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História co-escrita com Kami_Cavalcante
— Alô? — A ligação está muda. — Alô?
— Você é o noivo, né? Deixe a minha irmã em paz, deixe a minha família em paz. — A voz parecia a de Luísa, mas não era ela.
— Quem é?
— Laura, a irmã da idiota que você anda comendo. Por favor, se afasta da gente, você quase matou a minha mãe. Arrume outra, minha irmã não é uma vagabunda; respeite nosso momento.
A linha ficou em silêncio; eu estava atordoado, mas as coisas ainda podiam piorar.
Minha mãe entrou sorridente em casa, abrindo as cortinas; apesar de acordado, meu corpo estava inerte.
— Na esbórnia de novo, Felipo?
— Mamãe eu...
— Não é problema meu, não mais. — Ela sorri e se senta no meu recamier. — Adiantamos o casamento, você se casa em 15 dias.
— Mamãe, não haverá casamento. Eu terminei com Maria Helena.
— Mas nem por cima do meu cadáver! Aliás, sua noiva foi muito discreta... Logo uma negra? É sério isso?
Me levantei e senti certa tontura, mas a minha ideia era dar um fim naquilo.
— Não seja preconceituosa.
— Mas eu não sou. Eu até recebo a Antonela em minha casa e a trato bem. — Minha mãe falava da esposa de um primo; diferente de Luísa, Antonela era milionária de berço, herdeira de uma grande fortuna de Belém do Pará, provavelmente mais rica que nós; ela que nos aceitou, para ser honesto.
— Você está falando como Maria Helena, mamãe, e você não pode esquecer que sua origem é bem inferior à de Antonela — comento. — Já que quer medir as pessoas por posses, meu pai casou com você por amor e certamente te amaria menos se a ouvisse falar um absurdo desses, papai adorava Antonela.
— Eu só quis dizer que eu não me importo...
— Você foi apenas racista; pare com isso, porque ela já é uma decisão em minha vida e não aceitarei esse tipo de comportamento.
Minha mãe era totalmente deslumbrada; não era maldosa, mas a ideia de ter um filho na família real mexia com ela. Mesmo que isso não tivesse qualquer impacto na vida do país.
Deixei minha mãe em casa e pedi um carro de aluguel. Descobri onde Luísa estava, um hospital; a mãe tinha sofrido um infarto e eu conseguia imaginar o porquê.
O hospital seguia um protocolo que impedia visitas e a esperei por horas; quando a vi, fui impedido por uma jovem.
A irmã de Luísa.
Antes que eu abrisse a boca, ela me deu algumas mochiladas pesadas, diga-se de passagem.
— Se afaste da minha irmã, seu canalha, eu te mato.
— Me deixe falar com Luísa! — peço enquanto a vejo entrar no hospital, alheia a minha presença.
— Você não ouviu o que eu disse? — Ela é extremamente parecida com a irmã, mas pelo menos uns cinco anos mais jovem. — Eu sei que vocês que têm dinheiro acham que o mundo é de vocês. E algumas pessoas podem até corroborar isso, mas não eu. Não a minha família.
— Veja bem, Laura... — Tento argumentar, mas ela não me deixar terminar.
— Veja bem você! A minha mãe está em um CTI agora e a culpa é sua. Você invadiu a vida da minha irmã e bagunçou tudo. Fique bem longe dela! — Ela parece tão magoada. — Fique longe de todos nós! Vá embora!
Em silêncio acato o que Laura pediu.
Mando uma mensagem para Luísa, vejo ficar com a notificação azul e sua foto desaparecer.
Eu era problema demais para ela e não poderia sequer dar um passo além. Luísa merecia alguém melhor, alguém inteiro, alguém que lhe desse paz.
Casar com Maria Helena e me divorciar em uma temporada seria a melhor solução para todos. Casaria e viajaria sozinho. Voltaria uma década depois e até lá Maria Helena poderia escolher o que fazer.
Soubemos, Maria Helena e eu, que Luísa não voltaria para o planejamento do nosso casamento. Suspirei aliviado, devo confessar.
Minha noiva queria uma valsa mais moderna e contratou uma mulher para nos ensaiar; certas dores, antes de destruir, elas humilham.
O ensaio começou e logo vi Luísa surgir, pálida, em nenhum momento ela me olhou nos olhos, até Maria Helena exigir que ela me ensinasse a conduzir.
Tive aulas de dança aos quinze anos, sabia aqueles passos como ninguém. Entendi o jogo de humilhação que minha noiva quis fazer e ver o ódio em seus olhos quando eu conduzi perfeitamente a mulher da minha vida em seu território foi delicioso, mesmo Luísa mal falando comigo.
Ela saiu assim que a dança acabou e eu assim que pude, o cheiro dela impregnado em mim, o seu olhar triste, a falta daquele brilho que me cativou. A ansiedade no que eu sentia, um misto de pequenas coisas, me levaram até ela.
Estava na casa dos pais; observei as janelas do lado de fora, a vi através das cortinas e, num ímpeto, pulei o muro e escalei até ela, mais apaixonado do que qualquer Romeu que ousou existir.
Pulei a tempo de segurar sua boca para que não gritasse.
— Você enlouqueceu? Não entendeu que acabou?
— Enlouqueci e basta uma palavra sua.
Deslizei a boca pela sua, que ansiava tanto quanto eu por aquele momento.
— Felipo...
— Eu te amo, Luísa. Eu não sabia que podia amar tanto alguém assim...
A beijei e ela correspondeu, um beijo sôfrego e desesperado; sabia que havia reciprocidade pela forma como as mãos dela me seguravam com força.
— Uma palavra, Luísa; me diz o que deseja e eu farei.
— Case com ela e me esqueça. O amor, quando chega na hora errada, não é o suficiente.
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Na cama com um Bilionário
ChickLitNoivo há quase uma década, Felipo não sabe mais o que fazer para continuar evitando o casamento. Parece que finalmente chegou a hora de dizer o temido "sim" no altar. Numa noite de fugas, ele acaba na cama com uma desconhecida, um incidente que par...