Capítulo 22

1.2K 138 31
                                    

Entro na sala, as pessoas estão reclamando de frio, alguns de casacos, outros tremendo. Como assim? Largo minha bolsa em minha mesa, Ashley entra na sala, seus olhos se arregalam rapidamente.

- Meu Deus do céu! Que frio é esse? Quem mexeu no ar? - ela arranca o controle da mão de Michael, nosso colega mais lerdo, diria assim - Me dá essa merda aqui.

Ela futrica quinhentas vezes e nada. Seus olhos correm para mim que estou de manta, finjo que não vi, posso dizer que eu já estava sentindo frio antes e sai para comprar uma manta. Algumas pessoas passam pelo corredor, a maioria de blazer, Ashley passa por nós rapidamente, antes de chegar a porta, seu grito quase me faz perder a audição.

- O QUE DEU NO AR-CONDICIONADO DESSA SALA? EU QUERO UM TÉCNICO AGORA!!

Meu Deus, que mulherzinha insuportável. Caminho até o banheiro, entro e tranco a porta, retiro a manta para ver meu pescoço, merda! Hematomas em tom de azuis, roxos e verdes escuros o cercam, passo o dedo para ver, cutuco com o dedo indicador, ai. Droga!

Enrolo exatamente do jeito que estava, arrumo meu suéter, confesso que fui salvar por ele. Tenho a mania de nunca sair sem algo de inverno, moletom, suéter, casaco o que for. Nunca se sabe quando vai ficar frio ou quando se vai precisar.

***

18h38min, Val não está, novidade, depois desse seu rolo com a Maeve, eu mal a vejo. Melhor para mim, retiro a manta e jogo no sofá junto com a bolsa. Vou para o armário, pego um pacote de Doritos e em seguida pego um suco de caixinha na geladeira. Vou para o quarto, sento-me na cama, repasso todo o acontecimento de hoje, eu deveria saber que ele tinha esse lado sombrio, na verdade, eu sabia, mas quis ignorar. Eu deveria ter dito que ele podia confiar em mim, mas atitudes não dizem mais que palavras? E tudo que eu fiz? Foi o quê?

Encho a mão de salgadinho o coloco na boca, mastigo com raiva de mim mesmo por ter sido tão idiota. Bebo todo o suco em uma golada só. Levanto-me rápido, retiro minhas duas malas de cima do roupeiro, abri o roupeiro e começo a dobrar de qualquer jeito e por na primeira mala rosa que está aberta em minha frente, sinto que meus olhos querem lácrimejar, mas seguro o máximo que posso. Val me avisou e eu ignorei, devo pedir desculpas para ela por ser tão boba, mas ao mesmo tempo não posso dar esse gostinho a Maeve e companhia.

Retiro as fotos do quadro, minhas lembracinhas e enfeites e só jogo no bolso da mala. Abro as gavetas e jogo tudo na cama, documentos, passaporte o que vejo já separo e deixo em cima da cabeceira, coloco meu notebook na sua capinha, assim como alguns papéis que eu nem sei o porque guardo.

Depois de organizar algumas coisas, separo os sapatos, separo algumas coisas em sacolas de lixo preto, sei que não vou precisar, talvez eu compre tudo de volta quando estiver em casa. Honestamente, nem sei porque trouxe tanta coisa, não sei porque comprei tanta coisa.

Pego meu roupão e uma toalha para os cabelos, vou até o banheiro, ligo o chuveiro no gelado, por mais que eu odeie, dizem que ajuda a diminuir os hematomas. Retiro a roupa o mais rápido possível atirando em qualquer parte, entro. A água é gelada o suficiente para querer me fazer gritar, um arrepio escorre pelo meu corpo ,a deixo escorrer, a sensação não é boa. Sinto vontade de gritar, de socar a parede, mas me mantenho firme, lavo-me como de costume, deixando o cabelo por último como sempre. Depois de limpa, enrolo-me no roupão e seco os cabelos porcamente,os enrolando na toalha de qualquer jeito. Ouço meu celular tocar, vou para o quarto. O pego, um número desconhecido, não atendo.

- O que você está fazendo aqui? - o vejo parado na porta.

- Vim conferir como você está.

Devil Side - HomelanderOnde histórias criam vida. Descubra agora