Capítulo 34

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08h32min, atrasada como sempre. Entro na sala, Ashley arregala suas bolitas enormes que chamo de olhos e frazi sua testa, a mesma vem até a mim, seus passos são acelerados.

- O que você está fazendo aqui? - ela agarra meu braço disfarçadamente e me retira da sala.

- Como assim? Eu trabalho aqui Ashley e você sabe disso.

- HA HA - ela gargalha, a encaro, não entendi o porque da graça - Então, deixa eu te explicar uma coisinha, você deixou de trabalhar aqui depois do showzinho do seu amado e outra, como CEO da Vought International, eu te demiti. Se olhasse seu email, você saberia.

Ashley está contente, seu sorriso é largo, seus olhos enormes brilham, vaca do caralho.

- Jonh sabe disso? - questiono - Pelo que eu saiba, nós só tinhamos que ficar afastados.

- Não! Capitão Pátria - ela exclama vagarosamente e alto - não sabe disso e outra, ele não está em posição de impor nada já que o mesmo matou a Maeve e ainda transformou sua namorada em uma Super.

- O quê? - questiono.

- Não se faça de sonsa, quem você acha que está tentando encobrir a merda de vocês, hein?

- Não! Você disse que o Capitão Pátria matou a Maeve?

- Sim! Olha, eu não tenho tempo pra isso, você está desligada da empresa e...

- E o Soldier Boy? E o Bruto? Isso tudo aconteceu por causa deles, a Maeve estava do lado deles e não foi o Jonh que a matou.

Vejo sua atenção voltar para mim quando termino a fala, já que ela nem estava ligando. Ela assenti com a cabeça, seus olhos arregalam mais do que o nomal, seu indicador magrelo aponta para mim, ela balança a cabeça negativamente.

- Não! - sua voz é baixinha.

- Isso tudo é culpa da Maeve. Ela saiu distribuindo o Composto V para o Bruto e companhia e pelo que eu sei, ela deu as coordenadas do Soldier Boy. Eles iam matar o Capitão Pátria, eu precisava fazer alguma coisa. - finalizo.

- Por quê? - Ashley exclama perplexa.

- Como assim por quê? Eu, é eu... Eu não ia... Eu não sei, mas eu matei a Maeve. - afirmo.

Vejo sua expressão, a mesma me encara, parece acreditar e não acreditar em mim. Sua cabeça assenti algumas vezes, provavelmente de desaprovação. Ela se recompõe e firma sua atenção em mim, mais do antes.

- Presta atenção - ela olha para minhas malas no fundo - aquelas malas são suas? - confirmo com a cabeça, pelo seu olhar, ela entendeu - Okay - ela se recompõe novamente - meu Deus! Você vai subir até o vigésimo segundo lugar, no fim do corredor, você vai ver uma porta escura, a senha é 0406 (zero quatro, zero seis), não sai de lá até eu resolver isso e por favor, seja discreta.

Confirmo com a cabeça, ela me encara por alguns segundos, sinto sua desaprovação. Por mais que eu não confie na Ashley, preciso de um lugar para ficar e talvez, contando tudo que sei, ela me envie para casa ou para bem longe daqui. E outra, aqui na Vought, Soldier Boy e seus amiguinhos não podem fazer nada. Estou segura.

***

Uma sala vazia com alguns móveis, passo os olhos ao redor, parece mais um escritório que não deu muito certo. Não está sujo e nem desorganizado, mas sim abandonado. Sento-me no sofá e espero novamente, confiro no celular, já se passaram quase uma hora, confesso que estou com fome e cansada, vir de carona até aqui e ainda carregar essas duas malas foi e continua sendo cansativo. Eu poderia mexer no "salário" que Edgar me pagou adiantado, mas sei que irei precisar na frente, já que não irei dividir o apartamento com Val.

Entro na galeria e vejo nossas fotos. Sinto um certo arrependimento dentro de mim, continuo passando, uma vontade imensa de chamá-la e me desculpar preenche meus olhos, tento não chorar, continuo passando até ver uma foto de Jonh. O mesmo até deitado na cama, de cabelo bagunçado, sua barba está querendo crescer, ele está sorrindo, tentando pelo menos, descontraído e engraçado. Não lembro dessa foto estar na minha galeria, nunca tirei foto com ele e nem dele. Aperto na lixeira, confirmar?

- Eu sabia que esse dia ia chegar, mas não achei que fosse tão rápido.

Olho para frente, Luz Estrela entra quase invísivel, sem fazer um barulho. Ela entra e tranca a porta. Bloqueio o celular. Seus olhos negros estão fixos em mim, ela não está meiga e amorosa como sempre, é o que o seu olhar e sua voz entregam.

- A Ashley mandou você? - passo a língua pela boca internamente - Eu deveria imaginar.

E eu caí novamente.

- Não! A Ashley está ocupada demais agora que ela conquistou o reconhecimento que ela tanto queria. - não falo nada, eu sei exatamente o que vai acontecer aqui - Por quê? - ela quebra o silêncio ensurdecedor que pairou no ar por uns segundos - Valeu a pena? Valeu a pena Matar a Maeve, trair sua melhor amiga pra ficar com um cara que, provavelmente, só usou você? - ela se aproxima - Nós tinhámos o queijo e a faca na mão e você estragou tudo, por quê?

Bingo!

- Okay, eu vou embora.

Levanto-me do sofá quando vejo seus olhos brilhando e suas mãos levantadas para cima, apontando em minha direção.

- Você não vai a lugar nenhum! - sua voz é firme e ríspida. Ela só pode estar brincando - Eu sei que você está limpa e pelas malas ali atrás, você o Capitão Pátria não estão mais juntos e a Val não irá te aceitar de volta, mas você sabe disso. Presumo que você veio pegar os dias trabalhados ou veio para chantajear a Ashley - reviro os olhos, que garota sonsa - Você não tem para onde ir Nicole, você está sozinha e morta, porque ele vai vir atrás de você.

- Que novidade! Por que você não pula tudo isso e começa a falar da minha redenção? Eu tenho certeza que é pra isso que você está aqui.

- Eu não diria que é bem uma redenção - ela se aproxima - já que você não tem escolha.

Do que ela está falando?

- Sempre há uma escolha. - finalizo.

- Não no seu caso.

Ela assenti com a cabeça, olho para trás, Val enfia um saco na minha cabeça, começo a me sacudir desesperadamente e violentamente, caio ao chão, sinto alguém tentando me controlar.

- Segura ela! - ouço a voz de Val ordenar.

Balanço-me o mais forte e rápido que posso, mas depois de lutar, sinto minha respiração fraca, meu coração desacelera, o cansaço me nocauteia, sinto minha respiração ir embora lentamente, sinto as mãos de me largarem ao chão com cuidado, o saco na minha cabeça ainda está apertado, desisto quando sinto que não há mais um resquício de oxigênio em meus pulmões.



Devil Side - HomelanderOnde histórias criam vida. Descubra agora