Capítulo 24

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- Quem é Elena? - indago enquanto passo manteiga nas nossas torradas.

- É a antiga Val, Maeve mantinha um relacionamento as escondidas com ela. - ele ajeita sua toalha, não consigo não focar em seu peito formoso com alguns pêlos descendo pelo toráx até chegar na sua região inguinal. É incrível como nós nos submetemos as certas coisas por um corpo gostoso. - Até eu descobrir tudo.

Finjo que não estava reparando em seu corpo e confirmo com a cabeça, ele ajeita a toalha, olho novamente, seus olhos fixam nos meus, ele sorri, de uma forma diferente, mas sorri. Dou de ombros e continuo a fazer o que estava fazendo.

- Quer leite? - indago.

- Não! - uma expressão de nojo estampa seu rosto. - Suco, por favor.

Nossa, alguém é educado quando quer. Ele liga a TV e fica trocando de canal, não sei exatamente o porque se toda programação envolve a Vought. Ele troca, troca, troca e deixa em uma espécie de G1, onde uma moça negra de pele retinta fala sobre os eventos da semana. Seus olhos estão impregnados na notícia, confesso não prestar atenção. Ele assenti com a cabeça como se não estivesse acreditando. Seus olhos correm em direção a mim.

- Previsível. - alcanço para ele o copo e seu prato com torradas, ele os pega e nem senta para comer, de boca cheia começa a falar - Hummmm... Mudança de planos - ele bebe todo o líquido do copo em uma golada só - Você trouxe vestido?

- Não! - respondo pegando seu copo e colocando na pia - Eu não costumo usar vestido.

- Bom, hoje você vai usar.

Vou atrás dele que está colocando o traje, o percebo calmo, ele ajeita o pescoço, penteia o cabelo para trás como o natural, ajeita a capa e vai até o banheiro.

- Então, é... Eu não quero ser chata, mas eu acho que houve uma mudança de planos e você não me informou.

Ele escova os dentes, seus olhos ladeados correm em direção a mim, provavelmente, o irritei. Vejo seu olhar interrupto me observando. Ele cospe o líquido da sua boca na pia, em seguida se enxágua, seca a boca na toalha, vejo que ele dá uma respirada longa, é eu o irritei.

- Você vai comigo no evento da Vought. - ele passa por mim como um vulto que eu mal vejo.

- O quê? Por quê? - ingado nervosa, como assim? - Olha, nós sabemos que o Edgar sabe sobre isso aqui - aponto de mim para ele - mas é uma péssima ideia... Eu chegar em um evento da Vought com você e outra, nós nem estamos juntos.

Ele joga a cabeça de lado, vejo sua testa franzir e suas sobrancelhas abaixarem, sua língua passa rapidamente pelos seus minúsculos lábios. Ele pega suas luvas de cima da cama e as coloca, em silêncio, não tento concertar o que falei, se eu tentar concertar, pode piorar e se eu afirmar novamente, posso não sair viva daqui.

- Mais um motivo para você ir comigo. - ele debocha - Deixa que eu cuido disso pra você. - ele se aproxima colocando as mãos nos meus ombros - Eu tenho que resolver umas coisinhas agora, mas não esquece do que eu te pedi e nos vemos depois.

Um selinho é arrancado dos meus lábios. O vejo ir até a porta e voar como de costumo, é como se ele impulsionasse o corpo para frente, tipo um pulo, suas mãos formam um "x" na frente e em questões de milésimos, não o vejo mais.

Volto para dentro, largo as coisas na pia, a manteiga e os frios na geladeira, lavo rapidinho o que tem que ser lavado, desligo a TV e vou para o quarto. Vejo a caixinha em cima da cabeceira, não a abro, ela é preta com cinza, parece delicada, mas não é. Vou até a porta do banheiro, volto, uma curiosidade imensa me pede para abrir a tal caixa. Vou até ela com cuidado, retiro a tampa, é como se fosse um o.b minúsculo, prateado. O coloco de volta com cuidado, fecho a tampa e coloco na bolsa.

Confesso que estou um pouco confusa, se a Vought cair, Jonh também cai, mas ele não me parece preocupado com os prontuários e a maldita ideia de quem sabe eles serem expostos por aí. Eu deveria queimar essa porcaria. Abro a gaveta, empurro as meias e cuecas de um lado para o outro. Não encontro nada. Fecho e vou para próxima gaveta, reviro novamente, nada.

Mais que merda.

***

08h42min, desço do elevador atrasada, estão todos na sala, incluindo Ashley que me fuzila com seus olhos enormes. Passo por ela e me sento, ela exclama um "continuando" bem lento e começa a explicar novamente o que dizia antes. Abro minha bolsa, ligo o computador, retiro a agenda, meu celular o coloco no silêncioso.

Um silêncio ecoa pela sala, volto a olhar para ela que me encara por eu estar mexendo celular. Af. Dou um sorrisinho disfarçado e o guardo. Depois de ideias malucas para o Black Lives Matter, damos uma pausa. Honestamente, não faço ideia do porque ainda estou aqui, mas tento me manter firme. Ashley senta ao meu lado, a mesma espera algum planejamento maravilhoso que inclua o Trem Bala como protagonista, que rídiculo.

Ela se aproxima de mim, sua voz é baixinha, como se fosse me contar um segredo.

- Não é porque você está dando para o Capitão Pátria que pode chegar a hora que quiser aqui mocinha. Eu ainda estou no controle.

Sua respiração sai de perto do meu pescoço. Ela sorri descaradamente.

- Ah! Não esquece que você fica até mais tarde comigo hoje. - ela volta a virar para frente - Vamos pessoal, vamos. Eu quero ideias, planejamento, marketing. Eu quero produtividade.

Juro por Deus que se eu pudesse, dava um soco na boca dela. E eu sei que não vou ficar mais tarde porque ela quer e sim porque ela certamente irá cuidar da minha vestimenta para esse tal evento. Por um minuto, gostaria de ligar para Val e contar o que anda acontecendo, mas estamos de lado opostas nessa história.

Tento ignorar o fato de ter que colocar um rastreador na bolsa dela e de que muitas coisas podem acontecer se não cumprir com o plano de Jonh, não que eu esteja com medo, mas acho que já escolhi um lado e está meio óbvio o porque.

***

13h34min, estou sentada na mesa concentrada comendo meu lanche. O vejo passar pelo corredor, ele abre a porta e entra.

- E aí, que cor vai usar hoje? - ele ingada sentando no sofá com as pernas e braços abertos.

- Isso é uma péssima ideia - limpo a boca com o guardanapo - Tem certeza que você quer fazer isso?

Ele balança a cabeça como de sempre, nunca sei sei é quando está sendo irônico, se é negativo, positivo, se é porque está feliz, porque aprontou, o movimento sempre vem acompanhado de uma surpresa diferente.

- Sim! - ele responde se ajeitando na cadeira, algumas pessoas passam, olham para dentro da sala, abaixo a cabeça e finjo que não ligo. - Ignora essa gente. Hoje nós vamos aproveitar.

- Imagino. - enfio algumas batatas fritas na boca, ela se levanta, pega algumas e senta de novo, mastiga sorridente olhando para fora. - Posso te fazer uma pergunta? - não deveria, mas vou - Por que você - passo a mão na frente do pescoço - o Nolan? E cadê os prontuários que estavam na sua gaveta?

Ele levanta os dois dedos afirmando que eu não fiz uma pergunta só e eu sei disso.

- Qual delas? - ele indaga.

- Que?

- Você perguntou se podia fazer uma pergunta e não duas.

Reviro os olhos. Sério isso?

- Eu acho que você tem que relaxar e parar de me fazer perguntas, tá?

Ele dá uma piscadinha, dá as costas e sai da sala.

Devil Side - HomelanderOnde histórias criam vida. Descubra agora