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História co-escrita com Kami_Cavalcante
LUÍSA
Foi uma tortura estar nos braços de Felipo sem poder ser dele. Os olhares e pedidos de Maria Helena me fizeram ter certeza de que ela sabia de algo. Eu já havia bagunçado a vida de tanta gente, não era justo fazer algo mais que pudesse prejudicar quem quer fosse, muito menos Marcel, que tanto cuidou de mim durante todos esses anos.
Logo que acabou o tal ensaio eu deveria ter ido para casa; minha família me aguardava, mas decidi ir até o meu chefe e colocar tudo em pratos limpos.
Nossa conversa foi muito difícil para mim. Sabia o quanto Marcel me admirava, respeitava e, acima de tudo, me amava. Ele não gostou de saber o que eu vinha escondendo dele, mas no fim disse que sentia muito por tudo o que eu estava passando e ofereceu passar o trabalho para outro cerimonialista ou ele mesmo fazer. Recusei com o coração apertado. Apesar de tudo, sabia que eu precisava fazer aquilo. Só vê-lo dizer sim a outra no altar faria com que eu realmente desistisse dele.
Quando cheguei ao meu apartamento, minha mãe e minha irmã já estava com suas coisas prontas. Papai já estava aqui e sua chegada havia sido devidamente comemorada. Seu abraço fez com que minha vontade de chorar fosse maior que qualquer outra em muito tempo, mas consegui me recompor.
Os três me convidaram para ficar alguns dias em sua casa até que mamãe ficasse melhor. Eu sabia que aquele convite era mais por mim, mas aceitei e simplesmente fui.
A minha cabeça estava um caos, mas estar no meu quarto de infância e adolescência parecia fazer as coisas tomarem sentido de alguma forma. Pelo menos até Felipo pular a minha janela, como um adolescente.
Eu queria rir, me jogar em seus braços, ser sua mais uma vez. Mas sabia que não era justo com ninguém, nem comigo mesma. E o deixei ir, sabendo que parte de mim sempre estaria com ele.
~*~
Os dias que antecederam o casamento foram cansativos. Maria Helena, mais do que nunca, era uma carrasca, mas eu sequer tinha espírito para mandá-la para o inferno.
Felipo, apesar de saber que não queria estar ali, estava participando sempre que a noiva aparecia, talvez simplesmente para me proteger das loucuras dela.
O ensaio de casamento foi o pior dia. Ver as pessoas falando sobre como eles seriam um casal feliz, como teriam filhos lindos e como um nasceu para o outro foi doloroso.
Até me permiti algumas lágrimas, escondida no jardim por alguns instantes. Mas logo me recompus, pronta para voltar para dentro da mansão.
Entretanto, antes que eu conseguisse voltar, fui impedida por uma mulher que havia feito um discurso e tanto que havia deixado Maria Helena extremamente irritada e Felipo com um sorriso genuíno ao falar sobre como alguns acordos comerciais eram disfarçados de casamento.
— Você é ela, não é? — questiona, se aproximando de mim com uma taça de champanhe em mãos.
— Sou a cerimonialista. Posso ajudá-la? — Tento manter-me profissional.
— Meu nome é Micaela. — Me estende a mão em cumprimento e aceito. — Sou a melhor amiga do futuro sei-lá-o-que-real. Tudo isso é uma bosta.
Ela tem a aparência de Maria Helena, mesma cor de pele, cabelo, olhos... mas o que ela emana é totalmente oposto. Até mesmo o seu sorriso é genuíno e caloroso.
— É um prazer conhecê-la. Como posso ajudar?
— Salvando Felipo desse inferno?
— Desculpa, não entendi.
— Ah, vamos lá! — Ela sabe. — Você é a mulher que fez com que ele soubesse que tem um coração, não precisa fingir para mim.
— Eu...
— Ele te ama.
— Eu sei.
— E você o ama.
— Eu sei.
— E por que o raio desse casamento vai acontecer, Luísa?
— Luísa! — Escuto a voz de Maria Helena. Não é um grito, mas é tão gélido quanto. — Ah, oi, Micaela? — O seu desprezo pela melhor amiga do seu futuro marido é muito claro. — Luísa, eu não estou pagando uma fortuna para você sentar no jardim e confraternizar com os convidados. Venha, preciso de você!
~*~
Após o ensaio, resolvi voltar para o meu apartamento. Precisava ficar sozinha, absorver tudo. Maria Helena me chamou para dentro única e exclusivamente com a intenção de presenciar o brinde de Felipo em sua homenagem.
Era tarde quando cheguei em casa, mas logo que desci do carro vi Cristiane vindo em minha direção. Respirando fundo, pedi por paciência para não a agredir.
— Luísa, que bom! Preciso falar com você!
— Eu já disse que não vou ser sua madrinha de casamento, Cris. — Sequer paro para lhe dar atenção. — Que vocês sejam muito felizes, mas não vou me envolver nessa palhaçada.
— Terminei com o Bernardo, Lu! — diz e paro instantaneamente. — Podemos conversar? Por favor!
— Eu tô cansada, Cris. Não entendo por que você fez o que fez comigo e nem sei se eu quero saber.
— Por favor. Você sabe que eu não tenho ninguém e... — Respiro fundo e aceito.
— Ok, mas eu preciso de uma bebida — aviso.
Andamos até um barzinho em silêncio. Estou bem-vestida e arrumada, apesar da noite horrível que eu tive. Logo que sentamos peço por uma saquêrinha e Cris me acompanha pedindo o mesmo.
— Eu sei que tudo o que fiz foi extremamente errado. Mas eu preciso que você entenda de onde veio isso. Você sabe que eu não sou desleal, Lu. — Dou uma risada amarga e tomo um gole da bebida. — A minha vida sempre foi uma bagunça, você sabe.
— E isso é desculpa para transar com o noivo da sua melhor amiga?
— Não é isso, Luísa. A primeira vez foi um erro.
— E as outras não?
— Pode me deixar explicar? — Aceno a volto para a bebida. Às vezes eu penso que sou uma louca nesse mundo, que se coloca nas piores situações que puder. E essa é uma delas. — Eu briguei com a minha mãe, você sabe como ela é. Eu saí de casa, fui até o seu apartamento te procurar, eu precisava da minha melhor amiga, mas você não estava. Ele sim. Eu estava carente, triste e antes mesmo que eu pudesse pensar direito no que estava acontecendo, me vi indo para a cama com ele.
— Isso é para fazer você se sentir melhor?
— Não, Lu. — Ela para por um momento enquanto peço ao garçom para continuar servindo a bebida. — Estou te procurando porque eu sinto falta de você, da nossa amizade. Sei que o que eu fiz é imperdoável, mas você sempre foi uma pessoa melhor que eu. Sempre foi alguém que consegue ver o melhor em qualquer um.
— Uma otária?
— Para com isso! Você é uma pessoa incrível! Talvez eu tivesse inveja de você, da sua vida. Seus pais são maravilhosos, você tem uma irmã perfeita, estava tudo encaminhado na sua vida.
— Eu não acredito que você está usando isso para justificar a sua traição. Eu poderia aguentar o Bernardo me traindo, Cris. Eu ia superar isso em dois minutos. Mas você? A minha melhor amiga dormindo com ele na minha cama?
— Eu sei que fui errada.
— Errada? Você foi baixa!
— Eu sei, me desculpa. Desde que tudo aconteceu, venho me autoavaliando, tentando me tornar uma pessoa melhor.
— Ficando noiva dele e ainda tendo a pachorra de me convidar para ser madrinha? — O garçom chega com o quarto ou quinto copo da bebida.
— Não estou pedindo que você esqueça, Lu. Sei de todas as minhas atitudes e do quão erradas elas foram, mas eu quero te pedir perdão. Eu percebi que jamais poderia ser feliz com ele depois de tudo o que te fiz. — Ela parece sincera, mas isso também pode ser obra da bebida.
~*~
A conversa com Cris foi bem mais longa do que imaginei que pudesse ser. Eu não a perdoei, mas a conhecendo, sabia que toda aquela conversa tinha sido algo difícil para ela.
Cheguei em casa embriagada; tudo o que eu queria era ligar para Felipo, xingá-lo, dizer que o amava e que estava com saudades, mas antes que eu pudesse concretizar, acabei caindo no sono.
O barulho do alarme me castigou logo cedo. Minha cabeça estava pesada e meus olhos brigavam com a luz e comigo por ser uma burra que trabalhou o dia inteiro no casamento do homem que amava para depois passar o resto da noite bebendo com a ex-melhor amiga traidora.
Mesmo contra minha vontade, levanto e vou para o banheiro tomar um banho e acordar. Há alguns dias foi marcada uma reunião com Marco, meu advogato, e precisava resolver isso de uma vez por todas.
A reunião com Marco foi ótima. Ele me mostrou o acordo que havia sido preparado e felizmente conseguiu fazer com que Bernardo desistisse do apartamento, arcasse com metade do que foi gasto com o casamento e ainda fosse obrigado a me pagar uma cama nova à minha escolha. Eu só precisava assinar e estaria finalmente livre dele de uma vez por todas.
— Você é um gênio, sabia? — agradeço o abraçando. Pelo menos uma boa notícia, finalmente.
— Nada além do melhor para você, Luísa!
— Sabe, eu te devo uma bebida, mas o que eu quero mesmo nesse momento é um café. Ressaca é a pior parte da bebida. Como pode algo tão bom resultar em algo tão ruim? — Ele ri e a secretária nos olha como se fôssemos alienígenas. Marco é sério, mas não é uma pessoa sem humor.
— Vamos lá. Que tal uma mimosa?
— Curar ressaca com álcool? Só vejo vantagens.
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Na cama com um Bilionário
Literatura KobiecaNoivo há quase uma década, Felipo não sabe mais o que fazer para continuar evitando o casamento. Parece que finalmente chegou a hora de dizer o temido "sim" no altar. Numa noite de fugas, ele acaba na cama com uma desconhecida, um incidente que par...