Capítulo 12

1.5K 160 79
                                    

Sinto seu braço envolvendo meu corpo. Suas respiração é calma, nada de tensão. Não o vejo já que estou de costas para ele, mas o sinto aliviado, talvez essa não seja a palavra certa. Sei que posso ter cavado a minha própria cova, mas era o que eu precisava fazer, na verdade, é o que eu queria fazer e não posso culpar ninguém, já que nossa mente é nosso guia, como diz a Val.

Ele se mexe, envolve seu braço com mais força, me puxando para trás. Sinto seu endurecimento atrás de mim. Retiro a mão dele devagar, levanto calmamente, coloco o chinelo quinhentas vezes maior que meu pé, caminho até o banheiro. Pego uma toalha e coloco na piá, sento no vaso e deixo a urina descer. Ufa!

Me sinto aliviada. Levanto, puxo a descarga e vou para o box, ligo o chuveiro no mais quente possível, deixo a água escorrer pelo meu corpo retirando toda culpa que eu carrego. Eu deveria me sentir culpada? Se sim, por quê? O que eu fiz de errado? A única merda que eu fiz foi ocultar alguns assassinatos. Merda!

***

Depois de um banho fervendo e demorado, me enrolo na toalha e vou para o quarto, não o vejo. Seco-me e começo a por a roupa, penteio o cabelo com as mãos mesmo. Organizo minha bolsa, vejo meu celular apitar e vribrar, mas ignoro. Seco os pés, coloco os sapatos e vou em direção a cozinha e sala aconchegante.

O vejo parado na frente do cooktop, o mesmo está sem camisa, seu peito é farto e másculo. Seus cabelos estão desorganizados, mas de uma forma sexy, ele está de bermuda de moletom cinza, que só de imaginar já me causa entusiasmos lá embaixo. Pensando bem, aquele uniforme de Super não o cai tão bem o quanto eu pensava.

O vejo colocar duas massas enormes em um prato, as mesmas cheiram muito bem, em seguida ele coloca um líquido branco, que provavelmente é leite condensado por cima delas. Ele desliga a boca que estava usando e coloca o prato na bancada, o tal suco de limão já está parado lá, vejo um pote que crio ter frutas, um pacote de cereal e leite em uma jarra transparente.

- Você sabe que eu vejo você, né? - ele questina pegando uma camiseta de cima do sofá.

Merda! Saio do canto receosa por ter sido pega no flagra. Ele ajeita o outro banco alto do lado dele, seus olhos fixam na minha bolsa. Olho para ele e o em seguida o olho, não entendi.

- Você não vai tomar café? - o vejo sentar e cortar as paquecas com garfo e faca, ele coloca um pedaço dela na boca, em seguida o leite condensado escorre na sua boca, ele limpa com um guardanapo - Não preciso te dizer que isso é falta de educação, né?

- Ah... Sim, é verdade.

Sento-me do lado dele. Sirvo um copo de suco e em seguida sirvo uma panquena no meu prato, a cortando em quatro. Ele come, não rapidamente, nem lentamente, come normalmente eu diria. Mas não sei se esse é seu normal já que ele é um Super. Ouço meu celular tocar, ignoro, coloco um pedaço da panqueca na boca, caralho! Que delícia.

A massa é macia, nem doce, nem salgada, o leite condensado a deixa molhada. Uma sensação de estar comen...

- Você não vai atender? - ele interrompe meus desvaneios.

- Hum... - tento falar com a boca cheia, espero, mastigo bem, em seguida tomo um gole de suco - Claro!

Levanto-me e vou até a bolsa, pego o celular e desbloqueio, Maeve. Reviro os olhos automaticamente. Passo os olhos por ele rapidamente, que continua mastigando olhando para baixo. Não diria que está tenso, mas não está como estava na cama há alguns minutos atrás.

- Atende! - ele afirma.

- Quê? Não! É Val. - minto.

- Então atende. - sinto sua rispidez voltar em questões de segundos.

- Eu respondo ela depois. - bloqueio o celular.

- EU MANDEI ATENDER CARALHO!

Vejo a bancada partir ao meio com o braço dele no meio. Automaticamente, dou um pulo, vejo as coisas estraçalharem no chão. Desbloquei rapidamente com o dedo.

- Oi? - respondo tentando parecer calma, mas meu coração se acelera tanto que sinto que vou infartar.

- Oi? - sua voz é apreensiva - O que você está fazendo aí? - ela indaga - Você está bem?

Olho para ele que me encara por alguns segundos rindo, ele passa por mim rapidamente esbarrando em mim. Viro para trás e o vejo sumir indo para o quarto.

- Nicole? Ei? Alô? - questiona - Nicole? Nicole?

- Eu preciso de um Uber. - respondo tentando conter as lágrimas - Por favor.

- Okay! Fica aí, vamos te buscar. Ele está aí?

- Não! - respondo limpando as lágrimas que escorrem pelo meu rosto.

- Tudo bem. Não sai daí, estamos indo.

***

Maeve e Val parecem se conhecer há tempos. Percebo uma certa intimidade entre elas. Mas não posso reclamar, elas respeitaram o meu silêncio e aceitaram não me torturar com questionamentos óbvios.

Entro no quarto e tranco a porta. Escuto as batidas. Ignoro.

- Ei, você está bem? Quer alguma coisa? Um chá? - Val indaga.

- Quero ficar sozinha. - exclamo.

- Tudo bem, se precisar conversar.

Ouços seus passos e alguns cochichos. Reviro os olhos, olho pela janela e vejo um outdoor sendo colocado mais a frente. Fecho a janela com força e em seguida as cortinas. Quer saber? Ele não pode fazer isso? Ele não pode foder comigo como se fosse um leão faminto e depois me escurraçar como se eu fosse a carcaça que ele não precisa mais?! Eu o priorizei ontem, eu fiquei por ele, eu queria entender o lado dele, eu vi o que fizeram com ele e...

Levanto da cama, destranco a porta e vou até as meninas, Maeve está sentada no sofá, Val está do lado dela, as duas estão próximas, próximas demais...

- Estou interrompendo algo? - questiono chegando de mansinho.

- Não! - Maeve levanta rapidamente - Na verdade, eu já estava indo.

- Não! Eu mudei de ideia, - digo me aproximando dela - Eu vi uns prontuários lá na casa... Na casa dele. Está em uma gaveta de cuecas, acho que podemos usar. Se o mundo souber que ele foi criado em um laboratório e que ele não é esse ser que acreditam que ele seja, podemos exterminá-lo.

Os olhares delas se encontram, em questões de segundos me observam.

- Eu posso pegar se você quiser? - indago.

- Eu não acho uma boa idéia. - Val exclama - Você está com raiva e eu sei o que acontece quando você está com raiva. É melhor você se acalmar e por a cabeça no lugar, não sabemos do que esse cara é capaz.

- Eu sei. - Maeve afirma.

- Quer saber? Eu já estou morta mesmo. Chama o Bruto, a equipe dele, deêm um jeito de pegar o prontuário e o resto eu faço.

- Vamos com calma e pensar sobre isso, né? - vejo Val encarar Maeve de uma forma bem intimidadora - Pra ninguém se machucar.

- É, ela está certa. Vamos com calma.

- Vocês que sabem.

Viro de costas e sigo para o quarto.

Devil Side - HomelanderOnde histórias criam vida. Descubra agora