Capítulo 20

1.3K 139 64
                                    

Fui ignorada o dia todo, o por quê? Não me pergunte, eu não faço a mínima ideia. Confesso que me questionei, vai ser sempre assim? Vai me foder como uma vadia e depois vai fingir que eu não existo? Por que se for assim, poderia me avisar antes, para eu me preparar psicológicamente e sexualmente.

Espero meu Uber no térreo, não coloquei até o apartamento, preciso passar no mercado e comprar algumas coisas, não sei se a Val pegou, não sei se está em casa e não estamos nos falando. Até que trabalhar na Vought não foi tão ruim, okay, retiro o que eu disse, foi péssimo, mas eles me pagaram adiantando, óbvio que passou na minha cabeça que foi a maneira do Edgar me subornar, mas porque ele me subornaria se ele me ameaçou gentilmente? Eis a questão. Confiro a placa, o carro estaciona, é esse mesmo. Cumprimento o motorista e sento-me no banco de trás. Lá vamos nós.

***

19h45min, o moço era simpático, até demais, não calou a boca um segundo, mas não reclamei, eu também falo bastante, assim como penso também. Conversamos sobre minha nacionalidade, a maldita reportagem do tal terrorista e sobre os Supers, eu imaginava que as pessoas eram obcecadas por eles, mas não tanto. Depois o agradeci e desci para fazer minhas compras, que aliás está sendo um inferno, as pessoas estão fazendo estoque de alimentos, produtos higiênicos por causa da explosão na ponte. Pessoal, relaxem, não estamos em 2019 na época do covid, deixem produtos para outras pessoas.

Penso, mas não digo nada. Reviro meu globo ocular com tanta força quando vejo uma mulher com cinco embalagens de doze papéis higiênico em um carrinho. O que é isso? O fim do mundo?

- A raça humana é a pior de todas.

Olho para trás, Nolan, com um carrinho cheio de frutas, papéis toalhas e adivinha? Papéis higiênicos.

- Uhum! - respondo olhando para seu carrinho.

- Não! Isso é pra loja, faltou algumas coisas e os entregadores não irão entregar no prazo certo depois da explosão na ponte. Tivemos que improvisar.

- Tá bom! - confirmo.

- Eu conheço aquela mulher - ele inclina pra frente no carrinho, falando baixinho como se fosse fazer fofoca - ela é meio neurótica com algumas coisas, tem que ver bizarro.

- Ela é bizarra. - afirmo, ele sorri logo em seguida.

- Então, resolveu teu imprevisto? - droga, tinha esquecido que menti para ele - Isso é um crachá da Vought? - ele aponta para o meu crachá que está quase caindo bolso externo da bolsa - Você trabalha na Vought?

- É, na verdade, eu comecei hoje, é uma história complicada. - e eu não posso falar demais.

- Você foi sobrevivente de uma chacina e agora trabalha na Vought, isso que eu chamo de plot twist. - ele afirma assentindo que é minha vez de passar no caixa.

- Pois então. - afirmo colocando algumas coisas no caixa, ele para do meu lado e vai me alcançando as coisas. - Obrigado!

- Você vai como pra casa? Eu tô de carro, posso te dar uma carona se quiser.

- Clar...

Alguns homens encapuzados de preto entram no mercado, suas armas são enormes, eles cercam os caixas, alertam que é um assalto, um deles avisa que ninguém vai se machucar, Nolan coloca a mão no meu ombro empurrando-me para baixo, ficamos agaixados na mesma altura, ele me encara, não parece assustado, só obdece o que os homens ordenam. Vejo que eles só limpam os caixas, são doze ao total, estão no quarto. Meu Deus, faltam mais oito ainda. Espero que ninguém faça nenhuma besteira.

Devil Side - HomelanderOnde histórias criam vida. Descubra agora