Estamos em maratona, 50 comentários nos trazem de volta amanhã, se não a gente se vê na quinta.
História co-escrita com Kami_Cavalcante
Ciúme é algo inerente ao ser humano, mas ciúme de algo que não se tem é burrice.
E eu sou burro.
Olhar ela sorrindo ao lado daquele advogado me mata. Para ela pode ser apenas profissional, mas para ele não é, eu vejo como os olhos dele a alcançam.
Eu sinto ódio.
Ligo o carro e vou para minha casa, ela já voltou à vida. Me resta criar um novo caminho.
No meio do trajeto vou até a minha mãe, nunca fui de pedir colo, mas naquele momento era tudo que eu precisava e foi o que fiz.
Dona Ludmila olha para a renda da mesa que uma funcionária lhe apresenta e levanta os olhos inquisidores para mim.
— Lá vem você com essa cara, Felipo, eu...
— Estou infeliz, mamãe. Acho que nunca houve alguém mais triste que eu nesse planeta.
Minha mãe manda a funcionária sair e suspira.
— A gente tem obrigações e nem sempre são agradáveis. Sua família vem de um barão de café, o braço favorito da família real, ainda mais que dinheiro nunca foi um problema.
— Eu vou casar, mãe. Eu já me decidi. Não precisa ficar na defensiva, não estou fugindo de minhas obrigações.
Ela pega a minha mão como quando eu era criança e fazia alguma travessura e me leva até o mesmo sofá no qual cuidava dos meus joelhos ralados.
— O que é? — A couraça de dona Ludmila se rompe e estou diante da minha mãe.
— Acha que eu vou esquecer?
— A moça?
— Luísa, mãe! O nome dela é Luísa. Acha que vou conseguir esquecer? Que esse vazio absurdo vai se desfazer no meu peito?
— Felipo!
— Mamãe, eu não estou atrás de piedade, já saí disso; eu só quero saber se a vida vai voltar para o que era antes! Eu a vi, sei que a vida dela está seguindo, mas quanto a mim?
— Meu Deus, como sua mãe eu deveria te mandar criar juízo, mas vou ser honesta, a gente não esquece um amor, a gente aprende a viver em sua ausência, é como um luto. O melhor para vocês dois é isso.
— Quem sabe em outra vida.
— Quem sabe...
Acabei dormindo na casa da minha mãe, como há anos não fazia.
O café da manhã foi servido com a mesma opulência que eu amava quando estava lá, mas tudo na minha vida parecia cinzento.
Dona Ludmila decidiu me fazer uma surpresa e trouxe Micaela, éramos amigos desde bebês, nossas mães eram melhores amigas. E isso se perpetuou na nossa geração, ainda bem.
— Bom dia, meu girassol — Sorri e abracei minha amiga.
— Bom dia, meu bem.
Achei que minha amiga fosse falar algo sobre minha situação, mas ela estava empolgada com a minha despedida de solteiro.
Minha mãe nos deixou a sós e a vi ligar para vários lugares, antes de me enfiar num carro e descermos a serra.
Foi difícil não pensar naquela vez tão distante que Luísa fez aquele trajeto ao meu lado.
Seguimos direto para a minha casa na praia.
— Aqui? Se Maria Helena souber...
— Não fale sobre isso; vai lá dentro, tem uma surpresa na cozinha.
Desço do carro e vejo Micaela dar meia-volta, protesto diante do sorriso cheio de significado dela e entro na casa.
Luísa me espera sentada.
Não falamos nada, ela se levanta e corre até mim; apenas nos beijamos, como toda despedida merece e precisa.
— Não posso te esquecer, não quero te esquecer.
— Felipo, eu nunca poderei ficar com você, eu fiz uma promessa. E não sou o tipo de pessoa que quebra promessas. Fomos um erro.
— Está arrependida, é isso? — Meu coração parece tão pequeno em meu peito.
— Não, mas estou consciente. Sua amiga me propôs essa despedida, ela achava que um encontro nos faria mudar de ideia.
— Luísa, você foi a coisa mais complicada e a mais simples da minha vida! É tão difícil me despedir, mas é tão fácil estar com você; se fosse uma coisa ruim não pareceria tão certa.
— É adeus; case, seja feliz, encha o mundo de crianças que tenham os seus olhos.
— E o que vai adiantar se elas não têm o seu sorriso?
Não fizemos amor, mas ficamos algumas horas em silêncio, olhando o mar rebentar lá longe, contando o tempo, mudando o mundo para que quando nos encontrássemos em alguns anos fôssemos somente dois estranhos.
Quando entramos a noite já ia alta, a levei para o meu quarto e transamos com toda a saudade que um sentimento daqueles nos permite ter.
Acordei com um bilhete na mesinha.
“Não se atrase muito, os noivos que costumam esperar. Curta bastante e seja feliz. Tenha uma vida repleta de amor, adeus.
Luísa.”
Olhei para o meu reflexo no espelho, era hora de fazer o que deveria ser feito.
Micaela veio me buscar e voltamos para São Paulo, dispensei a despedida de solteiro.
No horário marcado entrei na igreja que não decidi, para casar com a mulher queo não escolhi e honrar o compromisso com uma sociedade que eu desprezo.
Quatrocentas pessoas estão na igreja, nenhuma é Luísa, meu olhar a procura em todos os lugares e não há sinal dela.
A marcha nupcial anuncia meu pesadelo, choro no altar e as pessoas sorriem ao me julgar apaixonado.
Minha atenção vai até Maria Helena, vestida como uma rainha, o vestido é de um tom perolado, ela usa uma pequena coroa cravejada de joias.
Ergo seu véu com repulsa quando ela para a minha frente e beijo sua testa.
Nos voltamos para o padre, que deve ter uns duzentos anos.
— Se alguém se opõe a este matrimônio, fale agora ou cale-se para sempre! — Ele diz e meu coração grita, mas abaixo a cabeça. — Diante do silêncio, damos prosseguimento à nossa cerimônia.
— Eu tenho, padre!
Olhei para a porta e senti meu coração parar.
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Na cama com um Bilionário
ChickLitNoivo há quase uma década, Felipo não sabe mais o que fazer para continuar evitando o casamento. Parece que finalmente chegou a hora de dizer o temido "sim" no altar. Numa noite de fugas, ele acaba na cama com uma desconhecida, um incidente que par...