Passo a mão pela cama e não o sinto. Levanto-me sonolenta e o vejo se ajeitar. Nós dormimos juntos depois do clima ter esquentando entre nós? Sim.
Gostaria de cumprimentá-lo, mas sei que é uma péssima idéia. O humor instável dele é meio assustador. Gostaria de chamá-lo de Jonh e não esse nome de herói, mas talvez não seja uma boa idéia no momento.
- Que foi? - ele ajeita seu uniforme, seu cabelo loiro está desarrumado, diferente do que estou acostumada a ver. - Você já acorda fazendo careta? - ele questiona.
- Não! - digo fazendo careta - Bom dia!
- Bom dia - ele termina de colocar seu traje patriarcal - agora que você acordou, me fale sobre a Maeve.
- O quê? - indago confusa.
- Ai Nicole - ele sorri - Ontem ai nessa cabecinha - ele cutuca minha testa com a ponta de seu dedo - você comentou, pensou, que seja sobre a Maeve. Então, começa a falar.
E o ciclo recomeça.
- Qual a parte do você não pode esconder nada de mim, você não entendeu? - sua voz nunca foi doce, mas às vezes soa calma e não intimidadora como agora.
- Ela me procurou no dia do acontecido pra saber de você, só isso. - minto.
- E por que ela queria - ele faz aspas com as mãos - "saber de mim" se ela me odeia?
- Ela te odeia? Por quê? - questiono.
Ele não responde. O vejo contorcer os lábios, em seguida ele vira as costas indo em direção a porta.
- Ei, então é isso? Você me chama para vir pra cá, faz o que quer, tenta tirar o máximo de informações de mim e depois vai embora? - questiono chateada.
Idiota. Isso é a porra de um jogo. Você precisa fazê-lo falar e ele precisa de você. O que você queria que ele fizesse? A porra de um café da manhã para você? Massagem nos pés? Que vocês passassem o dia juntos aqui no meio do nada trocando figurinhas?
Seus passos param. Ela se vira, sério.
- É, eu preciso de você, por enquanto, depois disso tudo, você provavelmente nem estará viva. E outra, você deveria agradecer por eu ser legal com você. Já te disse isso.
- Legal? Acho que você não conhece o significado dessa palavra. Eu salvei a sua pele. Por que você é tão filho da puta? Okay, eu sinto muito se você é um lobo solitário que está cansado de receber ordens da Vought e sei lá mais quem, mas eu tô aqui caralho!
As palavras saem da minha boca sem filtro algum. É como se eu estivesse esquecido que estou trancada na porra do meio do nada com o Capitão Pátria. Ele não fala nada, vejo sua testa franzir, seus olhos ficam pensativos. Ele dá alguns passos.
- Quem te disse que eu recebo ordens da Vought? - ela se aproxima mais - Eu acho que tem alguma coisa que você não está me contando. - ele finaliza com seus olhos fixos em mim.
Saio da cama rapidamente colocando a roupa. Primeiro, falei demais como sempre, segundo, preciso de uma pílula do dia seguinte urgente. Me recuso a engravidar desse homem. Tento ignorar seu olhar atroz em mim e saio catando tudo que vejo ao meu alcance.
- Sabe, eu tenho um filho, o Ryan. No momento, eu não sei onde ele está, mas não seria uma péssima idéia, ter um outro filho. - ele parece pensativo, creio que seja atuação - Esse quem sabe não seja frouxo que nem o outro. Vamos fazer o seguinte, - ele sorri parado a minha frente -você fala o que sabe e eu trago o que você precisa ou eu te mantenho trancada aqui até você ter essa criança e depois te mato. Você escolhe.
- Isso não iria acontecer. Eu mandei minha localização pra Val e...
Ele ri alto. Sarcástico.
- E? O que a Val vai poder fazer? Noticiar que a amiga dela sumiu? Voltar pro país de merda de vocês e pedir pra compartilharem links até te acharem? Pelo amor de Deus. Vocês não passam de duas estrangeiras e adivinha? Ninguém liga se vocês sumirem. - ele caminha em direção a porta novamente - Quer saber? Eu cansei. - ele se aproxima arrancando a bolsa da minha mão, em questões de segundos, joga meu celular no chão, o destruíndo pelo laser vermelho e brilhante dos seus olhos. Sinto um calor vindo deles, vejo o estrago no chão, dou alguns passos para trás até esbarrar na cama - Pronto.
O encaro assustada. Ele não sorri, mas vejo um esboço de contentamento em seu rosto.
- Vamos fazer assim, você fica aqui, pensando no que você quer e quando eu voltar, dependendo da sua resposta, eu te deixo ir.
- O quê? Não! Como assim? Você não pode fazer isso. - saio caminhando atrás dele que simplesmente ignora meu desespero e segue pela casa. - Isso é cácere privado.
- Na-na-ni-na-não! - ele sorri - Isso é uma negociação. E se eu fosse você eu não daria mais nenhum passo.
Seus olhos ficam vermelhos, seu maxilar cerrado, assim como seus lábios. Permaneço intacta, parada, o vejo ir até algumas partes da casa e mexer nas janelas, portas e trinques. Eu não acredito que ele está me trancando aqui.
- Fique à vontade, o chuveiro é quente, os controles da TV ficam ali na estante, a geladeira está cheia... Prometo não demorar.
Ele sorri, abre a porta, a fecha. Ouço alguns barulhos ao lado de fora. Vou até a janela de vidro. Ele dá alguns passos até sair das escadas, em seguida o vejo voar rápido, às árvores balançam, a poeira rala se movimenta, em alguns segundos, o silêncio abraça tudo.
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Devil Side - Homelander
FanfictionDe um lado, Nicole, uma jovem intercambista que vê suas férias desmoronarem quando sem querer acaba sendo testemunha de uma chacina. Do outro lado, Capitão Pátria, o almejado líder dos Supers, o herói narcisista e arrogante que pouco se importa com...