II. Escombros

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Ainda é relativamente escuro, os primeiros raios solares surgem no horizonte, transformando o preto em azul. O brilho flamejante da capital esgotou-se, uma vez que toda a cidade se transformou em cinzas. Além disso, as marcas das festas ainda podem ser vistas nas ruas da periferia, com alguns bêbados ainda perambulando, no entanto, a grande maioria já se dispersou para o que restou de suas casas.

A luz do sol erradia por uma velha janela de um simples quarto, seu interior é composto por móveis simples como: um armário mofado e uma cama de palha seca. Sobre o colchão, alguém dorme totalmente coberto por um lençol, com apenas seus cabelos vermelhos sendo visíveis.

Despertado pela luminosidade, o homem levanta metade do seu corpo, revelando, dessa forma, sua identidade, é o Wem. O mesmo não aparenta ter sono, haja vista a rapidez que abandona a simples cama de palha.

Nesse momento, ele não veste nenhum daqueles inúmeros casacos, usa apenas uma camisa cinza comum. Devido a isso, é nítido a musculatura desenvolvida em seu corpo, todavia, o que mais se destaca é o seu braço direito, formado por inúmeros cristais de sangue, os mesmos da noite anterior.

Não há indícios que existe algo por baixo da camada brilhosa, porém, as joias peculiares não parecem dificultar o movimento do membro por conseguir limpar facilmente os seus olhos com a mão tão rígida.

Wem caminha em direção da janela e vê a paisagem devastada, ele não esboça reação. Na verdade, no meio de toda ruína, o que mais parece chamar a sua atenção são as folhas avermelhadas prestes a cair de uma árvore, o inverno está chegando.

Ao se virar, o brutamontes caminha até o guarda-roupa mofado e empoeirado e abre a sua porta. Seus diversos casacos estão amarrotados lá dentro e, após um olhar, ele começa a vesti-los. Entretanto, as peças não têm o tamanho colossal daquele homem, por isso, a maioria deles cabe somente em um dos braços, talvez tenha sido essa a razão de tantos tecidos, o cobrir totalmente pela quantidade.

Quando está totalmente irreconhecível, Wem parte para a porta enferrujada e a abre, dando de cara com um estreito corredor. Nele, há poucas portas, todas com um número mal pintado.

Ele caminha até a porta de número 3 e dá leves toques a fim de acordar quem está lá dentro. Ao esperar alguns segundos sem resposta, ele bate mais forte, mas só consegue ouvir o roncar de alguém. Assim, ele observa a maçaneta no local, a pessoa nem se deu ao trabalho de trancar a entrada.

Sem hesitar, Wem adentra no quarto semelhante ao seu, a única diferença é um pequeno vaso com uma flor morta perto da janela. Sobre a cama, uma pessoa dorme de forma totalmente desengonçada, a coberta só esconde um dos pés, pois se encontra pendura fora da cama por este membro. Além disso, a cabeça está perto da borda do colchão, desse modo, a baba escorre por todo o rosto da jovem, porque ela está de cabeça para baixo e inclinada para fora da cama. Obviamente, a pessoa que dorme de forma tão confusa é Aurora, que também é responsável pelo ronco.

Chegando na beira da cama, ele a encara por alguns segundos como se esperasse alguma reação, mas a jovem só continua a roncar. Após um suspiro, Wem caminha até a janela e observa a mesma visão que teve em seu quarto, ele parece avaliar o movimento pelas ruas.

— Aurora. — Wem resmunga enquanto volta a observar a jovem.

A adormecida começa a despertar, suas mãos vão até seus olhos para esfregá-los e sua boca se abre para o sair de um grande bocejo. Quando suas pupilas se adaptam à luminosidade do ambiente, a jovem nota rapidamente a porta aberta de seu quarto, todavia, a mesma não liga muito para esse fato, talvez continue com muito sono.

O espreguiçar de seu corpo define que ela está desperta, pois Aurora levanta metade do seu corpo cansado. Nesse momento, ela nota finalmente a presença de um homem gigante, seu novo companheiro, Wem.

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