sobre a mesa com a foto virada para baixo e inclina-se voltando a vasculhar a gaveta ocupada pela papelada bem organizada e encontra o cordão com um apito pendurado. Analisa o instrumento e coloca no pescoço deixando para dentro da blusa. O cheiro forte de podridão exala no ambiente e a origem do odor é revelada quando Isaac surge na porta com as roupas cobertas por entranhas e sangue.

— Estava procurando o senhor.

— Vim tentar falar com o João.

— Conseguiu?

— Não.

— Acha que aconteceu alguma coisa com eles?

— Espero que não. - Lucio levanta e se aproxima da porta com a mão esquerda bloqueando o nariz.

— O pessoal está praticamente pronto. Faltam o senhor e o Eduardo. - Isaac informa.

— Vamos. - Lucio toca o rosto do filho e faz um afago rápido seguido por um sorriso.

Isaac analisa o escritório escuro, o rádio ligado sobre a mesa e se apressa seguindo o pai pelo corredor.

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Espalhados pelas cadeiras da recepção da enfermaria, Karen e os amigos aguardam para serem examinados. O incêndio foi controlado e agora os paramilitares atuam na contenção de danos. A recepcionista da ala médica segue lendo seu livro atrás do balcão e ergue o olhar para fitá-los em períodos intervalados. 

— Cá entre nós, estamos bem. Não podemos simplesmente ir embora? - Billy questiona para Beatrice, sentada à sua esquerda.

— Cala a boca, idiota. - ela o belisca no braço, ele dá um pulo na cadeira. — Quer nos ferrar?

— Foi mal. - Billy se desculpa esfregando o braço.  — Para onde vamos agora já que nossa casa pegou fogo?

Zumbis: O Começo do Fim (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora