Capítulo 28

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Estamos em maratona, 50 comentários nos trazem de volta amanhã, se não a gente se vê na quinta.
História co-escrita com Kami_Cavalcante

 
Ciúme é algo inerente ao ser humano, mas ciúme de algo que não se tem é burrice

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Ciúme é algo inerente ao ser humano, mas ciúme de algo que não se tem é burrice.

E eu sou burro.

Olhar ela sorrindo ao lado daquele advogado me mata. Para ela pode ser apenas profissional, mas para ele não é, eu vejo como os olhos dele a alcançam.

Eu sinto ódio.

Ligo o carro e vou para minha casa, ela já voltou à vida. Me resta criar um novo caminho.

No meio do trajeto vou até a minha mãe, nunca fui de pedir colo, mas naquele momento era tudo que eu precisava e foi o que fiz.

Dona Ludmila olha para a renda da mesa que uma funcionária lhe apresenta e levanta os olhos inquisidores para mim.

— Lá vem você com essa cara, Felipo, eu...

— Estou infeliz, mamãe. Acho que nunca houve alguém mais triste que eu nesse planeta.

Minha mãe manda a funcionária sair e suspira.

— A gente tem obrigações e nem sempre são agradáveis. Sua família vem de um barão de café, o braço favorito da família real, ainda mais que dinheiro nunca foi um problema.

— Eu vou casar, mãe. Eu já me decidi. Não precisa ficar na defensiva, não estou fugindo de minhas obrigações.

Ela pega a minha mão como quando eu era criança e fazia alguma travessura e me leva até o mesmo sofá no qual cuidava dos meus joelhos ralados.

— O que é? — A couraça de dona Ludmila se rompe e estou diante da minha mãe.

— Acha que eu vou esquecer?

— A moça?

— Luísa, mãe! O nome dela é Luísa. Acha que vou conseguir esquecer? Que esse vazio absurdo vai se desfazer no meu peito?

— Felipo!

— Mamãe, eu não estou atrás de piedade, já saí disso; eu só quero saber se a vida vai voltar para o que era antes! Eu a vi, sei que a vida dela está seguindo, mas quanto a mim?

— Meu Deus, como sua mãe eu deveria te mandar criar juízo, mas vou ser honesta, a gente não esquece um amor, a gente aprende a viver em sua ausência, é como um luto. O melhor para vocês dois é isso.

— Quem sabe em outra vida.

— Quem sabe...

Acabei dormindo na casa da minha mãe, como há anos não fazia.

O café da manhã foi servido com a mesma opulência que eu amava quando estava lá, mas tudo na minha vida parecia cinzento.

Dona Ludmila decidiu me fazer uma surpresa e trouxe Micaela, éramos amigos desde bebês, nossas mães eram melhores amigas. E isso se perpetuou na nossa geração, ainda bem.

— Bom dia, meu girassol — Sorri e abracei minha amiga.

— Bom dia, meu bem.

Achei que minha amiga fosse falar algo sobre minha situação, mas ela estava empolgada com a minha despedida de solteiro.

Minha mãe nos deixou a sós e a vi ligar para vários lugares, antes de me enfiar num carro e descermos a serra.

Foi difícil não pensar naquela vez tão distante que Luísa fez aquele trajeto ao meu lado.

Seguimos direto para a minha casa na praia.

— Aqui? Se Maria Helena souber...

— Não fale sobre isso; vai lá dentro, tem uma surpresa na cozinha.

Desço do carro e vejo Micaela dar meia-volta, protesto diante do sorriso cheio de significado dela e entro na casa.

Luísa me espera sentada.

Não falamos nada, ela se levanta e corre até mim; apenas nos beijamos, como toda despedida merece e precisa.

— Não posso te esquecer, não quero te esquecer.

— Felipo, eu nunca poderei ficar com você, eu fiz uma promessa. E não sou o tipo de pessoa que quebra promessas. Fomos um erro.

— Está arrependida, é isso? — Meu coração parece tão pequeno em meu peito.

— Não, mas estou consciente. Sua amiga me propôs essa despedida, ela achava que um encontro nos faria mudar de ideia.

— Luísa, você foi a coisa mais complicada e a mais simples da minha vida! É tão difícil me despedir, mas é tão fácil estar com você; se fosse uma coisa ruim não pareceria tão certa.

— É adeus; case, seja feliz, encha o mundo de crianças que tenham os seus olhos.

— E o que vai adiantar se elas não têm o seu sorriso?

Não fizemos amor, mas ficamos algumas horas em silêncio, olhando o mar rebentar lá longe, contando o tempo, mudando o mundo para que quando nos encontrássemos em alguns anos fôssemos somente dois estranhos.

Quando entramos a noite já ia alta, a levei para o meu quarto e transamos com toda a saudade que um sentimento daqueles nos permite ter.

Acordei com um bilhete na mesinha.

“Não se atrase muito, os noivos que costumam esperar. Curta bastante e seja feliz. Tenha uma vida repleta de amor, adeus.

Luísa.”

Olhei para o meu reflexo no espelho, era hora de fazer o que deveria ser feito.

Micaela veio me buscar e voltamos para São Paulo, dispensei a despedida de solteiro.

No horário marcado entrei na igreja que não decidi, para casar com a mulher queo não escolhi e honrar o compromisso com uma sociedade que eu desprezo.

Quatrocentas pessoas estão na igreja, nenhuma é Luísa, meu olhar a procura em todos os lugares e não há sinal dela.

A marcha nupcial anuncia meu pesadelo, choro no altar e as pessoas sorriem ao me julgar apaixonado.

Minha atenção vai até Maria Helena, vestida como uma rainha, o vestido é de um tom perolado, ela usa uma pequena coroa cravejada de joias.

Ergo seu véu com repulsa quando ela para a minha frente e beijo sua testa.

Nos voltamos para o padre, que deve ter uns duzentos anos.

— Se alguém se opõe a este matrimônio, fale agora ou cale-se para sempre! — Ele diz e meu coração grita, mas abaixo a cabeça. — Diante do silêncio, damos prosseguimento à nossa cerimônia. 

— Eu tenho, padre!

Olhei para a porta e senti meu coração parar.









Na cama com um Bilionário Onde histórias criam vida. Descubra agora