Devil Side - Homelander

Capítulo 58

Meus pés firmam na grama verde e rala. Encaro o horizonte azul que se mistura com pedras rochosas e o verde das árvores. O mar tem tons de azul claro, azul forte e tons de verdes água. As pessoas caminham na trilha, tiram fotos, conversam, passam por nós e nos ignoram como se fossemos desconhecidos. Somos desconhecidos aqui. O que eu mais gosto em mudanças é o recomeço. Algumas pessoas tem medo de recomeçar, eu não. É bom saber que posso moldar minha personalidade de acordo com as pessoas e ambientes sem nenhum ser "conhecido" me julgar ou falar algo sobre minha personalidade, jeito e etc. As pessoas mudam, tudo muda. 

Jonh e eu caminhamos de mãos dadas, Ryan caminha na nossa frente, o mesmo filma e fotógrafa tudo que acha legal, até as coisas mais inusitadas e se graça, mas não julgo viver a vida toda trancado em uma casa sem convívio social deve ser um saco. 

O local não está cheio, mas também não está vazio. Felizmente para o nosso primeiro dia abriu um solzinho e o clima está ameno, dá para comer um açai, sorvete, o que quer que seja. Ryan e Jonh são bilingue, então não me preocupo tanto com a comunicação, a não ser as gírias. Jonh combina com o clima daqui, Ryan já precisa tomar um belo banho de sol para tomar uma cor. 

Nossa casa é humilde, três quartos, cozinha e sala separados, dois banheiros e um lavabo, área de serviço, um pátio com piscina os fundos e a garagem para dois carros na frente. Escolhemos uma casa com detalhes amadeirados, mais rústica, com bastante verdes por perto. Na verdade, Jonh queria apartamento, mas o convenci a mudar de ideia. Já os carros, eu ganhei um Jeep Renagade branco, detalhe, ainda não sei dirigir e Jonh, Hyundai Creta 22. Nem um pouco descreto.

Optamos por Ryan estudar em uma escola pública, pensamos em acompanhamentos, mas psicológico, mas desistimos, depois que Jonh pegou implicância com terapeutas, ou melhor, Leila. Ryan está se tornando um adolescente, seria bom ele lidar com pessoas "normais". Conhecer garotas, garotos, andar de skates, aprontar e essas coisas, sem mostrar as suas habilidades é óbvio. Já Jonh não sabe muito bem o que fazer já que a única coisa que ele sempre soube fazer é matar e obedecer. Eu optei por um negócio, não sei exatamente do que, mas temos que mater as aparências e não posso depender de Jonh a vida toda. 

***

- Pai, pai - Ryan vem correndo em nossa direção, o mesmo desvia das pedras no meio d'água tão rápido, torço para ninguém perceber - olha isso aqui - Ryan começa a ler algo em um folheto - "Garopaba é um municipio brasileiro do litoral sul do estado de Santa Catarina. Limita-se ao sul, com Imbituba - ele sorri - que nome mais estranho, ao norte e a oeste com Paulo Lopes, e a leste com o Oceano Atlântico. O nome da cidade tem origem indígena e significa lugar de barcos. Por isso tantos barcos - ele aponta para o lado esquerdo onde há milhares de barcos para turistas. 

- Nossa! Legal. Você quer andar de barco? - Jonh indaga dando de ombros. 

- Não sei, vocês querem? - ele indaga animado. 

- Por mim, tudo bem. - afirmo saindo do meio das pernas de Jonh que não parece curtir muito a ideia. 

Caminhamos devagar até a beira da praia, Jonh faz questão de andar de mãos dadas, não que eu não goste né. Ryan caminha mais a frente empolgado que vai andar de barco. 

- Sabe - quebro o sons das ondas e das crianças berrando - eu estava pensando, tem um lugar aqui perto, no centro que estão precisando de atendente para vendas online de créditos e algo assim, pensei em dar uma passadinha lá e me candidatar na vaga. 

- Vaga de emprego? - ele questiona. 

- Isso! Seria bom sabe, termos uma rotina normal. O Ryan na escola, eu trabalhando e você também se quiser. - Jonh não fala nada, apenas continua caminhando - Tem algo que você gostaria de fazer? Sei lá, estudar e tals, fazer uma faculdade, algo assim.