Capítulo 65

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Uma foto de Nick e dele na tela do computador. Eram jovens, os dois estão um do lado do outro sorrindo. Nicole está até de aparelho nos dentes, ele de cabelo grande, mais magro, seu braço está em volta de seus ombros. Nem percebo, quando reparo, vejo o computador estraçalhados, com marcas de queimaduras. Olho meu reflexo no porta-retrato dele que está do lado, meus olhos estão vermelhos, sinto meu punho cerrado, abro a mão devagar. Caminho até a porta, passo os olhos ao redor, destruo tudo, passo o laser por cada parte da sala. Vôo para fora destruindo a janela de vidro enorme que há na sala. Paro no ar e solto o laser destruindo tudo que posso do pequeno local. Não deixando quase nada para ser salvo.

***

13h54min, Nicole desce as escadas, a escuto resmungar.

- Puta que pariu! Meu Deus! Que dor de cabeça! - uma de suas mãos está na nuca, enquanto a outra se apoia no corrimão.

- Ué! Girl power lady! - debocho dela que me fuzila com os olhos.

- Como você consegue estar de bom humor e assim - ela aponta para minha cabeça em seguida para os pés - E eu não disse isso. Eu disse... - ela tenta se lembrar, mas falha. - Foda-se o que eu falei.

Ryan ri.

- Que anel bonito Nick! - ele mexe com ela que levanta a mão exibindo o anel.

- Né? Minhas primas vão morrer de inveja! - ela zomba. - Vou fazer um chá de camomila, alguém quer?

Não respondemos. A mesma dá de ombros e caminha até o cooktop.

Olho para Ryan que assenti com a cabeça. O mesmo liga a tv e finge que está procurando alguma coisa para ver.

- Ei - ele exclama - Nick? Aquele ali não é seu amigo da praia?

Ela vira devagar. Olha para a tela. Uma repórter contra sobre um incêndio em uma casa de créditos online para poker e jogos afins. Ela se aproxima devagar, séria.

- Aumenta um pouquinho, por favor! - ela diz colocando e retirando o sachê de chá da caneca.

Ryan obedece. De repente Beto aparece na imagem, o mesmo está de braços cruzados, conversando com alguns homens, depois ele responde algumas perguntas do repórter.

"O delegado da 34DP diz que ainda é muito cedo para dar qualquer detalhe, mas não descarta a hipótese de ter sido um incêndio propósital. Bruno Tavares para Jornal Sc."

- Caralho! - ela exclama em seguida botando a mão na boca por causa de Ryan - Quem faria uma coisa dessas? A família do Beto sempre foi tão de boa, tão honesta. Que horror!

Não digo nada, uma pontadinha de ciúmes reaparece, tento ignorar. Olho para Ryan que desvia os olhos de mim rapidamente. Ela se vira para nós novamente.

- Será que eu devo ligar para eles? Eu ia começar a trabalhar semana que vem e agora isso acontece. O que vocês acham?

- Não precisa! Eles vão entrar em contato. E está no noticiario, devem esperar que você saiba. - respondo tentando afastá-la o máximo que posso de Beto.

- Hum! Acho que vou mandar uma mensagem, só para não parecer ingrata, afinal ele ia me dar um emprego. - ela larga o chá na bancada e começa a subir os primeiros degraus.

- NÃO PRECISA EU DISSE! - afirmo um pouco mais alto do que devia. Os olhos azuis de Ryan me encaram arregalados. Ela se vira para mim, com os olhos semi cerrados. Engulo seco. - Não acho uma boa ideia, só isso! - tento me recompor.

- Por quê? - ela indaga.

- Eles devem estar ocupados, né? Tipo, investigando, recuperando as coisas. Sei lá. Quando formos comprar algo para comer, passamos lá. Todos juntos.

- É! Pode ser! - Ryan concorda comigo.

Os cinco segundos de silêncio dela me pertuba, mas em seguida ela concorda.

- Tá, pode ser! - ela desce as escadas e pega seu chá, senta ao meu lado.

Finjo não reparar nos olhares de Ryan. Não demonstre ciúmes! Falhei, mas consegui consertar. Ponto para mim. Como eu posso estar seguido conselhos de uma garoto que a recém está entrando na puberdade? Infelimente ou felizmente, Ryan é igual a mim, quem sabe, um dia, seja superior a mim. Ele sabe o que sinto pela Nick. Está me ajudando com algumas coisas, inclusive retirar Beto do meu caminho sem matá-lo. Se Nick descobrir, os dois estão ferrados. Talvez não. Salvei sua vida uma vez, ela não seria ingrata a esse ponto. Ela me ama, sei que me ama.

- Troca de canal, por favor! - digo quando outro noticiario começa e a primeira reportagem é sobre o incêndio local.

***

Entro no quarto. Nick está no celular, ela finaliza a ligação.

- Tadinhos. Estão arrasados. Parece que o incêndio não foi um acidente. - ela afirma.

- Você ligou para ele? - indago um pouco confuso.

- Não! Não! Ele me ligou pra dar a notícia!

Ela está mentindo.

A encaro até ela perceber que eu sei.

- Tá! Eu liguei, achei que era necessário e...

- Huh! Você achou que era necessário? Necessário? Tá bom! - não disfarço o tom sárcastico em minha voz. Ela me encara - Que foi?

- Você não...

Seu olhar é duvidoso, pequeno, cerrado.

- Não! Eu não faria isso! Eu passei o tempo todo com você ontem. Se estivesse sóbria, saberia. - minto descaradamente. - Não acredito que você acha que eu faria uma coisa dessas? Eu te pedi em casamento ontem, por que você aceitou se acha que eu sou aquele monstro de antes?

- Eu não disse isso! - ela se defende.

- Mas pensou. - não, ela não pensou.

- O quê? Não! Eu não! Jonh voc...

- Tudo bem! - digo dando as costas e indo em direção a porta.

Ouço seus passos vindo em minha direção, ela se joga na minha frente.

- Ei, para! Eu não quis dizer aquilo ou pensar aquilo. Desculpe. Eu juro que nunca mais vou fazer de novo, tá? Desculpa.

Assinto devagar, ela me dá um selinho. Depois me guia até a cama, fecha a porta com sua telecinese e a tranca.

Psico reverso.


Devil Side - HomelanderOnde histórias criam vida. Descubra agora