Olho para ele que está vidrado olhando para TV, está paralisando, algumas pessoas o admiram por ter contado a verdade, outros o ofendem de mentiroso para baixo.
- Você está bem? - indago encostando-me na porta.
Ele não diz nada, continua olhando para TV.
- O que você fez? - ele questiona virando para mim.
- Como assim? - o indago - Eu fiz o que você pediu.
- Eu não me lembro de ter pedido para você matar a Maeve.
- Ela ia matar você! - afirmo não acreditando no que ele disse. - É por isso que você está assim? Por que eu matei a Maeve? A sua namoradinha traidora? Eu não entendo você. Primeiro me transforma em um de vocês e depois age desse jeito, eles iam te matar se eu não estivesse lá. Não é a primeira vez que eles tentam te matar e não vai ser últim...
- CALA A BOCA! - seus olhos ficam vermelhos, uma de suas mãos em direção ao meu pescoço, o impeço segurando ela com a telecinese e a asfastando.
- Não se atreva. - afirmo. Viro-me para sair da sala, mas volto - Sabe qual é o seu problema? Você não sabe o que quer. Você quer controlar a Vought, mas não pensa nas consequências dos seus atos, você quer alguém para ser sua segurança, mas depois fica que nem um bebe chorão porque mataram a sua namoradinha. Eu não pedi para você me transformar no monstro que você e seus amigos são. Eu apenas aceitei porque eu te amo, mas honestamente, você não sabe o que é isso! Você não sabe o que é amor, você não sabe o que é ter alguém em quem confiar, você não sabe o que é ter uma familia, você não sabe sobre porra nenhuma. E é eu que estou aqui, ninguém mais. A Maeve repugnava você, assim como todos os outros da Vought e quer saber, você tem que saber conciliar o Jonh e o Capitão Pátria - falo colocando as mãos para cima debochando dele - ou você ainda vai acabar morrendo. - dou as costas e vou em direção ao quarto, antes de terminar lembro do Soldier Boy - Ah! E não finge que você não sabe o que eu falei para ele, você é a porra do Capitão Pátria, você sabe de tudo e quando eu digo de tudo, é de tudo mesmo.
Vou até o quarto. Atiro-me na cama. Qual é o problema dele? Vejo seu celular tocar, Victoria. Eu deveria saber que tinha dedo dela nessa história de expor a Vought e seus segredinhos. Finjo que não estou vendo a ligação dela, já que o celular não é meu mesmo. Levanto-me, pego a toalha e vou até o banheiro, passo pelo espelho, até que essa roupa me caiu bem. Viro para um lado, para o outro. A Val que iria amar. Merda! Esqueci totalmente do rolo de Maeve e Val. Ela nunca vai me perdoar se souber o que eu fiz. Ligo para ela? A ignoro? Preciso ver como ela está.
- Você está linda, apesar de estar com a roupa de um cádaver. - ele entra rasteiramente no quarto. O ignoro - Eu estou curioso para saber o que você sabe fazer.
- Eu sei, você já disse isso. - falo sendo o mais ríspida possível. - Sabe o que me incomoda? Isso - aponto para ele - Sua instabilidade, mas nós já conversamos sobre isso, na verdade, não foi bem uma conversa, né...
Retiro a roupa e vou em direção ao banheiro.
***
Não sei exatamente o que fazer agora. Val ainda não me mandou nada, quer dizer que ela ainda não sabe de nada. Sei que Bruto e seus amiguinhos irão contar uma hora. Ignorei Jonh o máximo que pude, sua atitude na sala me deixou chateada. É como se ele tivesse duas personalidades e elas ficassem em luta constante pelo pódio.
Estou sentada na grama, o vento, as árvores balançando me deixam calma. Espero que não tenha vazado nenhum vídeo do que aconteceu no evento. Eu não deveria ter ido, eu não deveria estar aqui, só que não adianta chorar pelo leite derramado agora que a merda já foi feita.
O que será que vão dizer sobre a morte de Maeve? O que será que a Vought fará sem o Edgar? Talvez Jonh seja o novo presidente, já que ele sempre almejou isso, ou talvez a sua amiga Victoria, já que os dois estão juntos nessa. Honestamente, não quero saber, só preciso organizar meus pensamentos e saber o que fazer, provavelmente terei que ir embora, Bruto vai querer minha cabeça ou não, já que o Composto V que usei é temporário. Paro e penso nas suas memórias, eu vi um garoto branco de olhos claros e uma mulher, ela deve ser a tal Becca, será que aquele menino é o filho de Jonh? E se for? Eu conto para ele que eu o vi com o Bruto?
Acho que me meti demais nessa história, não que eu esteja arrependida, não que eu não esteja, mas é muita coisa para assimilar, uma bola de neve gigantecas que só sabe ficar maior.
Ouço seus passos na grama e nas folhas secas no chão. Ele está de camiseta, calça e chinelo e cabelos bagunçados, totalmemente diferente do Capitão Pátria. Volto a olhar para frente, ele senta do meu lado, não cruza as pernas, apenas as dobra. Ficamos em silêncio por alguns minutos. Não diria que sua presença me incomoda, mas também não estou confortável, não nesse exato momento.
- Olha, eu gostava da Maeve - vejo seu olhar ladeado - do meu jeito, mas gostava. Eu achei que nós tivessemos na mesma sincronia sabe? Até ela me trair.
- Ela te achava um narcisista, paranóico, doente e você gostava dela? Ela planejou tudo aquilo, você sabe disso. - afirmo. - Sem falar que ela tinha pena de você. - vejo ele engolir seco - Não adianta chorar pelo leite derramado Jonh. Você tá arrependido?
- Não! De jeito nenhum, ela iria passar a vida toda tentando acabar comigo. - ele afirma.
- Então?
- É que... Eu só não quero que você acabe como ela.
Olho para ele, seus olhos desviam dos meus depois de exatamente dois segundos, ele olha para baixo. O vejo brincar com uma folha seca.
- Você está me ameaçando? - o questiono.
- Não! Não, de jeito nenhum. Eu só não quero que você vá embora - ele dá uma pausa longa, parece brigar consigo mesmo - que nem o Ryan, ou morta que nem a Maeve e a Tempesta.
Posso facilmente dizer que é o Jonh que está no controle agora e não Capitão Pátria.
- Telecinese, reflexos apurados, sistema imunológico melhorado e uma parada de saber os pensamentos mais sombrio das pessoas. - ele volta a me encarar - Por enquanto, eu acho meio impossível alguém me matar.
Vejo rascunho de sorrir mudar a sua expressão séria.
- Você deveria ir atrás do Ryan e recomeçar em outro lugar, sei lá. Você não precisa da Vought e dessas pessoas obcecadas por você. - levanto-me e paro na sua frente acocada - Eu sei que debaixo disso tudo - aponto para ele dos pés a cabeça - você é uma pessoa incrível, só tá um pouquinho perdido.
Dou um beijo na sua testa, me levanto e vou em direção à porta. Viro para conferi-lo, ele permanece na mesma posição.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Devil Side - Homelander
Fiksi PenggemarDe um lado, Nicole, uma jovem intercambista que vê suas férias desmoronarem quando sem querer acaba sendo testemunha de uma chacina. Do outro lado, Capitão Pátria, o almejado líder dos Supers, o herói narcisista e arrogante que pouco se importa com...