T3 C1: Fantasma.

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11:00 PM.

O creptar das chamas consome os galhos secos que alimentam a fogueira. Os olhares dos que estão sentados em volta do fogo permanecem fixos as chamas. Terem saído ilesos do hotel foi praticamente um milagre dada as circunstâncias e agora tentam processar, cada um da sua maneira, tudo o que aconteceu.

A morte de Yago foi um choque para todos e as reações são variadas. Bruna e Eduardo permanecem indiferentes, embora a jovem lamente profundamente por Luciane. Já o garoto, se sente vingado pela passagem do assassino de seu pai.

Nataly e Cesar compartilham do sentimento de deslocamento, algo natural. Afinal, estão longe de casa, longe de seus familiares e o que deveria ser uma viagem de lua de mel acabou se transformando em um grande pesadelo.

Lucio está aéreo, ainda processando a morte do sobrinho. Não consegue acreditar que não fez nada para impedir que a situação chegasse a esse ponto, ao mesmo tempo que sente que as coisas aconteceram rápido de mais para que pudesse agir. Uma semana foi tempo suficiente para perderem suas casas, presenciarem cenas horripilantes e verem pessoas próximas partindo. Sentado ao lado do pai, Isaac também demonstra-se abalado e deixa a preocupação com João transparecer através dos gestos. Em intervalos curtos, ele olha na direção do hummer e numa dessas olhadas vê o Tenente Bruce Oslon se aproximando.

O militar se senta fechando a roda em volta da fogueira e esfrega as mãos uma na outra na tentativa de espantar o frio. O silêncio abraça a todos deixando o clima ainda mais carregado.

— Como João está? - Fred decide quebrar o silêncio.

— Acordado. Os ferimentos não foram tão graves. O tiro no ombro não acertou nenhum osso e consegui retirar a bala sem grandes dificuldades. O disparo no abdômen foi de raspão. - informa a todos.

— Luciane está com ele? - Lucio o encara.

— Sim. Acho que estavam conversando sobre Yago.

Um rápido silêncio se forma novamente, mas dessa vez é cortado pela pergunta de Bruna:

— O senhor sabe alguma coisa sobre o que está acontecendo?

— Algumas. - O Tenente afirma.

— Pode nos contar? - Lance questiona, atento ao militar.

— Por que não poderia? - indaga sem entender a cautela.

— O Exército não adotou a postura que deveria diante do surto. Ao invés de proteger a população, estava atacando-a. Nós mesmos quase fomos vítimas de um ataque na saída de Chicago e só escapamos porque um dos agentes atirou a sangue frio nos outros e fugiu depois. - Lance resume em poucas palavras justificando a cautela e surpreende Bruce.

A memória do Tenente o leva de volta para aquela bifurcação, há quase uma semana. Recorda do que precisou fazer com seus parceiros, porém espanta o arrependimento ao lembrar o que aconteceu com Mack. Agora, sentando diante das pessoas que salvou ao matar sua tropa, tem a certeza de ter tomado a decisão correta, embora opte por manter em sigilo que foi ele o responsável por executar os outros agentes.

— Quando as tropas foram postas nas ruas as ordens eram apenas para neutralizar quem se comportasse de maneira agressiva e colocasse em risco a segurança de terceiros, mas a situação foi piorando a cada minuto e então a ordem para abater os civis que tivessem contato com as criaturas veio. - Bruce narra sob os olhares atentos de todos. — Minha equipe evitou ao máximo ter que fazer isso e quando percebi que não teria mais como evitar, eu desertei.

— Por que? - Nataly pergunta.

— Minha esposa e meu filho estão por aí. Não poderia fazer isso com eles estando nas ruas.

Zumbis: O Começo do Fim (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora